Grêmio pode render mais em jogos grandes
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Renato Gaúcho é o treinador com o trabalho mais longevo do Brasil. Assumiu o Grêmio pela 3ª vez na carreira em setembro de 2016. São quatro anos e três meses no cargo. Os cinco títulos conquistados no período, as muitas semifinais importantes, a hegemonia sobre o Inter e o desenvolvimento de jovens jogadores falam por si só. Resultado há! Mas e a qualidade do jogo? De meados de 2018 pra cá, o Imortal sempre pôde mostrar mais, principalmente em momentos decisivos.
Não abordarei especificamente no texto os insucessos do período. O Grêmio foi humilhado pelo Flamengo na semifinal da Libertadores de 2019. Caiu de forma contundente para o Santos nas quartas deste ano. E foi mais coadjuvante do que protagonista nos últimos Brasileirões, mesmo tendo condições para disputar o título. Renato sempre justificou a opção de escalar muitos reservas na competição com a escassez de peças no elenco. Em 2020 tem um plantel mais robusto, diminuiu os ''times mistos'', mas segue no mesmo papel.
Com raríssimas exceções ao longo desses quatro anos o Grêmio não deixou de ser competitivo. Não se pode apontar isso. O time sempre mostra um bom poder de adaptação ao cenário dos jogos, marca com competência, tem intensidade nas ações e concentração, mas a bandeira de ''melhor futebol do país'', sempre encampada por Portaluppi, desaparece em momentos mais decisivos.
A postura diante do São Paulo, nos dois jogos pelas semifinais da Copa do Brasil, foi exatamente a mesma adotada na maioria dos últimos Grenais. Atenção máxima sem a bola, intensidade e força nos encaixes de marcação, e contra-ataque ou bola direta para Diego Souza ganhar pelo alto. É pouco! Saber se adaptar momentaneamente a determinados contextos não significa assumí-los de forma constante.
Não há nenhum demérito em jogar assim. Há muitas formas de vencer e ser superior ao adversário no futebol, mas a partir do momento em que se tem material humano para mostrar mais e se repete o mantra do ''jogo bonito'' a cada três entrevistas, é saudável que se cobre algo diferente. O Grêmio pode muito mais. E debater isso fará bem a todos. Ao clube, jogadores, a Renato e ao futebol brasileiro como um todo.
Na última década assistimos uma infinidade de campeões com desempenho muito questionável no Brasil. O Grêmio nos brindou com uma Libertadores em que mostrou mais do que isso, foi diferenciado, mas o encantamento de uma certa forma se perdeu. Lutar em campo e marcar bem não anula uma proposta ofensiva mais bem elaborada em jogos de grande exigência, principalmente com quatro temporadas de uma mesma filosofia.
Renato tem muitos méritos no comando do Grêmio. Mudou sistema de marcação com bola rolando e bola parada quando assumiu em 2016. Mantém uma ocupação de espaços e movimentação padrão no campo de ataque. Maneja muito bem o vestiário. Mas tem se notabilizado mais pela retórica que pelo desenvolvimento do time nos últimos dois anos.
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