Astúcia de boas perguntas foge das entrevistas dos técnicos e das apostas
O caso Bruno Henrique exige poucas perguntas e muitas respostas. Várias virão das apurações. Algum de seus parentes apostou que Bruno Henrique receberia cartão amarelo e/ou vermelho? Bruno Henrique não tem responsabilidade pelo fato de mais de 90% dos apostadores em Flamengo x Santos terem cravado que receberia cartão. A não ser que fizesse parte de alguma combinação.
"Você sabia que seu irmão, seu primo e sua prima são apostadores?" A pergunta óbvia é essa. A resposta talvez seja: "Eles não apostam." Mas esta resposta só será válida se for verdade. O risco de mentir, claro, é ser descoberto.
Bruno Henrique é inocente, a não ser que se prove o contrário. Para provar, as perguntas devem ser feitas pelas autoridades e também pelos jornalistas.
Acontece que isto não tem acontecido. Há 40 dias, o Uol descobriu depósito feito na conta do ponta Luiz Henrique, do Botafogo. Por duas vezes, Luiz Henrique ficou frente a frente com jornalistas. Numa, a pergunta foi ingênua e a resposta, evasiva: "Não, não tenho nada com apostas, não!"
Ora, a pergunta é outra. "Luiz, há um comprovante da devolução de um empréstimo de R$ 40 mil para a sua conta. Você tem o comprovante da saída desse dinheiro da sua conta corrente, um comprovante do empréstimo que o tio de Paquetá diz que você fez?"
O jogador é inocente até que se prove o contrário. Pode perfeitamente dizer que deu R$ 40 mil num envelope sem pedir recibo. À Justiça caberá pedir quebra do sigilo bancário ou acreditar na versão.
A crise brasileira é grave e atinge também a nós, jornalistas. Na entrevista coletiva com Abel Ferreira, o repórter disse haver nove dias de folga entre o empate contra o Fortaleza e a derrota para o Corinthians. De folga, foram dois dias, não nove. Seria justo questionar Abel sobre a razão de não vencer depois de sete dias de treinos. Não depois de nove dias de folga. Não houve..
Perguntas bem feitas exigem respostas pensadas. Não é inquisição. É entrevista.
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