Topo

Rafael Oliveira

Maior dificuldade do Corinthians para atacar Fortaleza esteve na zaga

Jogadores do Corinthians comemoram gol marcado por Luan, na partida contra o Fortaleza - Ettore Chiereguini/AGIF
Jogadores do Corinthians comemoram gol marcado por Luan, na partida contra o Fortaleza Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Colunista do Uol

27/08/2020 09h33

O Corinthians teve a posse de bola e encontrou dificuldades para furar o bloqueio defensivo do Fortaleza no empate em 1x1. Na reta final, Tiago Nunes optou por colocar Luan, Boselli e Jô juntos, em uma tentativa mais arriscada de buscar o resultado.

Poderia ter dado certo, mas não era exatamente o que a partida pedia. O efeito também não foi positivo e o próprio empate já foi bem aleatório. Acabou quebrando o equilíbrio coletivo e permitindo que o Fortaleza terminasse superior.

Rogério Ceni escalou Wellington Paulista com uma relevante e específica função sem bola: acompanhar Cantillo e limitar a influência do volante na distribuição do jogo. É do colombiano o melhor passe para acionar opções mais adiantadas.

O desafio estava posto: a bola seria do Corinthians, mas os jogadores com tempo e espaço seriam os zagueiros. O jogo fatalmente passaria muito por Gil e Danilo Avelar. E aí começa a discussão.

A equipe de Tiago Nunes fez bom começo de partida, pressionando a saída de bola, tirando o conforto do adversário e se colocando no ataque. Os primeiros 15 minutos foram positivos, com Sidcley e Léo Natel formando a principal ameaça, pela esquerda.

O tempo passou, o ritmo esfriou e o cenário virou aquele tradicional ataque contra defesa. É um contexto comum em qualquer parte do planeta. Abrir defesas não é simples. E talvez seja o estágio do jogo que expõe uma necessidade do futebol brasileiro: maior peso dos zagueiros na distribuição, dinâmica e direcionamento da posse.

Uma passada rápida pelas principais equipes europeias e lembraremos dezenas de zagueiros passadores. Não é um luxo ou um capricho. É uma necessidade.

Por isso o debate sobre as mudanças de Fernando Diniz na defesa do São Paulo não pode ficar restrito ao fato de abrir mão da segura zaga titular. Se o estilo de jogo muda de um treinador para outro, a demanda também muda. E se a proposta é progredir com a bola e há a necessidade de melhorar a construção dos ataques, faz sentido buscar opções que acrescentem em tal quesito.

Sim, sair jogando pode ser arriscado. Mas não se trata apenas de trocar passes dentro da própria área. Pelo contrário. A questão maior é quando o time se estabelece no campo ofensivo e apenas os zagueiros possuem espaço para avançar ou tempo para pensar.

No mais alto nível, tal tempo/espaço precisa ser melhor aproveitado. Até por isso vemos tantos laterais e volantes que se consolidaram como defensores centrais.

Diante do Fortaleza, o risco que Tiago Nunes aceitou correr, após ficar atrás no placar, poderia ter sido tomado de outra forma. Talvez com Cantillo sendo recuado para a zaga, tentando explorar o convite que Gil e principalmente Danilo Avelar recebiam para avançar. Pois nem sempre é uma questão de meias e atacantes. E o ataque, cada vez mais, começa com os zagueiros.