Tonhão teve incrível química com torcida e quase causou greve das padarias
Longe, muito longe de ser um craque, Tonhão comove por sua partida precoce, aos 55 anos, pela lembrança de um jogador que fez história mais pelo carisma do que pela qualidade. Os cabelos esvoaçantes, os desarmes duros e os chutes fortes para a linha lateral, para não correr risco, causaram inexplicável sintonia com as arquibancadas, que tinham motivos de sobra para se encantar com a técnica de Edmundo, Evair, Antônio Carlos, Mazinho, Zinho, Edílson e Roberto Carlos.
O titular daquele time campeão de 1993 era Edinho Baiano, ausente por lesão das duas finais contra o Corinthians. Tonhão era mais querido pela torcida do que Alexandre Rosa, errava pouco, não corria riscos.
A torcida o recebia com o canto: "Tonhão, Tonhão —-, Tonhão, Tonhão, Tonhão!" Ritmado, dois pra lá, três pra cá... E ele era o camisa quatro.
O ápice, ou a maior confusão de sua carreira, aconteceu depois de uma vitória por 3 x 0 do Palmeiras sobre a Portuguesa, em 1995. Irritado com os torcedores da Lusa, que apedrejaram seu carro no estacionamento do Canindé, no primeiro turno, Tonhão apanhou a camisa rubro-verde, limpou suas chuteiras, atirou-a ao chão e pisou.
O furor da Portuguesa, como instituição, se espalhou pela cidade, de modo a que o diretor de futebol, Luís Iaúca, proprietário de dez padarias, propusesse o boicote das panificadoras aos produtos da Parmalat, patrocinadora palmeirense. O vice-presidente de futebol do Palmeiras, Serafim Del Grande, diplomático, pediu uma providência da Parmalat. O assunto morreu mesmo ao se ouvir o presidente do sindicato dos panificadores, Francisco Pereira de Souza Filho. Propôs panos quentes. Era palmeirense.
Também gritava o nome de Tonhão nas arquibancadas do Parque Antarctica.
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