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Status de Renato hoje é incompatível com seu trabalho no Grêmio
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É preciso ressignificar a avaliação em torno de Renato Portaluppi como treinador. Campeão da Libertadores 2017 com o Grêmio, vice com o Fluminense em 2008, conquistou também duas Copas do Brasil (2007 e 2016), três estaduais gaúchos em sequência e uma Recopa Sul-Americana em 2018. É vencedor em quase 20 anos de carreira na beira do campo, mas o olhar precisa ir além disso.
Essa abordagem não é para ser feita só com Renato, mas com todos os técnicos. O trabalho tem que ser analisado! Como a equipe se organiza nas diferentes fases do jogo, o aproveitamento de jogadores em funções certas, a definição de estratégias para determinados cenários, a aprovação e o descarte de alguns nomes, o aproveitamento de jovens, e a gestão do grupo de jogadores.
Renato completa neste mês de março quatro anos e cinco meses ininterruptos no cargo de treinador do Grêmio. É, de longe, o trabalho mais longevo entre treinadores na elite do futebol brasileiro, mas o rendimento do time em campo não demonstra isso. Não houve quebra na filosofia de jogo buscada ao longo desse tempo. Jogadores importantes saíram e outros chegaram, a grande maioria com a chancela dele. O nível do elenco melhorou, mas o desempenho vem em declínio acentuado.
Pode-se argumentar que o Tricolor mais uma vez chegou à Libertadores da América. Terminou o Brasileirão em sexto, abaixo daquilo que era esperado, e foi finalista da Copa do Brasil, quando foi bem inferior ao Palmeiras e ficou merecidamente com o vice. Não se trata de dizer que o Grêmio não é competitivo. O time sabe se comportar na grande maioria dos jogos. Dificulta para os adversários com atitude em campo, concentração e força no momento defensivo e transições na maioria das vezes, mas com a bola pouca coisa acontece.
Um dos mantras repetidos por Renato é que o ''time dele joga bola''. Será? Desde 2018, o Imortal vem tendo um problema muito grande ao se aproximar da área rival. Faltam movimentos coletivos coordenados para criar espaços e aumentar as opções de jogadas dos atletas. Tudo acaba sendo muito aleatório e baseado na qualidade individual. Nem sempre ela resolve no futebol de hoje. Os sistemas defensivos estão cada vez mais bem ajustados.
Sobre a questão tratada acima, Portaluppi costuma repetir: ''não posso podar a criatividade dos meus jogadores, tenho que dar liberdade de escolha a eles dentro de campo''. Mas quem disse que uma coisa inviabiliza a outra? Treinar mecanismos automáticos de movimentação e ocupação de espaços no terço final do campo vai aumentar as opções de jogada de quem estiver com a bola. A decisão a ser tomada seguirá sendo do jogador, mas com um cenário mais propício para o acerto e a sua própria inventividade.
Não haveria problema em se impor sem a bola. Buscar um ''jogo mais direto'' e contra-ataques, como o Grêmio já fez algumas vezes nos últimos anos, mas essa não é a busca padrão. O próprio técnico repete inúmeras vezes: ''meu time gosta da bola, vai ser sempre agressivo, é o melhor futebol do Brasil''. Não é não, Renato! Há pelo menos três temporadas deixou de ser.
A cobrança a ele é necessária, principalmente porque mostrou em outros momentos que pode apresentar mais. O que se espera de um trabalho prestes a completar cinco temporadas é muito diferente do que vemos o Grêmio fazer em campo há pelo menos dois anos. Neste momento parecem risíveis as projeções de vê-lo como técnico da Seleção Brasileira num futuro próximo. Precisa mostrar mais!
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