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Rodrigo Coutinho

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Entenda por que Filipe Luís voltou a render bem

Colunista do UOL

05/02/2021 09h22

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Uma das mexidas feitas por Rogério Ceni nos últimos jogos é a responsável direta pela melhora de um dos principais jogadores do Flamengo. Filipe Luís teve uma considerável subida de produção recente. Entender as características técnicas, táticas e físicas de um atleta é determinante para o seu melhor aproveitamento em campo, e Ceni deu ao lateral aquilo que ele mais gosta.

Filipe Luís fará 36 anos em 2021. Já há algum tempo não é mais o lateral que foi durante muitas temporadas na Europa. No sentido de dar agressividade atacando bem aberto pela esquerda. Jogou bastante assim no Deportivo La Coruña e em alguns momentos de sua história de sucesso no Atletico de Madri.

Ao longo dos últimos anos foi desenvolvendo ainda mais a capacidade de articulação, gerenciar o ritmo do jogo, de descobrir os companheiros em regiões mais avançadas do gramado e em condições privilegiadas. Filipe é um ''lateral construtor'' há basicamente seis temporadas. Tite leu muito bem esta condição na Seleção Brasileira, Jorge Jesus foi convencido a utilizá-lo desta forma em 2019, e agora Rogério Ceni montou uma estrutura para isso.

Não adianta querer que Filipe dê 30 ''tiros'' por jogo aberto na faixa lateral. Não possui essa característica e condição física. Chegou a ser escalado assim em alguns jogos, buscou cumprir a função, mas oscilou além do que está acostumado. Com a ida de Arão para a zaga, Ceni reforçou uma ideia que apresentou desde o início.

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Na saída de bola, Filipe e Arão nas pontas do trio que inicia as jogadas do Flamengo. Gustavo Henrique entre eles
Imagem: Rodrigo Coutinho

Filipe se alinha aos zagueiros na saída de bola, monta uma primeira linha com três jogadores e acrescenta demais nos passes iniciais da equipe, um pouco mais centralizado que o comum. Quando a bola entra na faixa de articulação das jogadas, se solta pelo meio, basicamente na mesma região de Gerson e Diego, auxiliando na circulação da bola e verticalizando o passe rumo a meias e atacantes. Já no terço final, encosta do lado esquerdo para tabelas, triangulações e até algumas ultrapassagens.

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Na zona de articulação das jogadas Filipe forma uma trinca com Gerson e Diego, distribuindo os passes para o terço final do campo
Imagem: Rodrigo Coutinho

Para que haja uma ocupação racional dos espaços e o Flamengo possa circular a bola com eficiência no campo de ataque, é necessário que Arrascaeta ou Bruno Henrique deem amplitude pela esquerda, se coloquem como opção de passe no setor que Filipe Luís poderia ocupar. Ceni chegou a montar um 4-2-3-1 com Bruno Henrique mais fixo na esquerda, mas mudou de ideia ao perceber toda a sinergia que há quando o camisa 27 atua perto de Gabigol.

Com a volta do 4-4-2, há agora uma alternância na peça que ocupará o flanco esquerdo. Arrasaceta, Bruno Henrique e até Gabigol fazem esse papel, numa variação que lembra demais o funcionamento ofensivo do time de Jorge Jesus no setor esquerdo. Tendo que ocupar uma faixa menos extensa do campo, Filipe cresce em desempenho físico, elevando o nível de sua participação no sistema defensivo e nas transições.

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A participação prossegue no terço final. Se oferecendo como base para tabelas e triangulações, e em alguns momentos fazendo ultrapassagens
Imagem: Rodrigo Coutinho

Como podemos ver, atacar no futebol de hoje exige critério e o desenvolvimento de ideias coletivas para que o time tenha ocupação de espaços eficiente, e movimentos bem coordenados perto da área. O aproveitamento de Filipe Luís nas últimas partidas é um bom exemplo para entendermos toda a complexidade por trás de uma organização ofensiva. Não é só distribuir camisas aos melhores jogadores.