Título do Real Madrid é resposta de Zidane e premia protagonismo de Benzema
Quando Zidane aceitou voltar ao Real Madrid, sabia que colocava parte de seu prestígio em jogo. O nome já estava na história. Pelo sucesso como jogador e pelos três títulos consecutivos de Champions como técnico. Mas o futebol muitas vezes tem memória curta.
Zidane tinha um desafio nas mãos. Resgatar um elenco vitorioso após um ano conturbado, já sem o mesmo gás de antes e com a lacuna deixada pela saída de Cristiano Ronaldo. O francês sabia que La Liga significava muito. Pelo termômetro dos pontos corridos e porque o Real Madrid sofreu no campeonato nacional ao longo da década. Foi campeão apenas com Mourinho em 2012 e com o próprio Zidane em 2017.
A primeira passagem deixou a imagem do time dos jogos grandes. Mas seria Zidane apenas um gestor de grupo? Um privilegiado por ter ótimos nomes nas mãos? O título de 2016/17 já havia mostrado que não, pois foi o período do melhor nível coletivo e também o de maior intervenção do treinador. Por rodar o elenco e por encontrar a alternativa tática em Isco como a ponta do losango, abrindo mão do consagrado trio BBC.
Em 2019/20, Zidane voltou a explorar mais o elenco. O título foi confirmado na décima vitória seguida em La Liga. Número que, por si só, já é notável. As atuações nem sempre foram convincentes e a temporada certamente não foi brilhante, mas a resposta para a regularidade dos pontos corridos foi dada.
E com detalhes importantes. Não foi apenas um rodízio de nomes. E sim de funções, formações e desenhos táticos. Zidane pode não ser visto como o estrategista, mas mostra cada vez mais sua flexibilidade para trabalhar com diferentes ideias no repertório. Não ter uma identidade definida não precisa ser um problema. Pode ser uma virtude.
A ausência de Cristiano Ronaldo nunca foi preenchida. Não tinha como ser simples. Mas Karim Benzema pode, enfim, comemorar um título como protagonista. Após anos facilitando e potencializando o nível de todos ao seu redor, o francês finalmente vive seu momento de justo reconhecimento.
Se o ataque ainda não produz tanto, não é por culpa de Benzema. É apesar do excelente papel desempenhado por ele, que ainda briga com Messi pela artilharia. Hazard pouco jogou, Asensio ficou afastado por lesão, Bale é carta cada vez mais fora do baralho, Vinícius e Rodrygo são talentos ainda em desenvolvimento...
A única certeza no ataque é Benzema. Tanto que o vice-artilheiro é Sergio Ramos, outro símbolo do grupo. Pela liderança que exerce e pela influência em todas as fases do jogo. Casemiro foi outro nome de ótima temporada, assim como Toni Kroos e Courtois. A reta final de Modric resgata o bom nível de outros tempos, enquanto Fede Valverde foi a melhor novidade da primeira metade.
O Real Madrid 2019/20 não é o time mais completo, convincente ou encantador, mas teve destaques de alto nível. E Zidane conseguiu mostrar novamente que é capaz de criar e administrar ambientes vencedores. Além de colecionar títulos em pouco tempo de carreira.
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