Rodolfo Rodrigues: Camisa 9 está em falta no futebol brasileiro

Já se foi o tempo em que o futebol brasileiro contava com bons centroavantes. Pensando num passado recente, nos anos 1990, tínhamos camisas 9 tipo exportação, como Romário, Ronaldo, Amoroso, Élber, Evair, sem falar em goleadores daqui como Viola, Túlio, Guilherme, Luizão, Jardel, Marcelo Ramos entre outros. Depois vieram Luis Fabiano, Washington, Fred, Ricardo Oliveira, Adriano e outros mais.

Nos últimos anos, porém, os centroavantes foram se tornando escassos por aqui. Tirando Gabigol, que vem fazendo sucesso por aqui desde 2018, foram poucos que conseguiram algum destaque. Entre eles, Pedro, reserva do próprio Gabigol no Fla. Em 2021, no Brasileirão, outros que tiveram um bom desempenho foram Gilberto (Bahia), Yuri Alberto (Internacional) e o veterano Ytalo (Bragantino), mas nada acima de média.

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Entre os veteranos, tivemos ainda Fred, Jô, Diego Tardelli, Diego Souza, Diego Costa mas todos bem longe da forma física e técnica ideal. Além deles, vimos ainda outros em baixa, como Luiz Adriano (Palmeiras) e Pablo (São Paulo). Sem boas revelações, os principais times da Série A do Brasileirão vêm sofrendo para encontrar um camisa 9.

O Corinthians, que teve o atacante Jô como artilheiro na última temporada com apenas 10 gols, a busca pelo camisa 9 virou uma novela. Ao final da última temporada, o clube flertou com o experiente centroavante uruguaio Edinson Cavani, que vai fazer 35 anos em fevereiro, mas não conseguiu avançar nas negociações. Depois de criar uma grande expectativa, o clube não conseguiu encontrar outro nome bombástico para a posição, como pretendia para atender o anseio de sua torcida e de seus patrocinadores.

Nessa sexta-feira (21), o presidente do clube, Duilio Monteiro Alves, descartou também a vinda de Diego Costa, que rescindiu com o Atlético-MG. Nem aquele que seria o plano B será o camisa 9 do Corinthians para 2022. Arthur Cabral, ex-Ceará e Palmeiras, que vem fazendo sucesso no Basel, da Suíça, foi também cogitado, mas dificilmente sairá do país europeu por menos de 15 milhões de euros.

O Palmeiras, atual bicampeão da Libertadores, afastou Luiz Adriano depois da péssima temporada em 2021. Agora, para a disputa do Mundial de Clubes da Fifa, o clube vai para o Qatar sem um camisa 9. Rafael Navarro, destaque do Botafogo na Série B, foi contratado, mas chega ao clube mais como uma aposta. Santos (que perdeu Kaio Jorge para a Juventus da Itália em 2021) e São Paulo (que quer se livrar de Pablo), vêm sofrendo também para achar o 9 ideal.

Até o Atlético-MG, atual campeão brasileiro, vai entrar na temporada 2022 também sem um centroavante do ofício. No Inter, Yuri Alberto, pretendido pelo Zenit, da Rússia, está com os dias contados no Colorado, que poderá ficar também sem centroavante.

No futebol europeu, são raros os centroavantes, camisas 9 mesmo, que vêm conseguindo espaço. Entre os jogadores brasileiros com mais gols na temporada 2021/21 nas principais ligas nacionais (Itália, Espanha, Inglaterra, França e Alemanha), quem lidera o ranking é Vinicius Júnior, do Real Madrid, atacante que joga mais aberto. O desconhecido por aqui João Pedro, do Cagliari, aparece na segunda posição.

Na Inglaterra, Gabriel Jesus (Manchester City), Richarlison (Everton) e Roberto Firmino (Liverpool), convocados por Tite para a seleção brasileira com frequência, não estão em grande fase e vêm marcando pouquíssimos gols. Assim como Matheus Cunha, que foi para o Atlético de Madri e ainda não conseguiu decolar no time espanhol.

Olhando as opções que temos no futebol daqui e também entre os brasileiros que estão no exterior, fica cada vez mais difícil achar bons nomes para a camisa 9 dos principais times do Brasileirão. Não à toa, o adolescente Endrick, do Palmeiras, de 15 anos, destaque do time na Copa São Paulo, vem chamando demais a atenção.

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