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OpiniãoEsporte

Mercado do futebol inflacionado explica negociações irreais em dólar e euro

O Palmeiras confirma proposta de 18 milhões de euros ao Fulham, da Inglaterra. Isso significa R$ 116 milhões.

Pode ser diferente na segunda-feira, dependendo da cotação da moeda europeia. Na sexta-feira à noite, o euro fechou em R$ 6,46.

Era assim em janeiro de 1993, época em que a Parmalat fez, em três dias, duas das maiores contratações da história do Brasil. Viria Edílson ou Edmundo. Chegaram os dois. Edílson assinou contrato em 21 de janeiro por US$ 1,3 milhão pagos ao Guarani. Edmundo, dois dias depois, pelo valor recorde de US$ 1,8 milhão destinados ao Vasco.

Uma consulta ao acervo da Folha confirma: os jornais da época não informavam o valor em cruzeiros. No dia da assinatura do contrato de Edílson, o dólar valia Cr$ 14.592,00. Quando Edmundo chegou, já estava em Cr$ 14.948,00. Significa que Edílson custou Cr$ 12,9 bilhões e Edmundo saiu por Cr$ 27 bilhões.

Naquela época, o brasileiro de classe média relatava compra de carro, casa e telefone em dólar. Orçamentos de empresas eram em dólar. A moeda brasileira mudava de valor a cada dia.

"O Mercado", esse ser que sobrevoa o noticiário econômico, confunde "O Torcedor", este ser inanimado capaz de determinar vontades de dirigentes inábeis e produzir contratações fora do padrão.

Não existe "O Torcedor" e muito mais correto é se referir a "parte da torcida", quando um pedaço das arquibancadas vaia e uma legião maior ainda assiste pela tela da televisão.

A economia brasileira não pode ser, nem de longe, comparada à de janeiro de 1993. A inflação acumulada dos doze meses anteriores havia sido de 1158%. Superando o teto da meta, a inflação brasileira baterá 4,71%. Mas "O Mercado" fez o dólar e o euro explodirem a ponto de a bolha do futebol fazer cálculos em euros e haver dificuldade em tratar dos valores reais, em moeda nacional.

Em 1992, o recorde em uma transferência foi a compra de Gianluigi Lentini, pelo Milan, do Torino, por 18 bilhões de liras, equivalentes a US$ 23 milhões. Lembre-se de que o euro só entrou em circulação em 2001. O recorde atual é o pagamento de 222 milhões de euros pelo Paris Saint-Germain, para tirar Neymar do Barcelona.

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No Brasil, Almada custou ao Botafogo R$ 137 milhões, equivalentes a US$ 25 milhões em 6 de julho, data da confirmação do negócio. Hoje, os mesmos US$ 25 milhões significam R$ 154 milhões.

"O Mercado" confunde "O Torcedor."

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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