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Conheça Matheus Costa, o técnico mais jovem das Séries A e B
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A média de idade dos treinadores brasileiros nos últimos anos caiu consideravelmente. A valorização do estudo e da preparação para comandar uma equipe, o desenvolvimento tático e o alinhamento com as novas ferramentas e tecnologias ainda está longe de alcançar o padrão europeu, mas é fato que se tem valorizado quem se prepara por aqui. O ''fenômeno etário'' tem a ver com isso. É hora então de conhecer o mais jovem deles. O técnico Matheus Costa.
Aos 34 anos de idade, ele dirige o Operário de Ponta Grossa desde outubro de 2020. Conseguiu levar a equipe do interior paranaense a segunda melhor campanha do returno da última Série B e já possui um acesso para a Série A em seu currículo, com o Paraná, em 2017. Passou também por Joinville, Confiança e Paysandu como treinador. O curitibano que tentou carreira como jogador e está ligado ao futebol desde oito anos de idade, afirma que o Liverpool de Klopp é sua principal referência.
1 - Você é o técnico mais jovem entre as Série A e B. No seu elenco há atletas mais velhos que você e alguns da mesma idade. Como lida com essa questão? Qual é o ponto negativo e o ponto positivo disso?
MC: Não vejo o fator idade para treinador um fator a ser tratado. Eu procuro gerenciar meu grupo e passar uma ideia de jogo para eles, utilizando a estratégia necessária para buscar os resultados. Nunca tive problema algum pelo fator idade com relação a todos os elencos que trabalhei, tudo ocorre da forma que você trabalha, seja no campo ou no vestiário para passar a ganhar o respeito do seu elenco.
2 - Você passou pelas divisões de base de clubes grandes como, Fluminense, Internacional, Coritiba e Athlético Paranaense. Certamente lidou com atletas que já tinham uma certa relevância dentro desses clubes. Gerir grupos de jogadores com cabeças e ''tamanhos'' diferentes é o principal desafio para um treinador?
MC: O principal desafio para um treinador talvez seja liderar um grupo de atletas e todos comprarem esta liderança, sabendo que terá momentos que nem todos terão oportunidades de jogo. Aí começa a ter problemas para você solucionar. O atleta compreender que você não está utilizando, mas em um outro momento ele poderá ser importante, e para isso ele deve continuar mantendo seu treinamento em alto nível. Cabe ao atleta compreender isto, já trabalhei com atletas consagrados e vitoriosos que entenderam, e atletas recém promovidos da base que geraram mais desconforto para gerir. Cabe muito ao entendimento de cada um, independentemente do seu histórico e "tamanho".
3 - Observando o seu trabalho no Operário desde o ano passado, é perceptível um desenvolvimento de um modelo de jogo que engloba uma postura reativa em determinadas partidas, mas que também desenvolve ideias ofensivas bem nítidas em outros momentos. Qual é a importância disso para uma competição como a Série B?
MC: Disputarei minha quinta Série B consecutiva nesta temporada. Particularmente é uma competição que conheço muito bem e está cada vez mais clara a evolução tática do campeonato. Equipes que vencem por estratégias muito bem estruturadas em determinado jogo. Acredito que você deva ter equilíbrio em todos os momentos e ir para a partida reconhecendo todas as qualidades e dificuldades do adversário para buscar o resultado. Por ter equilíbrio individual muito próximo de uma equipe para outra, o coletivo pode fazer a diferença, e cabe ao treinador utilizar a estratégia necessária para buscar a superioridade dentro. Para isso você tem que conhecer o seu adversário em termos individuais e coletivos. e reconhecer a melhor maneira para buscar a vitória. Meu modelo de jogo dificilmente se altera de um jogo para outro. A estratégia é que pode sofrer alterações, com os atletas conscientes do que devem fazer para buscar a vitória.
4 - Se tivesse que definir uma ideia base de jogo para suas equipes, qual seria?
MC: De forma clara e objetiva o Liverpool do Klopp hoje é a equipe que mais me agrada apreciar, tem sua ideia clara e responde ao jogo para vencer, se for para jogar em transição tem uma transição espetacular, se for para propor já demonstrou sua capacidade de envolver, sempre mantendo sua ideia de jogo e adaptando-se a partida para buscar a vitória.
5 - Como recebeu a mudança de regra envolvendo demissão e contratação de treinadores para os campeonatos das Séries A e B? Acha que melhorou ou não resolve muita coisa?
MC: Você criar uma regra para isto por si só já é uma preocupação, porque mostra como as mudanças são rotineiras no Brasil. É um pequeno passo, mas com as regras criadas (uma troca pelo clube, o auxiliar da casa pode assumir além da primeira troca do clube) tenho que acreditar para ver se existirá uma melhora.
6 - Como trabalha a relação com seus analistas de desempenho e scouts do Operário? Fale sobre a importância de integrar essas frentes.
MC: Para mim o analista de desempenho exerce um papel tão importante e tem que existir tanta confiança quanto o de um preparador físico ou auxiliar técnico por exemplo, pois é um cargo que tem que estar alinhado com o treinador. Penso que esta seja uma função que teria que ser indicada também pelo treinador, pois no meu trabalho dependo muito de um alinhamento com o analista, como os estrangeiros que estão vindo para o Brasil e trazem o seu analista junto com sua comissão. Ele compreende as ideias do treinador já analisando tanto a sua equipe quanto os seus adversários, isso faz ganhar tempo, e no calendário brasileiro ganhar tempo é essencial para sua preparação.
7 - Quando você assumiu o Operário no ano passado a equipe estava na 12ª colocação na Série B, apenas quatro pontos à frente do Z-4. Ao término da competição o time ficou em 8º, quatro pontos atrás da zona de acesso. O que foi determinante para a reação? Dá pra sonhar com algo a mais esse ano?
MC: Acredito que a fácil assimilação dos atletas e a autonomia de trabalho, o respaldo que a diretoria deu para realizar mudanças no elenco, seja em liberação de atletas e reforços de acordo com a realidade financeira do clube. Com isso tivemos a segunda melhor campanha do 2º turno, foram dez vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Campanha de acesso e briga por título. Nosso sonho em 2021 é atingir 45 pontos o mais rápido possível para garantir a permanência, buscar uma pontuação melhor que ano passado, e assim vermos aonde poderemos chegar.
8 - Qual atleta pode se destacar na equipe na competição deste ano?
MC: Ricardo Bueno foi nosso artilheiro ano passado chegando no segundo turno. Acredito que ele possa continuar dando alegria ao nosso torcedor. Óbvio que com toda uma engrenagem por trás. O individual aparece somente em um contexto coletivo. Todos são importantes para alguém se sobressair de forma individual.
9 - Em 2017 você conseguiu um acesso para a Série A com o Paraná, disputou as últimas duas Série B como treinador com bom desempenho. Qual é o segredo para ser competitivo nela?
MC: Conhecer seu elenco e deixá-los no limite de suas capacidades, reconhecer e analisar as qualidades e deficiências de seus adversários, estabelecer um ambiente de confiança no seu clube (diretoria, atletas, staff e comissão técnica), e estar na busca incessante pela evolução individual e coletiva.
10 - Qual é a projeção que faz para a sua carreira nos próximos anos? Acha que pode melhorar em que para elevar o nível como treinador?
MC: Estou muito feliz e realizado com todos os passos que tenho dado em minha carreira, nunca projetei ou planejei algo futuro, costumo viver de forma intensa o presente e deixar acontecer. Considero nada mais importante do que estarmos vivendo o hoje, então procuro fazer o meu melhor e deixar fluir ao natural.
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