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Rafael Oliveira

Perfil e embalo da Atalanta transformam duelo com PSG no mais aguardado

Gian Piero Gasperini, técnico da Atalanta - Reprodução/Instagram
Gian Piero Gasperini, técnico da Atalanta Imagem: Reprodução/Instagram

10/07/2020 09h44

Muitos olhares no sorteio se voltaram ao PSG. Pela expectativa e pela cobrança em relação à ambição do título europeu, o caminho foi considerado favorável para o time francês.

É compreensível, até a página dois. De fato, o lado da chave não reúne campeões, o que deixa os concorrentes de maior peso do outro lado, apenas para uma eventual final. Mas isso não torna o caminho tranquilo.

A Atalanta é uma das sensações da temporada. O trabalho de Gasperini já é excelente há alguns anos, mas o sucesso em nível europeu aumentou a visibilidade. E mesmo lutando pelo vice-campeonato italiano e com o melhor ataque da Serie A, ainda é ignorado por alguns.

O time de Gasperini é uma máquina de fazer gols. São 85 marcados em 31 rodadas de Campeonato Italiano. Nove vitórias seguidas e 31 pontos conquistados dos últimos 33 disputados. Nas oitavas da Champions, foram oito gols marcados sobre o Valencia.

Até por isso, o choque de sistemas ofensivos promete. Evidentemente, é incomparável a qualidade individual entre os elencos. Mas isso não costuma assustar ou mudar os planos do time de Gasperini, que mantém seu estilo independentemente do adversário.

O sistema é baseado em encaixes longos e individuais de marcação, tentando sufocar a saída do adversário. Assim, o time não guarda um desenho tão bem definido sem a bola, mas tenta ser agressivo o bastante para recuperar a posse e trabalhar no campo de ataque.

Os três zagueiros definitivamente não representam uma proposta defensiva. São figuras frequentes nas triangulações ofensivas, inclusive. Assim como os alas são armas na tradicional jogada em que um cruza para a chegada do outro na segunda trave.

Papu Gómez é o símbolo. Baixinho e ágil, procura a bola o tempo todo e busca as triangulações, especialmente com Gosens na esquerda. O meio pode ter diferentes composições, com Pasalic aumentando a capacidade física para pressionar e atacar a área, enquanto Malinovskiy oferece o perfil de outro meia talentoso e criativo.

No ataque, Zapata, Muriel e Ilicic são três opções de características diferentes. Ilicic, autor dos quatro gols no 4x3 sobre o Valencia, teve um início de 2020 fantástico, mas ainda não retomou o nível na volta da parada. É o mais completo deles, podendo atuar como 9 móvel ou ao lado de outro atacante, o que permite que caia pela direita. O tamanho engana, pois é muito mais técnico do que trombador.

O mais fascinante da Atalanta é a percepção de que todas as peças são potencializadas pelo já consolidado estilo de jogo. Tanto que vários chegaram e saíram ao longo dos anos e a sensação foi sempre a mesma: quem sai tem dificuldades de manter o nível, enquanto quem chega e encaixa no modelo, mesmo sem status, acaba atingindo um nível superior ao esperado.

Estar entre os oito finalistas da Champions já é um enorme prêmio ao brilhante trabalho de Gasperini. A mudança de formato abre a possibilidade de sonhar ainda mais alto. Não resta dúvida de que a Atalanta vai competir e atacar com a coragem de sempre. O desafio será não ser castigada ao oferecer espaços e campo aberto para jogadores como Neymar, Mbappé e Di María.