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Rodolfo Rodrigues

Saída de Rafinha, do Flamengo, é banho de água fria no futebol brasileiro

18/08/2020 10h00Atualizada em 18/08/2020 13h23

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O lateral direito Rafinha se despediu do Flamengo nessa segunda-feira (17), depois de atuar pouco mais de um ano pelo clube carioca, onde disputou 46 jogos e conquistou títulos importantes, como a Libertadores e o Brasileirão de 2019, e a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e o Carioca de 2020.

Prestes a completar 35 anos (no próximo dia 7 de setembro), o ex-camisa 13 do Fla acertou sua ida para o Olympiacos, da Grécia, com um contrato de dois anos, e deixou novamente o país para voltar ao futebol europeu, em uma situação lamentável para o futebol brasileiro.

Há muito tempo, sabemos que nossos clubes não são capazes de segurar suas principais revelações por conta do grande assédio de clubes do exterior e também até por incompetência de alguns dirigentes. E para suprir a falta de craques, nossos clubes vêm buscando como alternativa repatriar veteranos que já passaram pela seleção.

E foi o que fez o Flamengo em 2019, quando trouxe dois ótimos laterais, Rafinha pela direita e Filipe Luís pela esquerda. Com eles, acertou sua defesa, ganhou em qualidade e experiência e arrebatou títulos significantes. Revelado pelo Coritiba em 2004, Rafinha jogou 14 anos na Europa, sendo os seus últimos oito pelo poderoso Bayern Munique.

Ao fim de seu contrato, em junho de 2019, o lateral aceitou o convite do Flamengo, sem custos para o time carioca e para ganhar metade do que recebia no Bayern (R$ 750 mil por mês), mas impôs uma cláusula de que poderia sair sem multa em caso de proposta para retornar ao futebol europeu. E foi isso que o tirou facilmente do atual campeão da América.

O Olympiacos, que tem como presidente Evangelos Marinakis, magnata do setor naval e também proprietário do clube inglês Nottingham Forrest, bicampeão europeu em 1979 e 1980, fez uma oferta de cerca de R$ 20 milhões por dois anos de contrato para Rafinha, pouco mais de R$ 833 mil por mês. Se ficasse no Flamengo até o fim de 2021, como previa seu contrato, Rafinha ganharia pelo menos R$ 12 milhões só em salários.

Perder um titular do atual campeão do Brasil e da América do Sul, aos 35 anos, para um clube grego, chega a ser um afronta para quem sonha em ter aqui um campeonato mais forte e interessante. Pensar que nossos clubes, ainda mais o que atravessa o melhor momento na atualidade, não é capaz de segurar um veterano por conta de uma proposta de um clube de uma liga que não está nem entre as 10 principais da Europa, é um banho de água fria.

Em 2015, o Corinthians, comandado por Tite, foi campeão brasileiro jogando um ótimo futebol e encantando sua torcida. Mas pouco mais de um mês depois, perdeu quase meio time titular. Saíram o zagueiro Gil, o volante Ralf, os meias Jadson e Renato Augusto, e os atacantes Malcom e Vágner Love.

Muito provavelmente isso está longe de acontecer, mas a sensação de perder jogadores de um time vencedor para equipes de um mercado B do futebol é muito frustrante. Rafinha era um dos líderes do Flamengo. O único a trabalhar com Domènec Torrent, o atual treinador do clube, lá ná época de Bayern, quando o espanhol ainda era auxiliar de Guardiola.

Mas o caso de Rafinha é só mais um um entre vários do nosso futebol. Infelizmente essa é a triste realidade.