Violência de torcida só acabará com prisões e asfixia financeira de facções
O Ministério Público de Minas Gerais pede a exclusão da Mancha Alvi-Verde por dois anos, em todo o território nacional. Se isso significar apenas a exclusão de uniformes e adereços da facção, será mais uma obra de ficção da Justiça brasileira. Só prisões de assassinos e asfixia financeira das torcidas uniformizadas acabará com os crimes e a violência das gangues disfarçadas de torcedores.
O primeiro passo foi dado com o pedido de prisão de seis pessoas ligadas à Mancha, depois da emboscada contra a Máfia Azul, com um morto e 17 feridos. O presidente da facção, Jorge Luiz Sampaio Santos, teve a prisão decretada. Logicamente, será investigado e condenado, se houver comprovação de que cometeu ou planejou o ataque.
A sensação de impunidade persiste, mesmo com notícias de torcedores presos, de Adalberto dos Santos, condenado a doze anos pelo assassinato de Márcio Gasparin, em 1995, até Jonathan Messias, preso no ano passado, acusado pelo homicídio de Gabriela Anelli, há um ano, na rua Padre Antônio Tomaz, atrás do Allianz Parque.
Só as prisões seguidas e as notícias de que participantes de rixas ou homicídios seguem presos poderá diminuir a sensação de impunidade, que segue na sociedade. Se alguém da Máfia Azul estivesse preso pela emboscada de setembro de 2022, não haveria o contra-ataque da Mancha. Se ninguém da Mancha for preso, haverá o revide do revide, e assim sucessivamente.
O outro ponto é asfixiar as torcidas financeiramente. Seis meses depois da Batalha do Pacaembu, em que Márcio Gasparin foi morto com uma paulada na cabeça na Supercopa São Paulo de Juniores, a revista Placar associou um de seus repórteres (eu) à Torcida Independente. A Polícia Militar anunciava a exclusão das uniformizadas, mas elas seguiam arrecadando com taxas de inscrição e vendas de camisas e bandeiras. Os torcedores de Mancha Verde, Independente, Gaviões e Jovem sentavam-se nos mesmos lugares dos estádios, entoavam os mesmos cantos, arrecadavam o mesmo dinheiro.
Mais tarde, a Mancha Verde mudou seu nome para Mancha Alvi-Verde. Muda o CNPJ, mas não o problema. Só vai acabar com prisões e asfixia financeira
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