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Convocação da seleção para a Copa já teve ausência de craques; veja lista
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O técnico Tite vai divulgar na próxima segunda-feira (7) a lista final dos convocados da seleção brasileira para a Copa do Mundo 2022, no Qatar. O treinador já mandou o nome de 55 jogadores na lista preliminar, que foi direto para a Fifa, sem o conhecimento de todos.
A expectativa é grande, já que alguns nomes importantes podem ficar fora, o que é uma tradição nas convocações da seleção brasileira. Afinal, tivemos sempre muitas opções, principalmente para o setor ofensivo. A convocação de alguns veteranos (como Daniel Alves) pode gerar polêmica também. Por isso, na segunda, às 13h, muita gente vai estar grudada nas telinhas para acompanhar o anúncio de Tite.
Desde 1930, grandes nomes já ficaram fora nas convocações iniciais. Alguns por desavenças com os treinadores da época, outros por questões táticas. Tivemos casos também de jogadores cortados por lesão, mas isso veio sempre depois da convocação inicial.
Relembro aqui alguns nomes de craques ausentes da seleção brasileira, desde a primeira Copa:
Copa do Mundo de 1930 (Uruguai)
- Friedenreich (São Paulo, atacante)
- Feitiço (Santos, atacante)
- Del Debbio (atacante, Corinthians)
Por causa da não convocação de jogadores de clubes paulistas, por disputas bairristas e decisão da antiga CBD, três grandes jogadores não foram chamados para o primeiro Mundial.
Copa do Mundo de 1934 (Itália)
- Domingos da Guia (Nacional-URU, zagueiro)
Um dos maiores zagueiros do futebol brasileiro ficou fora da Copa de 1934 já que a CBD não aceitou pagar um seguro altíssimo ao Nacional-URU. Quatro anos depois, ele disputou seu primeiro Mundial.
Copa do Mundo de 1938 (França)
- Carvalho Leite (Botafogo, atacante)
Jogador da seleção nas Copas de 1930 e 1934, Carvalho Leite, o 2º maior artilheiro da história do Botafogo com 261 gols, atuou pelo Brasil até 1937. Em 1938, foi artilheiro do Carioca ao lado de Leônidas da Silva, mas acabou preterido pelo técnico Ademar Pimenta.
Copa do Mundo de 1950 (Brasil)
- Heleno de Freitas (Junior-COL, atacante)
- Leônidas da Silva (São Paulo, atacante)
- Mauro Ramos (São Paulo, zagueiro)
- Pinga (Portuguesa, atacante)
Um dos grandes nomes do futebol brasileiro nos anos 1940, atuando pelo Botafogo, Heleno de Freitas foi para o Vasco em 1949 e campeão carioca. Mas no time cruz-maltino brigou com Flávio Costa, técnico da seleção na Copa, e perdeu a chance de ir à Copa. Leônidas da Silva, destaque do Brasil na Copa de 1938, estava com 36 anos, e acabou preterido. Já Mauro Ramos, então com 19 anos, falhou em um amistoso pré-Copa, e acabou cortado. Em 1962, o zagueiro levantou a Jules Rimet como capitão. Já Pinga, da Portuguesa, estava em grande fase, mas acabou preterido pelo lesionado Zizinho, causando estranheza à época.
Copa do Mundo de 1954 (Suíça)
- Zizinho (atacante, Bangu)
- Bellini (zagueiro, Vasco)
- Gilmar (goleiro, Corinthians)
Um dos melhores jogadores do Brasil na época, Zizinho foi cortado após episódios de indisciplina no Sul-Americano de 1953 (a Copa América da época). Já o zagueiro Bellini, titular do Vasco, foi preterido por Pinheiro, do Fluminense, que dois anos mais novo. Bellini foi quem levantou a Jules Rimet quatro anos depois, na Suécia. Já o goleiro Gilmar, que era titular do Corinthians, não foi escolhido por Zezé Moreira, que optou por levar Cabeção, seu reserva no Corinthians. Uma curiosidade: Garrincha, de 21 anos, ainda não tinha sido convocado para a seleção, mas estava na pré-lista de 40 nomes --exigida pela primeira vez pela Fifa antes de uma Copa.
Copa do Mundo de 1958 (Suécia)
- Zizinho (atacante, São Paulo)
- Canhoteiro (atacante, São Paulo)
- Luizinho (atacante, Corinthians)
Nomeado técnico da seleção dois meses antes do início da Copa, o técnico Vicente Feola, que atuava como diretor-técnico no São Paulo, contrariou as expectativas e chamou 20 jogadores do Rio e 13 que atuavam em São Paulo na lista inicial, já sem Zizinho, que mesmo tendo sido campeão paulista pelo São Paulo em 1957, estava com 36 anos. Já Canhoteiro, que vinha bem também pelo Tricolor paulista, acabou preterido por Zagallo, do Botafogo. Outra ausência lamentada foi a de Luizinho, o Pequeno Polegar, ídolo corintiano.
Copa do Mundo de 1962 (Chile)
- Quarentinha (atacante, Botafogo)
Maior artilheiro da história do Botafogo (313 gols), Quarentinha teve a excelente média de um gol por jogo com a camisa da seleção brasileira (17 gols em 17 jogos), mas não foi chamado para a Copa de 1962, já que a concorrência era alta no setor ofensivo. O técnico Aymoré Moreira chamou 41 nomes na lista inicial e um mês depois, em maio, fechou a lista de 22, que não teve grandes surpresas.
Copa do Mundo de 1966 (Inglaterra)
- Carlos Alberto Torres (lateral direito, Santos)
- Servílio (atacante, Palmeiras)
- Amarildo (atacante, Milan-ITA)
O técnico Vicente Feola chamou 46 nomes na lista inicial, gerando muitas reclamações, já que apenas 22 iriam para a Copa. Entre os preteridos pelo treinador estava o lateral Carlos Alberto, em grande fase no Santos. O capitão do Tri foi deixado para trás por Feola, que optou por Djalma Santos, então com 37 anos, e Fidélis, do Bangu, que não chegou a vingar. Já Servílio, em também vinha muito bem pelo Palmeiras, chegou a ser titular da seleção ao lado de Pelé em cinco amistosos pré-Copa, mas acabou cortado. Amarildo, herói de 1962, e que estava no Milan, foi outra ausência sentida de última hora.
Copa do Mundo de 1970 (México)
- Djalma Dias (zagueiro, Santos)
- Rildo (lateral esquerdo, Santos)
- Dirceu Lopes (meia, Cruzeiro)
- Toninho Guerreiro (atacante, São Paulo)
O técnico Zagallo foi chamada para o lugar de João Saldanha 75 dias antes do Mundial do México. O Velho Lobo manteve a base das Feras do Saldanha e levou 26 jogadores para o período de treinos antes da Copa. Entre os quatro cortados às vésperas da Copa, estava o meia Dirceu Lopes, destaque do Cruzeiro. Zagallo havia dito que já tinha muita gente boa para o setor. Já Djalma Dias (pai de Djalminha) e Rildo, que atravessam boa fase no Santos, sequer foram chamados para a lista inicial, assim como Toninho Guerreiro, destaque do Santos e depois do São Paulo anos antes, preterido por Dadá Maravilha, que diziam ser uma escolha do presidente Médici.
Copa do Mundo de 1974 (Alemanha Ocidental)
- Zico (meia, Flamengo)
Novamente dirigida pelo técnico Zagallo, a seleção brasileira teve como grande ausente na lista final da Copa o meia Zico, jogador do Flamengo desde 1974. Outros nomes poderiam ter sido lembrados, como Roberto Dinamite, artilheiro do Brasileirão de 1974 pelo Vasco, Palhinha e Dirceu Lopes, destaque do Cruzeiro, ou até o jovem Paulo Roberto Falcão, que havia jogado as Olimpíadas de 1972. Mas como não participaram dos amistosos pré-Copa, não foi surpreendente vê-los fora da Copa.
Copa do Mundo de 1978 (Argentina)
- Falcão (volante, Internacional)
Grande nome do Inter bicampeão brasileiro de 1975 e 1976 e depois, da seleção na Copa de 1982, Falcão perdeu a Copa de 1978 por escolha do técnico Cláudio Coutinho, que optou por levar o volante Chicão, do São Paulo, de pouca técnica e muita marcação. Outro nome que poderia ter sido lembrado: Sócrates. Artilheiro do Paulistão de 1976 pelo Botafogo de Ribeirão Preto, o Doutor estava em grande fase, mas só foi chamado para a seleção em 1979, quando já era atleta do Corinthians. Adílio, já titular do Flamengo e vencedor da Bola de Prata em 1978, é outro que mereceria uma chance.
Copa do Mundo de 1982 (Espanha)
- Leão (goleiro, Grêmio)
- Reinaldo (atacante, Atlético-MG)
- Adílio (meia, Flamengo)
Reserva na Copa de 1970, Leão foi titular dos Mundiais de 1974 e 1978, mas ignorado por Telê Santana em 1982. Campeão brasileiro pelo Grêmio em 1981, o goleiro de forte personalidade foi uma grande ausência na Copa. Curiosamente, o próprio Telê chamou Leão para ser reserva na Copa 1986. Já Reinaldo e Adílio, dois excelentes jogadores e em grande fase, sequer participaram dos jogos pré-Copa do Mundo. Careca, que era titular, perdeu o Mundial por lesão.
Copa do Mundo de 1986 (México)
- Renato Gaúcho (atacante, Grêmio)
Um dos destaques do futebol brasileiro, Renato Gaúcho chegou atrasado a um treino da seleção brasileira e acabou cortado pelo técnico Telê Santana por indisciplina. Na mesma Copa, nomes que já começavam a surgir com destaque no futebol brasileiro poderiam ter sido lembrados, como Romário (Vasco), Bebeto (Flamengo) e Pita (São Paulo).
Copa do Mundo de 1990 (Itália)
- Neto (meia, Corinthians)
Neto nunca foi chamado para a seleção brasileiro pelo técnico Sebastião Lazaroni, mas sua ausência na Copa de 1990 foi sentida. O meia vinha em boa fase no Corinthians e comprovou o no segundo semestre de 1990 que merecia uma chance ao conduzir o time do primeiro título Brasileiro, sendo um especialista em bolas paradas -- algo que poderia ajudar o Brasil naquele Mundial. Bismarck e Tita, chamados por Lazaroni, sequer entraram em campo.
Copa do Mundo de 1994 (Estados Unidos)
- Evair (atacante, Palmeiras)
- Rivaldo (meia, Corinthians)
- Cléber (zagueiro, Palmeiras)
- Roberto Carlos (lateral esquerdo, Palmeiras)
O técnico Parreira conquistou o tetra e não podemos dizer que conseguiria o mesmo resultado se tivesse deixado aqui alguns jogadores para dar lugar a algum desses acima. Mas o fato é que Evair, bicampeão brasileiro pelo Palmeiras, vivia uma fase melhor que Viola, do Corinthians. Rivaldo, do Corinthians, fez um Brasileirão de 1993 brilhante e merecia mais a vaga do que Paulo Sérgio, que estava no Bayer Leverkusen. Roberto Carlos estava voando no Palmeiras e foi preterido pelo veterano Branco -- que foi fundamental no tetra. Já o zagueiro Clebão vivia uma fase melhor que a de Ronaldão.
Copa do Mundo de 1998 (França)
- Müller (atacante, Santos)
- Djalminha (meia, La Coruña)
Destaque do Brasileirão de 1997, pelo Santos (ganhou até a Bola de Prata), Müller poderia ter ido para a sua 4ª Copa seguida, mas foi preterido por Bebeto. Zagallo considerava Müller já veterano (32 anos), mas optou por Bebeto, que tinha 34. Já Djalminha foi uma ausência inexplicável. Melhor jogador do Brasileirão de 1996, pelo Palmeiras, ele já estava em alta no La Corunã. Outros nomes que poderiam ter sido lembrados na época: Edílson e Marcelinho Carioca (Corinthians), Mauro Galvão (Vasco) e Zé Elias (Inter de Milão).
Copa do Mundo de 2002 (Coreia do Sul e Japão)
- Romário (Vasco)
- Alex (Palmeiras)
Titular da seleção com Leão nas Eliminatórias, Romário foi titular no primeiro jogo de Felipão, mas acabou cortado depois de um episódio de indisciplina. Scolari preferiu fechar o grupo com seus jogadores e foi bastante criticado às vésperas da Copa. Mas trouxe o penta e acabou levando a melhor nesse episódio. Já o meia Alex, que havia trabalhado com Felipão no Palmeiras, ficou de fora, causando muito surpresa.
Copa do Mundo de 2006 (Alemanha)
- Alex (Fenerbahçe-TUR)
Excluído da lista final da Copa de 2002, Alex arrebentou no Cruzeiro em 2003, levando a Raposa ao título do Brasileirão, Copa do Brasil e Campeonato Mineiro. Em 2004, foi campeão da Copa América com a seleção brasileira. No Fenerbahçe, estava jogando muito bem, mas foi preterido pelo técnico Parreira na lista final. Júlio Baptista, que vinha bem no Real Madrid, acabou de fora da lista final, mas como a seleção tinha grandes nomes para o ataque, sua ausência não foi tão sentida. Já o goleiro Marcos, titular da Copa de 2002, vinha de lesão e estava tecnicamente atrás de Dida, Júlio César e Ceni.
Copa do Mundo de 2010 (África do Sul)
- Neymar (Santos)
- Ganso (Santos)
- Ronaldinho Gaúcho (Milan-ITA)
- Alexandre Pato (Milan-ITA)
- Marcelo (Real Madrid-ESP)
- Miranda (São Paulo)
Dunga fez uma convocação polêmica para a Copa de 2010. Primeiro, limou Ronaldinho Gaúcho, que havia deixado o técnico na mão na Copa América de 2007. Depois, deixou nomes em alta de fora, optando por escolhas que depois de mostraram equivocadas. Marcelo, já titular da lateral esquerda do Real Madrid, perdeu vaga para Gilberto e Michel Bastos. Pato, bem no Milan, foi preterido por Grafite e Nilmar. Miranda, voando no São Paulo, perdeu lugar para Luisão. Já o meia Ganso e o atacante Neymar, destaques do Santos em 2009 e 2010, sequer ganharam chance com o treinador, que levou ainda Kleberson, já longe de sua melhor forma.
Copa do Mundo de 2014 (Brasil)
- Kaká (São Paulo)
- Robinho (Santos)
- Ronaldinho Gaúcho (Atlético-MG)
Luiz Felipe Scolari voltou à seleção em 2013 e praticamente fechou o grupo para a Copa do Mundo de 2014. Tanto, que sua lista final não causou surpresas. Alguns jogadores que vinham bem nos clubes aqui no Brasil tiveram seus nomes lembrados. Ronaldinho Gaúcho havia ganhado uma Libertadores pelo Galo, mas estava bem longe dos planos de Felipão. Kaká estava fora de forma (se aposentou em 2017) e Robinho, que estava no álbum da Copa, já não era mais o mesmo pelo Santos. Outros nomes que foram pedidos: o goleiro Diego Alves, o zagueiro Dedé e o zagueiro Miranda.
Copa do Mundo de 2018 (Rússia)
- Dudu (Palmeiras)
Campeão brasileiro pelo Palmeiras em 2016 e 2018, Dudu foi eleito um dos melhores jogadores do Brasileirão no prêmio Bola de Prata entre 2016 e 2019. Na seleção brasileira, porém, não teve chance com Tite. Tanto, que não foi lembrado durante as Eliminatórias. Na lista preliminar, de suplentes, estavam nomes pouco lembrados pela torcida: Neto (goleiro, Valencia-ESP), Rodrigo Caio (zagueiro, São Paulo), Anderson Talisca (atacante, Besiktas) e Willian José (ex-Real Sociedad).
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