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CBF tem onda de demissões, e semana pode terminar com golpe no estatuto

Ednaldo Rodrigues assinou convocação de Assembleia Geral Extraordinária da CBF para a próxima sexta-feira, dia 8. O envio do documento é datado de 31 de outubro, quinta-feira da semana passada. Pede confirmação até terça-feira, dia 5, não detalha a pauta e causou estranheza em 25 entre os 26 presidentes de federações estaduais.

Especula-se mudança do estatuto para evitar discussões sobre sua possível reeleição. Mas como mudar o estatuto, se o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que permitiu sua eleição apoiou-se justamente numa adequação estatutária está sub judice?

Somente o que se apelida "núcleo duro" de Ednaldo tem ciência dos assuntos a serem tratados. Há hipóteses. A principal delas, de mexer com o estatuto, para evitar discussões como a que houve no Comitê Olímpico do Brasil.

Paulo Wanderley candidatou-se à reeleição após ter concluído um mandato de Carlos Artur Nuzman e concorreu ao que seria o terceiro mandato no último dia 3 de outubro.

O terceiro mandato é vedado pela Lei Pelé. Paulo Wanderley perdeu a eleição, mas concorreu sob o argumento de que disputaria sua primeira reeleição, já que antes atuou num mandato tampão após a renúncia de Nuzman.

Ednaldo tem situação semelhante. Assumiu como vice-presidente, após a queda de Rogério Caboclo. Candidatou-se e elegeu-se em abril de 2022 para quatro anos de exercício.

Diferentemente do COB, a CBF não recebe verba pública, mas discutir o estatuto parece golpe, porque Ednaldo está no cargo pendurado por uma liminar assinada pelo ministro do STF Gilmar Mendes, fundador do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), sócio da CBF Academy. Também há uma interpretação de que contratos existentes com o Canal Brasil configura recebimento de verba pública.

Diferentemente do passado, hoje a CBF recebe dinheiro público.

A liminar mantém Ednaldo na presidência até que seja julgada decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que invalidou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que permitia eleição de Ednaldo Rodrigues justamente por uma adequação estatutária. Ora, se a reforma estatutária está sub judice, como se poderá fazer outra?

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A CBF convidou presidentes de clubes e federações para assistirem a Brasil x Peru, em Brasília, no mês passado. Também pediu assinaturas de apoio a Ednaldo Rodrigues, o que na prática não tem relevância. Alguém pode prometer apoio à reeleição de Ednaldo e, no processo eleitoral, mudar de lado.

Os presidentes de Federação reagiram com surpresa à convocação da Assembleia Extraordinária. Ninguém tem entendido os movimentos da CBF, e a gestão não é vista como saudável.

Porque há descuido com agendas de viagens de seleções de base, masculinas e femininas, maus resultados em campeonatos mundiais e continentais, má campanha nas eliminatórias, a única exceção é a medalha de prata feminina nas Olimpíadas. Mas o masculino não conseguiu nem sequer a classificação para Paris 2024.

Também houve o vexame internacional do anúncio de Carlo Ancelotti e de sua permanência no Real Madrid.

Tudo isso permeado por onda de demissões no prédio da Barra da Tijuca na semana passada. Foram dispensados funcionários do setor administrativo, da assessoria de imprensa e outros ligados ao IDP, dentro da CBF. Também não parece bom, atualmente, o relacionamento com o chefe de gabinete, Hugo Teixeira, ex-diretor de operações do IDP. Ednaldo escolhe aliados e, pouco depois, desentende-se com eles.

Neste momento, a prioridade deveria ser a classificação para a Copa do Mundo masculina. Nesta semana, prioriza-se a Assembleia Geral Extraordinária, para possível adequação do estatuto.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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