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Rafael Oliveira

Neymar foi o centro de tudo na classificação do PSG sobre a Atalanta

Neymar comemora virada do PSG sobre a Atalanta com Choupo-Moting, em jogo da Liga dos Campeões - David Ramos/Getty Images
Neymar comemora virada do PSG sobre a Atalanta com Choupo-Moting, em jogo da Liga dos Campeões Imagem: David Ramos/Getty Images

Colunista do Uol

12/08/2020 19h05

O desfecho foi até cruel com uma excelente Atalanta, que tomou a virada nos acréscimos e se despede de uma fantástica temporada com a sensação de ter ficado muito perto da semifinal de Champions.

O herói também foi absolutamente improvável, com Choupo-Moting saindo do banco, já como uma desesperada cartada final, e participando diretamente dos dois gols. O camaronês era o símbolo de um elenco curto que foi problema na temporada anterior.

Aliás, antes do início de 2019/20, o PSG foi ao mercado exatamente para fortalecer as opções de banco. Diante dos vários desfalques relevantes, acabou tendo que recorrer ao atacante, nos minutos finais de um mata-mata de Champions. Grande ironia do destino.

Embora sejam duas histórias marcantes (a caminhada da Atalanta e o momento especial de Choupo-Moting), elas não resumem a partida. Era de se prever um grande jogo.

O time italiano não abriu mão de suas características. E foi justamente a estratégia dos encaixes de marcação que condicionou tudo. Desfalcado, o PSG não trabalhava a saída de bola com grande repertório, mas tinha uma adaptação relevante.

Neymar atuou centralizado, solto no ataque. A intenção era chegar mais rapidamente ao campo ofensivo e explorar os espaços que a Atalanta naturalmente deixaria. Com Icardi caindo pela direita, Tuchel obrigava Caldara, o zagueiro menos ágil do trio italiano, a sair para perseguir o brasileiro.

E o cenário se desenvolveu a partir disso. Atalanta subia a marcação e o PSG tentava acionar Neymar, sempre buscando um primeiro toque rápido que possibilitasse um giro ou tabela.

Embora fosse um desenho pensado para potencializar a capacidade do brasileiro, a imagem foi de clara e total dependência do brilho individual. Faltava companhia. Virou um bom nível coletivo da Atalanta contra um inspirado Neymar, ainda que impreciso nas finalizações.

A entrada de Mbappé, mesmo sem as condições ideais, naturalmente mexeu no andamento. Uma maior ameaça em profundidade, empurrando a defesa adversária para trás. O jogo enfim passou a ser disputado no ataque do PSG, e agora com outro nome capaz de desequilibrar.

No fim, valeu a persistência e a virada teve forte influência do aleatório, com a participação de Choupo-Moting, que substituiu um apagado Icardi (ótimo complemento para finalizar quando o time é criativo, mas que oferece pouco suporte na construção ofensiva).

O PSG avança para a semifinal e tende a ter outra cara com Di María e Mbappé como titulares. Para a Atalanta, nada aquém do reconhecimento de um ótimo time que escreveu uma bela história.

Para Neymar, uma importante resposta quando todos os holofotes estavam apontados para ele. Pela atuação e pela personalidade para compensar as limitações de uma equipe abaixo do esperado. Com as reações extremas que costuma gerar, uma eliminação provavelmente ofuscaria o nível apresentado e até o condenaria pelos gols perdidos. Já a classificação reafirma o status de um dos melhores do mundo e retira parte do peso que carrega por simbolizar a ambição europeia do clube.