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Não são só os clubes: sul-americanos vivem período de decadência no futebol
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Não foi só o fiasco do Palmeiras no último Mundial de Clubes da Fifa que mostrou a triste realidade dos sul-americanos diante dos europeus no cenário atual do futebol. O inédito 4º lugar do campeão da Libertadores na competição mostrou que estamos num período de decadência. E não só nos clube.
Na próxima Copa do Mundo, no Qatar em 2022, o futebol sul-americano completará um jejum de 20 anos sem título. Nunca, na história das Copas, desde 1930, ficamos 4 edições seguidas sem conquistas. No Mundial Sub-20, onde Argentina e Brasil são os maiores campeões, não há título para a América do Sul desde 2011.
Entre os jogadores, o problema só não é mais acentuado por ainda existirem dois craques fora de série em atividade: o argentino Messi e o brasileiro Neymar. Tirando a dupla, o último sul-americano a figurar entre os melhores jogadores do mundo da Fifa foi o brasileiro Kaká, no distante ano de 2007.
Na lista dos 25 jogadores mais valiosos do mundo em 2021, tirando novamente Neymar e Messi, o único sul-americano que aparece é o goleiro brasileiro Alisson. Nos grandes clubes da Europa, a falta de jogadores sul-americanos entre os principais nomes das equipes é cada vez mais evidente. O Bayern de Munique, no último Mundial de Clubes, foi o primeiro campeão sem um sul-americano no time titular desde 1999, com o Manchester United.
No mesmo Mundial de Clubes, o Palmeiras se tornou o quinto sul-americano a não chegar à final nas últimas 11 edições. E desde o Corinthians, campeão em 2012, nenhum time da Conmebol foi campeão, no maior jejum de títulos desde o início do Mundial Interclubes, em 1960.
No antigo formato, entre 1960 e 2004, quando havia apenas o confronto entre o campeão da Europa e o da Libertadores, os sul-americanos tiveram a hegemonia do torneio com 22 títulos contra 21 dos times da Uefa. No atual Mundial de Clubes da Fifa (entre 2000 e 2020), foram 13 títulos dos europeus e 4 dos sul-americanos, sendo apenas 1 nas últimas 14 edições.
Na Copa do Mundo, desde o título do Brasil em 2002, os sul-americanos chegaram apenas em uma final, com a Argentina em 2014. Os europeus foram campeões nas 4 últimas Copas e tiveram 3 vice-campeões. Com isso, ultrapassaram os países da Conmebol em títulos (12 a 9).
Nos confrontos entre países da América do Sul contra os da Europa, a desigualdade é enorme. O Brasil, desde o título de 2002, enfrentou 10 seleções europeias em Copas com 3 vitórias (Croácia, 2 vezes, e Sérvia), 2 empates (Portugal e Suíça) e 5 derrotas (França; Alemanha; Holanda, 2 vezes; e Bélgica), sendo eliminado nas 4 vezes por europeus. Já a Argentina, depois de perder a final de 2014 para Alemanha, já acumula 6 jogos sem vitória contra europeus. Na última Copa, empatou com a Islândia (1 a 1) e perdeu para Croácia (3 a 0) e França (4 a 2).
Para piorar, a nova geração também tem mostrado fraqueza frente aos europeus. No Mundial Sub-20, realizado desde 1977, a Argentina, maior campeã com 6 títulos, não chega à final desde sua último título, em 2007. O Brasil, segundo maior campeão com 6 conquistas, venceu o último campeonato para os sul-americanos em 2011. Desde então, os europeus venceram 4 vezes seguidas (algo inédito), com França (2013), Sérvia (2015), Inglaterra (2017) e Ucrânia (2019).
Já entre os jogadores, a nova geração também não vem empolgando. Messi, que fará 34 anos em junho, e Neymar, com 29 anos, em breve já não estarão entre os principais jogadores do mundo. Entre os jogadores até 23 anos, os grandes nomes hoje são os brasileiros Gabriel Jesus, Richarlison, Rodrygo, Vinícius Júnior e Renan Lodi; o argentino Mauro Icardi e os uruguaios Federico Valderde e Rodrigo Betancur, os únicos entre os 50 mais valiosos da atualidade segundo o site alemão Transfermarkt.
Entre os clubes, o abismo é ainda maior. Entre os 100 clubes mais valiosos nesse início de 2021, estão apenas 4 sul-americanos (Flamengo na 73ª posição), River Plate-ARG (75º), Palmeiras (85º) e Boca Juniors-ARG (96º). O Flamengo, com o elenco avaliado em 127,4 milhões de euros (R$ 833 milhões), vale menos que o West Bromwich, o menos valioso dos times da primeira divisão do Campeonato Inglês.
Com todo esse cenário, fica cada vez mais difícil imaginar um time sul-americano voltando a ganhar um Mundial de Clubes. Ou uma seleção daqui vencendo novamente uma Copa do Mundo. Ou ainda um jovem jogador sendo protagonista dos grandes clubes da Europa como nos anos 1990 e 2000, com Ronaldo, Romário, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, ou até mesmo como Messi e Neymar.
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