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Rodolfo Rodrigues

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Técnicos estrangeiros superam brasileiros na média, mas Abelão é o líder

Jorge Sampaoli comanda o Atlético-MG em partida contra o Grêmio pelo Brasileirão - Fernando Alves/AGIF
Jorge Sampaoli comanda o Atlético-MG em partida contra o Grêmio pelo Brasileirão Imagem: Fernando Alves/AGIF

Colunista do UOL

19/02/2021 04h00

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Em 2019, o Campeonato Brasileiro teve, pela 1ª vez desde 1971, um técnico estrangeiro como vencedor quando o português Jorge Jesus levou o Flamengo ao título com uma campanha com recorde de pontos, gols e vitórias. Jesus repetiu o feito do argentino Carlos Valente, até então o único treinador gringo que havia sido campeão de um torneio nacional no Brasil —ganhou a Taça Brasil de 1959 pelo Bahia, mas tendo comandado o clube apenas na última partida.

Em 2020, o Brasileirão voltou a ter uma participação importante dos técnicos estrangeiros, que bateram o recorde com 7 representantes em uma única edição, superando os 4 que participaram em 2016. Juntos, esses 7 treinadores tiveram um aproveitamento de 53,3% dos pontos contra 43,7% dos outros técnicos brasileiros.

E mesmo sem ganhar o título como em 2019 e contando ainda com alguns treinadores que pegaram equipes na zona do rebaixamento, os técnicos estrangeiros conseguiram bons aproveitamentos de pontos, elevando a qualidade do trabalho entre os gringos que passaram por aqui na competição.

Para se ter uma ideia, 5 dos 8 treinadores estrangeiros de melhor aproveitamento na história do Brasileirão comandaram equipes nessas duas últimas edições do campeonato. Em 2019, além do campeão Jorge Jesus, Jorge Sampaoli levou o Santos ao vice-campeonato. Agora, em 2020, o treinador argentino é o 3º colocado com o Atlético-MG e um dos 4 técnicos a permanecer à frente do time desde a 1ª rodada do campeonato.

Nesse Brasileirão, o argentino Eduardo Coudet foi o treinador estrangeiro com o melhor aproveitamento de pontos (63,2%), o que o deixaria hoje na vice-liderança, muito colado no aproveitamento do líder (63,9%). Quando saiu do Inter, na última rodada do 1º turno, para dirigir o Celta de Vigo-ESP, o Colorado era líder do Brasileirão.

No Brasileirão 2020, apenas Abel Braga, pelo Internacional, teve um aproveitamento melhor (68,8%) em 16 jogos. Ceni, pelo Flamengo, também teve o mesmo aproveitamento, mas somando pelo Fortaleza, seu aproveitamento foi de 55,9%.

Já o português Abel Ferreira, que levou o Palmeiras ao título da Libertadores e à final da Copa do Brasil, tem a 3ª melhor campanha entre os técnicos estrangeiros na Série A de 2020 (54,9%). E só não foi melhor justamente porque levou o time às finais das duas outras competições, ficando com um calendário apertadíssimo no Brasileirão e tendo um desempenho ruim pós-Libertadores ao jogar com time reserva.

Outro europeu, o espanhol Domènec Torrent, foi demitido pelo Flamengo na 20ª rodada, quando tinha 60% de aproveitamento (maior que o do Atlético-MG, 3º colocado hoje com 57,4%).

Esses 5 treinadores (Jorge Jesus, Jorge Sampaoli, Abel Ferreira, Eduardo Coudet e Domènec Torrent) conseguiram um desempenho melhor do que mais outros 23 treinadores estrangeiros na história do Brasileirão. Entre os 8 melhores, entram os chilenos Elias Figueroa e Roberto Rojas, que dirigiram Inter e São Paulo, respectivamente, como tampões e em uma única edição do torneio, e o argentino José Poy.

Aproveitamento dos técnicos estrangeiros na história do Brasileirão desde 1971:

No Brasileirão de 2020, outros 3 técnicos estrangeiros, porém, não conseguiram um bom desempenho, mas também pegaram as equipes em momentos complicados. Como Ricardo Sá Pinto, que pegou o Vasco na 16ª posição, com 37% de aproveitamento. Em 11 jogos, o português venceu apenas 2 partidas, teve aproveitamento de 30,3% e acabou demitido. Seu sucessor, Luxemburgo, em 7 jogos, teve 30% de aproveitamento.

Já o experiente argentino Rubén Díaz chegou para tentar tirar o Botafogo da zona do rebaixamento, mas nem teve tempo de iniciar o seu trabalho. Sem liberação médica, não pode comandar o time, foi representado pelo seu filho Emiliano Díaz, que perdeu os 3 jogos disputados antes da demissão. Na reta final do campeonato, o paraguaio Gustavo Morínigo, que levou o Nacional de Assunção ao vice da Libertadores em 2014, pegou o Coritiba já com uma missão impossível contra o rebaixamento. Em 8 jogos, venceu 2 e viu o time cair na 36ª rodada.

Aproveitamento dos técnicos estrangeiros no Brasileirão de 2020:

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