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Libertadores e Sul-Americana vivem emergência, e Brasil é parte do problema

As respostas da Confederação Sul-Americana de futebol são mais silenciosas do que lentas. Algumas precisam ser por escrito. Um email foi enviado por este blog à diretoria de comunicação da entidade pedindo explicações sobre quatro temas:

1. o Cruzeiro será punido pelos sinalizadores, que causaram atraso no início do jogo contra o Lanús e interrupção de sete minutos no segundo tempo?

2. O Botafogo pode ser multado pela violência denunciada pelo Peñarol? Haverá investigação para saber se o ônibus do Peñarol foi, de fato apedrejado?

3. O Peñarol pode ser multado pela violência de seus torcedores e há intenção de fazer reunião com o governo do Estado do Rio para entender por que são tão recorrentes as brigas entre torcidas uruguaias x brasileiras, argentinas x brasileiras?

4. Há possibilidade de mudança de sede da final, do Monumental de Nuñez para outro estádio?

Para a última pergunta, a resposta aparente é: não. A Conmebol anunciou em fevereiro que a finalíssima aconteceria em Buenos Aires e esperou a definição dos semifinalistas para avisar que o estádio escolhido seria o Monumental de Nuñez. Havia o receio de passar pelo vexame da Copa Sul-Americana de 2023, que mudou de Montevidéu para Maldonado a 43 dias da decisão.

As semifinais apontavam Corinthians x Fortaleza, Defensa y Justicia x LDU, apenas um clube com possibilidade de encher seu setor no Centenário, o Corinthians. A mudança foi anunciada antes das semifinais se iniciarem. Desta vez, a Conmebol esperou a definição de quatro grandes clubes nas semifinais da Libertadores, para informar que a decisão será no Monumental. Aguardou as semifinais justamente para não correr riscos. Em teoria, não muda.

As outras três perguntas exigem respostas rápidas. Há uma crise de violência, que não se resolverá com reuniões. Especialmente porque houve um congresso recente na Conmebol e presidentes de clubes como Cruzeiro, Botafogo e Atlético Mineiro não compareceram. Enviaram representantes.

O Cruzeiro será multado pelo atraso dos sinalizadores. É certeiro! Só esperar pelo valor da multa.

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O caso de Botafogo x Peñarol é mais complexo. Houve falhas dos dois lados, prováveis punições para os dois clubes.

Mas as reclamações do Peñarol exigem reflexão e trabalho. Desde 2019, houve quatro grandes episódios de violência no Rio, ligados à negligência do poder público, não dos clubes nem da Conmebol. As brigas entre torcedores de Peñarol e Flamengo em Copacabana, 2019, Fluminense x Boca Juniors, 2023, Flamengo x Peñarol e Botafogo x Peñarol em 2024.

Copacabana, Praia da Macumba, Recreio dos Bandeirantes... O Secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, já admitiu falha de planejamento na recepção e monitoramento dos torcedores do Peñarol. A Conmebol precisa discutir o assunto. Não é possível que a cada clássico sul-americano existam problemas de violência no Rio.

Não é exclusividade do Estado do Rio de Janeiro, como mostraram as agressões a torcedores do River Plate em Divinópolis, Minas Gerais. Há uma crise, exige medidas de emergência e pronunciamentos sobre como será o combate. Neste ponto entra a responsabilidade da Conmebol. Não basta colocar a culpa no poder público. É preciso dar a cara e falar sobre como a Libertadores e a Copa Sul-Americana vão proteger o futebol e a sociedade da violência.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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