O tempo fez bem à Seleção de 2002
A conquista do penta resgata memórias imediatas, como ficou claro no sucesso da reexibição da Globo em um domingo sem futebol ao vivo. É realmente muito saboroso olhar para trás e lembrar os detalhes.
Onde estava em cada jogo, como viveu cada momento... Copa do Mundo é inigualável! Também é curioso notar como a construção da história não segue uma linha tão racional.
Ao somar Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo, a tendência é resgatar o brilhante auge de cada um e imaginar um futebol imparável que nunca existiu. Não naquela Copa, por mais que a volta por cima do Fenômeno tenha sido um fantástico episódio de superação.
O saudosismo em "aquele time sim era bom" ignora todas as dificuldades de um ciclo conturbado e de um grupo que chegou ao mundial com muito mais desconfiança do que otimismo.
Méritos para Felipão por ter criado um bom ambiente e por abrir o leque de opções ao buscar alternativas de última hora. Assim surgiram nomes importantes, como Gilberto Silva e Kléberson (provavelmente o melhor em campo na final). E méritos que também só são reconhecidos no fim, pois, caso contrário, Scolari ficaria marcado como o teimoso que não quis levar Romário.
Efeitos inevitáveis do resultado. Até por isso, talvez a confusão esteja na hora de valorizar as grandes histórias ali presentes.
Histórias que não alteram a análise de uma seleção marcada pela competitividade e pela capacidade de decisão dos jogadores ofensivos, mas não pelo espetáculo que os nomes soltos sugerem anos depois. É como olhar para o Kaká de 2002 e enxergar o nível do melhor do mundo de 2007.
Parte da magia da Copa do Mundo é escrever a história com recortes de um mês a cada quatro anos. A seleção brasileira de 2002 não foi um time convincente no ciclo (Argentina e França eram as potências do período e caíram na fase de grupos) e nunca despertou o encantamento que algumas memórias afetivas reproduzem. O olhar para a escalação, duas décadas depois, também não é o termômetro exato do que ela representava naquele momento.
Talvez tudo isso torne o título ainda mais especial. Uma recompensa a vários craques da geração. Uma conquista que não pode ser diminuída. Um envolvimento que talvez muitos brasileiros já não consigam encontrar nos tempos atuais.
São sensações que formam a memória positiva e que, de tão reproduzidas, ignoram o real contexto da época. O título eterniza e o tempo dá outra cara ao passado. Neste caso, o time de 2002 envelheceu bem, alavancado pela confusão temporal dos diferentes momentos em que as individualidades justificaram tamanho reconhecimento.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.