Afinal, o futebol do passado era melhor ou o jogo evoluiu?
É uma das discussões mais tradicionais e intermináveis. E há como argumentar para todos os lados.
Mas se as memórias são construídas pelas emoções vividas e cada geração naturalmente se identificará com um período, o que é melhor ou pior de forma mais concreta?
A técnica? A tática? O físico? Não isoladamente. "O passado tinha mais craques", uns dirão. "Mas o jogo era mais lento", alguém rebaterá.
O que há é a adaptação de todos os elementos integrados. O físico é o ponto de partida mais óbvio, já que a evolução do condicionamento é fato. O jogo ganhou mais atletas e isso traz impactos.
Com maior ocupação de espaço em menor tempo, cada ação precisa ser mais rápida. O talento se adapta e a técnica muda. Deixa de ser o gesto mais clássico e passa a ser a agilidade que o contexto permite.
A tática também é afetada pelo novo ritmo. O campo "diminui" e condiciona o resto, alterando exigências e entendimentos.
Para melhor? Para pior? Não é errado dizer que o jogo evolui, se o avanço físico permite diferentes execuções de ideias que são cíclicas. Tendências vêm e vão, como perguntas e respostas nada lineares para diferentes estratégias. É um constante embate entre soluções defensivas e ofensivas, ou entre caminhos físicos e técnicos.
Seria injusto olhar para o passado com os parâmetros atuais e vice-versa. Cada tempo tem seus craques, particularidades e histórias.
Regras também mudam. Como o fim do recuo ou a ampliação das substituições. Tudo se conecta em um simples ato de pressionar a saída de bola (maior fôlego, energia compensada pelo banco e necessidade de criar recursos técnicos ao não ter mais o goleiro como opção com as mãos).
Mais mecanizado? Pode ser. O esporte (não só o futebol) é cada vez mais detalhado, estudado globalmente e desafiador para os limites do corpo humano. Isso diminui a margem para os folclóricos personagens descompromissados. Mas o jogo segue sujeito a falhas e entregue ao aleatório, como sempre esteve.
Olhar para o passado sempre será um exercício fascinante. Cada capítulo merece ser devidamente valorizado, e nunca julgado fora de contexto. A tendência lógica é que o melhor futebol, como desempenho atlético, sempre seja o do futuro, com suas modificações, adaptações e evoluções.
Como jogo, o gosto já é subjetivo e toda época tem seu encanto. O principal é compreender as diferenças, driblar o saudosismo e aproveitar o presente antes que ele também se transforme em memória afetiva.
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