Liverpool 2005 e Chelsea 2012 eram mesmo europeus mais fracos nos mundiais?
Com as reprises das conquistas de São Paulo e Corinthians, a discussão voltou. Faz parte da rivalidade e da provocação. De forma saudável, é do jogo.
Mas é realmente possível comparar as equipes europeias? Os brasileiros deram sorte com os adversários que tiveram?
O que havia em comum era o título inesperado da Champions. O Liverpool conseguiu o "milagre de Istambul" diante de um Milan superior. Em uma temporada conturbada e distante dos melhores times da era Abramovich, o Chelsea se superou contra os favoritos Barcelona e Bayern.
A simples comparação entre escalações provavelmente ignorará o contexto. A saída de Di Matteo foi seguida pela polêmica contratação de Rafa Benítez, imediatamente rejeitado pela torcida.
O Chelsea que chegou ao Mundial era um time instável e distante do melhor nível. O Liverpool também não era um timaço memorável. Com a capacidade estratégica do auge de Rafa Benítez, ganhou competitividade nas copas. Correu riscos na fase de grupos da Champions, antes de eliminar Juventus e Chelsea em confrontos apertados.
O elenco campeão europeu foi quinto na Premier League 2004/05, com muitas derrotas para adversários intermediários. A arrancada de 2005/06 teve um salto no rendimento defensivo. Ainda foram muitos os tropeços, mas a defesa viraria uma marca, como em outros trabalhos do treinador espanhol.
É neste cenário que a equipe chega ao Mundial. Sete vitórias seguidas sem sofrer gol no Inglês. Números que aumentaram o respeito brasileiro. Não era uma das mais imponentes escalações do futebol europeu, mas estava embalada.
Feita a contextualização, a disparidade entre Europa e América do Sul se acentuou nas últimas duas décadas. E as muitas conquistas recentes de Barcelona e Real Madrid tornaram o título mundial ainda mais improvável para os brasileiros.
Bayern, Manchester United e Milan também estavam entre os mais fortes quando foram campeões continentais. Liverpool 2005 e Chelsea 2012 não carregavam tal status, ainda que não fossem zebras como o Porto 2004. Isso não diminui em nada cada conquista. Pelo contrário. Foram ainda mais especiais e memoráveis pelos roteiros inesperados.
Para os sul-americanos que os enfrentaram, nada disso passa de uma discussão tão palpitante quanto inútil. Afinal, não muda o mérito do campeão europeu ou o peso do título mundial dos ótimos times de São Paulo e Corinthians.
É natural que cada torcedor queira valorizar ao máximo sua conquista, o que gera eventuais exageros ao comparar e dimensionar os adversários. Não há qualquer demérito em constatar que foram mais acessíveis. E que, entre os dois, o momento do Liverpool era superior ao do Chelsea.
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