Inter 2020: o maior auto boicote dos últimos anos
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A derrota por 1x0 para o Boca Juniors, na noite desta quarta-feira, pelas oitavas de final da Libertadores, foi a quarta sofrida nas últimas seis partidas sob o comando de Abel Braga. Que a escolha do treinador neste momento da carreira para dirigir o Internacional é absurda, quase todos sabem. Impressiona, porém, a rapidez com que a solidez do time ruiu.
Abel terá seu nome marcado na história do Colorado para sempre. Campeão mundial e da Libertadores, um dos treinadores mais identificados com o clube, mas isso por si só não organiza time. Não implementa ideias ofensivas, não aprimora transições, bolas paradas ou posicionamento defensivo. Não faz conhecer os atletas devidamente. Nada do que Abel fez no Flamengo, Vasco ou Cruzeiro recentemente justifica a escolha. Parece ter sido feita por alguém que entrou em uma bolha há uma década e nunca mais assistiu futebol.
O Internacional já tinha problemas de criação com Eduardo Coudet. Em muitos momentos encontrava dificuldades para criar os espaços naturalmente, mas apresentava muita intensidade em todas as fases do jogo. Tinha uma ''pressão pós-perda'' afinadíssima, coordenação nos movimentos de subida de marcação na saída de bola rival, e isso tornava o time muito competitivo. Nos últimos jogos nada disso foi visto.
Mais do que a decadência tática e técnica do time, percebe-se nitidamente um estado anímico mais deprimente em campo. As declarações de alguns atletas após as partidas, o anúncio da saída breve de D´Alessandro em meio a tudo isso, tornam o clima de ''fim de festa'' ainda mais latente no clube. A diretoria é a principal responsável!
Primeiro não teve habilidade para lidar com os conflitos públicos e internos com Eduardo Coudet, e permitiu que o clima de eleição afastasse Alessandro Barcellos da vice-presidência de futebol. Os dois fatores, somados, culminaram na decisão do argentino deixar o Colorado e rumar para o Celta. A contratação de Abel é a ''cereja do bolo solado'' feito pela amadora gestão de futebol do Internacional.
Fora da Copa do Brasil, em queda livre no Brasileirão, e precisando reverter uma desvantagem em plena Bombonera na próxima semana, é muito difícil imaginar que o Colorado possa reagir e chegar perto de alcançar aquilo que permitiu a sua torcida sonhar durante boa parte da temporada.
Falar em luta contra o rebaixamento como no fatídico 2016 é exagero neste momento, mas não custa lembrar que, assim como em 2020, valorizar mais a política do que o futebol levou o clube para a Série B. O filme se repete. E o final não deve ser nada feliz.
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