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Rodrigo Coutinho

Três meses de Mano no Bahia... E nada acontece

Colunista do UOL

14/12/2020 09h07Atualizada em 14/12/2020 09h07

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''Se o problema for a defesa, o Bahia contratou o técnico certo''. A frase não é minha e nem sua, mas certamente concordaríamos com Mano Menezes há três meses, quando o Tricolor escolheu o experiente treinador após demitir Roger Machado. Ao longo de sua carreira, Mano se notabilizou por montar sistemas defensivos sólidos e acrescentar competitividade, mas nem isso vem conseguindo fazer em Salvador. O Esquadrão piorou em todos os aspectos desde a sua chegada.

Foto 1 - Rodrigo Coutinho - Rodrigo Coutinho
Números gerais mostram uma queda do Bahia entre os jogos que Roger Machado e Claudio Prates comandaram o time para o momento atual, com Mano Menezes
Imagem: Rodrigo Coutinho

A derrota, mais uma elástica, contra o Palmeiras, foi a décima segunda dos 22 jogos dirigidos pelo comandante até aqui no Bahia. Novamente a oscilação mental e física dentro de uma mesma partida chamou a atenção, bem como os muitos problemas estruturais e coletivos em fase defensiva. Coisas básicas, que nunca veríamos normalmente num time treinado por Mano Menezes. O Bahia em nada se parece com aquilo que ele poderia oferecer.

Espaçamento entre os setores, variação de intensidade na abordagem de marcação, linha defensiva descoordenada, espaço de finalização na entrada da área e coberturas tardias são alguns dos problemas recorrentes. O coletivo que não se desenvolve expõe fragilidades individuais, e anula respostas positivas de defensores que já se mostraram confiáveis num passado recente de suas carreiras, como Anderson Martins, Gregore e Ernando, por exemplo.

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O espaço em branco é a lacuna que acontece muitas vezes no 'funil', o espaço onde muitos gols acontecem. Entrada da área livre para o adversário finalizar
Imagem: Rodrigo Coutinho

Já são mais de três meses de trabalho. Por mais que no período o Tricolor tenha tido apenas duas semanas ''cheias'' para treinar, uma evolução ao menos nesses aspectos deveria aparecer. Na semana que assumiu o Bahia, Mano Menezes viveu um drama pessoal e profissional. O preparador físico de suas equipes e amigo de longa data, Eduardo Silva, o Dudu, faleceu vítima de um aneurisma cerebral. Dá pra imaginar o peso que isso gera nos dois aspectos. Certamente influencia no cenário, mas o fato é que o trabalho não anda, dá poucos espasmos de melhora, e logo depois retorna algumas casas.

Mesmo nas quartas de final da Copa Sulamericana, o Bahia não conseguiu convencer em desempenho ao longo dos últimos três meses. Chegou a encaixar uma sequência de quatro vitórias no início de novembro, mas retomou o cenário de irregularidade posteriormente. Ofensivamente, momento em que Mano nunca chegou a produzir algo de tão relevante em suas equipes, também há problemas. A ausência de um padrão mais bem estabelecido de ocupação de espaços e movimentação no campo de ataque é o principal deles. O time funciona nos contra-ataques e quando é mais vertical, mas precisa de um sistema defensivo mais sólido para ser competitivo assim.

Diante do cenário, poupar atletas importantes no Brasileirão para colocar força máxima na Copa Sulamericana soa como uma grande incoerência de Mano Menezes. Nada leva a crer neste momento que o Bahia é de fato um dos postulantes ao caneco internacional. Mesmo com um nível de enfretamento ainda limitado, não conseguiu vencer o Defensa y Justícia em Salvador. Se passar, terá adversários mais capacitados pela frente. Enquanto isso, a zona de rebaixamento do campeonato nacional vai crescendo no retrovisor