Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Confira o que deve definir as brigas por titularidade no Inter
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15 dias e quatro jogos sob o comando de Miguel Ángel Ramirez é tempo suficiente para perceber que o Internacional busca um estilo de futebol diferente do que praticava. Expliquei aqui no blog as diferenças e a paciência necessária para que as ideias possam se desenvolver e o time evoluir. Dentro desse cenário estamos assistindo a uma ferrenha disputa por posições em diversos setores da equipe.
Adepto do rodízio nas escalações, Ramirez dificilmente terá um ''11 titular'' fixo na maioria dos jogos. No Independiente del Valle mexia bastante em algumas funções e até fazia improvisações. É natural que isso ocorra também no Colorado. Nas partidas sob sua regência isso já ficou nítido, principalmente pelo início de temporada e a preocupação com o desenvolvimento físico dos jogadores para aguentar o pesado 2021 que vem pela frente.
Edenilson, Cuesta, Patrick, Bruno Praxedes e Rodinei são os que parecem sair na frente por mais minutos como titulares. O retorno de Saravia após grave lesão deve tirar esse status do lateral-direito, mas há duelos interessantes e que devem ser definidos pela proposta geral do treinador. Entenda:
Danilo Fernandes x Marcelo Lomba
Na ideia de jogo de Ramirez é determinante que o goleiro tenha desenvoltura com os pés. Certamente o arqueiro do elenco que mais possui essa qualidade é o jovem Daniel, que foi titular nas primeiras rodadas do Gauchão, na equipe de transição, mas oscilou em alguns lances e freou a empolgação com o ganho de espaço que parecia ter. O treinador já disse que dará chances a ele, mas neste momento não parece que brigará pela camisa 1.
Danilo Fernandes então acaba saindo na frente de Marcelo Lomba. Cada um atuou em duas partidas até o momento, e defendendo a meta têm qualidades semelhantes. Danilo possui um pouco mais de qualidade no passe e reage melhor quando pressionado. Contra adversários que marcam em bloco alto, o Inter vai tentar sair trocando passes curtos ou fará inversões em diagonal buscando o ponta do lado contrário em profundidade, a bola precisa chegar redonda no pé do zagueiro que fará esse passe.
Zé Gabriel x Lucas Ribeiro
Aqui a disputa é muito parelha. São dois zagueiros jovens e de características próximas. Constroem bem o jogo, possuem o primeiro passe qualificado e são corajosos para arriscar e carregar a bola quando necessário, valencias que se encaixam perfeitamente naquilo que Ramirez espera de um zagueiro. Outro detalhe que os favorece é a velocidade para uma transição defensiva eficaz.
Zé Gabriel foi titular em três partidas. Lucas Ribeiro em duas. O segundo tem mais experiência e oscila menos, mas o primeiro pertence ao clube, e dificilmente o Inter terá dinheiro para pagar a multa rescisória de Lucas. Tentar a renovação do empréstimo com o Hoffenheim, que vai até o final de 2021, é uma alternativa, mas não tão provável. É possível que Ramirez dê prioridade ao desenvolvimento da ''prata da casa'', uma de suas especialidades, e que pode render dinheiro ao clube.
Moisés x Léo Borges
O lateral-esquerdo foi titular absoluto do Inter na última temporada. Teve bons momentos, mas seu estilo não encaixa tanto com aquilo que Ramirez costuma pedir a um lateral. Eles trabalham mais por trás da linha da bola, fixando a linha de quatro no primeiro momento de construção e jogando pela faixa central quando o Colorado se estabelece no campo de ataque. É necessário mais poder de articulação. Rodinei também não tem essa característica pela direita, mas parece se adaptar melhor até aqui.
Léo Borges surge como uma alternativa. Menos experiente e forte, o lateral de 20 anos também não é especificamente um lateral articulador, mas a relação com a bola é mais íntima numa comparação a Moisés. Sem contar que é mais um oriundo da base com boa margem de evolução, se encaixa no perfil da possibilidade de retorno financeiro ao Inter. A dele, porém, é jogar atacando o ''corredor'' do campo, mais aberto.
Dourado x Lindoso
A função de ''camisa 5'' bem-feita é determinante para o funcionamento dos times de Ramirez. Este precisa ser um jogador com ótima gestão no meio-campo. Saber a hora de ''alongar'' uma jogada sem rifar a bola, de jogar ''curto'' com qualidade e rapidez, de romper a linha de marcação do meio adversário com um passe, e se posicionar corretamente para receber a bola dos zagueiros e do goleiro. O termômetro do time. Não é simples. E os ''Rodrigos'' da volância colorada não preenchem exatamente os requisitos. O jovem Johnny pode surpreender se tiver chances.
Rodrigo Lindoso ainda consegue distribuir o jogo com mais qualidade, mas falta um pouco mais de velocidade na circulação da bola. Rodrigo Dourado faz o básico. Não compromete, mas não é o diferencial que a equipe precisa para que as ideias se desenvolvam. A questão é que oferece um posicionamento muito eficaz à frente da última linha, acrescenta bastante nas bolas aéreas e nas transições defensivas, o que parece pesar a seu favor neste princípio.
Marcos Guilherme x Yuri Alberto x Caio Vidal
Na ponta direita, se a discussão for para o lado da qualidade, Yuri Alberto sobra. Por que então não vem tendo mais sequência como titular no setor? Primeiro porque também foi utilizado como centroavante, e segundo: precisa aprender a ser um ''ponta posicional''. Yuri é um jogador inquieto em campo. Costuma se mexer por mais de um setor, o que vai de encontro à proposta de Ramirez para os pontas.
No modelo colorado, os pontas precisam ''abrir'' o campo, dar amplitude ao time, alargar a equipe adversária para receberem em condições das jogadas individuais ou abrirem espaços centrais para a infiltração dos meias e laterais. Marcos Guilherme e Caio Vidal parecem mais adaptados neste contexto, mas a tomada de decisão de ambos é imprecisa na maioria dos lances. Com o tempo, a tendência é a fixação de Yuri no setor, formando o ataque com Guerrero e Patrick.
Guerrero x Thiago Galhardo
Na luta pela ''camisa 9'' ainda há um terceiro elemento menos badalado, o uruguaio Abel Hernandez, que não possui características que o capacitem para cumprir a função no atual contexto colorado e deve ficar de fora da briga. Em forma, Guerrero é sem dúvidas o ''cara'' para Ramirez. Além do nível que acrescenta, sabe trabalhar de costas como poucos no futebol brasileiro e automaticamente se encaixa no estilo de posse e construção criteriosa dos ataques.
Galhardo também sabe fazer isso. É um meio-campista de formação e finaliza até melhor que Guerrero, o que pode lhe ajudar na disputa. É seis anos mais jovem e garante mais vitalidade ao longo de todo o jogo, mas atuando como referência central no ataque não rende a mesma coisa do que quando joga com um companheiro de frente. Terá que se adaptar para vencer esse difícil duelo.
Reforços e demais peças
Numa avaliação inicial do elenco colorado, aplicada ao modelo de jogo que está em desenvolvimento, é nítida a necessidade de reforçar a posição de volante e a lateral-esquerda como prioridades. Pode dar certo com os atuais atletas, mas as adaptações costumam deixar lacunas de desempenho quando a exigência é maior. Maurício e Carlos Palacios são dois atletas de potencial que não aparecem nas disputas acima, mas devem crescer ao longo da temporada.
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