Confusão do jogo do Flamengo precisa servir de alerta para eliminatórias
Parte do mundo do futebol luta pela normalização das competições. Que elas continuem, que o público volte, que as coisas voltem a funcionar o mais rápido possível. As razões econômicas são conhecidas, e não são de agora.
O constante debate é necessário e a grande questão sempre foi o risco. O que fazer diante de determinados cenários. Pois parecia óbvio que, em algum momento, o dilema chegaria.
A Libertadores ampliou o número de inscritos justamente para impedir o debate sobre adiamento ou cancelamento de jogos em caso de contaminação. Assim, fugiria da pressão de quem perde vários jogadores que testam positivo na mesma semana.
Os clubes e confederações aceitaram. Ironicamente, é o Flamengo, símbolo de uma luta também política pela volta do esporte, quem protagoniza o caso mais extremo do torneio continental.
O cenário é novo. Não é o Flamengo quem se recusa a jogar. E o adversário também está pronto. Quem se movimentou foi o governo local, que naturalmente não queria receber um evento com perigoso potencial de contaminação.
Convenhamos que não era um cenário tão improvável. Na Europa, algumas partidas internacionais também só foram adiadas quando os governos entraram em ação, inclusive com o fechamento de fronteiras.
O Flamengo também não é o primeiro caso da Libertadores, é bom que se diga. O Boca foi centro de uma polêmica na semana anterior.
Era inevitável ter de lidar com cenários delicados diante de uma incerteza global. A pandemia continua.
E as viagens internacionais são a barreira final da tentativa de "normalização". Em outubro, começam as eliminatórias para a Copa do Mundo. E a situação é duplamente preocupante.
Não apenas pelos deslocamentos em território sul-americano, mas principalmente pelo enorme fluxo intercontinental de jogadores. Como fica o controle de quem viaja da Europa, se concentra com dezenas de profissionais na América do Sul e depois retorna para o país em que vive?
No cenário mais pessimista (ou prudente), é o potencial de uma bomba de contágio. Que pode respingar não só nas partidas das eliminatórias, mas também nas ligas nacionais nas semanas seguintes e, em última instância, numa onda internacional de transmissão.
Pode ser que a Conmebol tenha sido pega de surpresa pela ação do governo equatoriano no dia do jogo da Libertadores. Mas o alerta que deve ficar é para a necessidade de maior rigor e cuidado na organização dos períodos de data Fifa que virão pela frente.
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