Topo

Rafael Oliveira

Mais do mesmo? Nono título seguido da Juventus tem várias particularidades

30/06/2020 - Paulo Dybala, da Juventus, marca gol em partida contra o Genoa, pelo Campeonato Italiano - Daniele Badolato - Juventus FC/Juventus FC via Getty Images
30/06/2020 - Paulo Dybala, da Juventus, marca gol em partida contra o Genoa, pelo Campeonato Italiano Imagem: Daniele Badolato - Juventus FC/Juventus FC via Getty Images

Colunista do Uol

26/07/2020 18h58

Nove! A hegemonia da Juventus continua na Serie A italiana. Quase uma década de títulos consecutivos no campeonato nacional. A sensação de normalidade tende a banalizar o feito, transformando em mais do mesmo.

De certa forma, até é. Mas é também mais um capítulo de um domínio histórico em um dos campeonatos mais tradicionais do planeta. E que teve uma temporada diferente das anteriores.

A Serie A 2019/20 foi a melhor em muitos anos. Após uma década abaixo da média, o Campeonato Italiano está novamente entre os melhores, ainda que sem o devido reconhecimento ou sem os mesmos holofotes de outros.

Tratar o previsível título da Juve como símbolo da falta de graça do torneio é reduzir o olhar à classificação. Em campo, 2019/20 teve bom nível de jogos e maior diversidade tática. Lazio, Atalanta e Sassuolo são alguns exemplos positivos.

A própria Juventus teve um ano atípico. Primeiro porque trocou treinador e optou por uma mudança de estilo. Após anos de Conte e Allegri, a escolha por Sarri sinalizava um desejo de vencer de outra forma. Mas o desempenho oscilou.

Chegou a apresentar bom futebol nos primeiros meses. Depois, caiu de produção, mas manteve aproveitamento suficiente para ser campeã sem grandes sustos.

Inter, Lazio e Atalanta foram ameaças em momentos distintos e diminuíram a distância, mas ainda sem a regularidade necessária para desbancar a hegemonia.

Outro debate constante foi sobre as escolhas táticas de Sarri. Como encaixar Cristiano Ronaldo, Dybala e Higuaín juntos? Foi a discussão mais repetida da temporada. E sem simples solução. Inúmeras formações e combinações foram testadas.

Mesmo sem lugar garantido entre os titulares e muitas vezes saindo do banco, Dybala foi quem mais brilhou e desequilibrou tecnicamente. Por outro lado, o status de Pjanic foi rapidamente de pilar inquestionável a decadente negociável.

Cristiano Ronaldo jogou seu melhor futebol entre setembro e outubro, caiu em novembro e depois encaixou uma fantástica média de gols a partir de dezembro, ajudando a decidir muitos dos jogos, como sempre faz.

A Juventus termina o campeonato como uma campeã pouco convincente e repleta de interrogações sobre o futuro. A começar pela avaliação do treinador, que enfim conseguiu o esperado título nacional para o currículo, curiosamente com um time sem a identidade característica de seus trabalhos anteriores ou uma execução satisfatória de suas conhecidas ideias.

O resultado até pode ser mais do mesmo, mas olhar para o processo indica diversas transformações, seja na própria equipe ou no contexto da competitividade da liga.