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O Remo é o Norte na Série B. Como o clube se prepara para tentar subir
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Único clube da região norte entre os 40 que disputarão as Séries A e B a partir do final de maio, o Remo retorna a um cenário de maior visibilidade nacional depois de 14 anos. Como o tradicional clube paraense está se preparando para o desafio? Quais são os objetivos e anseios neste primeiro momento? Estas e outras respostas na entrevista abaixo com o diretor de futebol do clube, Dirson Medeiros.
Ele acredita ser possível sonhar com um retorno para a Série A, competição que o clube não disputa desde 1994, quando ficou na 23ª colocação e foi rebaixado. Confira.
Há mais de cinco anos você é diretor de futebol do Remo, algo muito incomum no futebol brasileiro. O que foi determinante para ficar esse período no cargo, mesmo com mudanças no comando do clube?
DM: Sem dúvida o trabalho realizado e os objetivos conquistados. Eu me tornei diretor de futebol em 2015, enquanto o clube disputava o Campeonato Paraense e vinha de uma campanha ruim, lutando para ser campeão e poder sonhar com uma vaga na Série D. Eu aceitei o desafio e, com a união de todos que faziam o clube naquela campanha, nós conseguimos conquistar o campeonato estadual e, consequentemente, uma vaga para a Série D, além de sermos vice-campeões da Copa Verde. Chegamos na Série D já com meses de salários atrasados e, para piorar, tivemos que disputar três dos quatro primeiros jogos do quadrangular fora de casa, em outra cidade, de portões fechados, por conta de uma punição, mas graças a Deus, ainda em 2015, nós conseguimos o acesso para a Série C. Depois disso, houve uma mudança de gestão no clube e eu continuei no cargo num mandato temporário de nove meses. Nesse período, fizemos uma boa campanha na Série C - a melhor até então antes de 2019 - e reorganizamos o clube administrativamente, porém ainda não havíamos conseguido conquistar o acesso. Em 2019, eu retornei ao clube. Naquele ano, nós fomos campeões paraenses, fizemos outra boa Série C, mas, infelizmente, o acesso novamente não veio. Continuamos o trabalho e, no campeonato de 2020, que se prolongou até 2021 em virtude da pandemia, nós conseguimos o acesso à Série B do Brasileirão e fomos vice-campeões do campeonato estadual e da Copa Verde.
Depois de 14 anos o Remo volta a disputar uma Série B. Qual é o real objetivo do clube na competição deste ano? É possível sonhar com o acesso?
DM: Eu acho que é possível, sim, sonhar com o acesso. Vamos disputar a Série B mais difícil dos últimos anos. Vários campões nacionais também estão disputando, como o Vasco, Botafogo, Cruzeiro e Coritiba. Então vamos montar um elenco forte para ficarmos na parte intermediária da tabela e, se vermos que é possível conquistarmos o acesso, vamos lutar por isso. Mas o nosso principal objetivo é ficar pelo menos na parte intermediária da tabela.
O aumento na receita de um clube que sobe da Série C para a Série B é de fato relevante? Em quanto isso aumentou o potencial de investimento do Remo?
DM: Há um substancial aumento da receita do clube. Primeiro porque na Série C nós não tínhamos uma cota de TV e a partir de agora nós temos. Além disso, pelo fato de os 38 jogos serem transmitidos para o Brasil e para o exterior, nós conseguimos captar patrocínios maiores, fazer contratos mais atraentes com empresas de material esportivo, fora o engajamento do torcedor, ações do clube, e o incremento do sócio-torcedor que aumentou com a ida para a Série B.
Como as avaliações dos trabalhos de atletas e comissão técnica são feitas? Há um colegiado ou as coisas são definidas por uma figura central?
DM: Na verdade há, sim, um colegiado. Eu acho que várias pessoas decidindo uma contratação, um investimento no futebol do clube, faz com que os erros diminuam. Algum ponto que um não esteja enxergando, outro vem e enxerga. O clube tem outros dois diretores, o Yan Oliveira e o Paulo Mota Filho. Participa também de todas as decisões relacionadas ao futebol, até para termos respaldo sobre a parte jurídica das contratações, o diretor jurídico Pietro Pimenta, o executivo de futebol Thiago Alves e o presidente do clube, Fabio Bentes, além dos dois vice-presidentes, Marcelo Carneiro e Antônio Carlos Teixeira. Em todas as decisões de contratação, de ações maiores, a gente junta o colegiado e decide. Geralmente é uma decisão tranquila porque todos têm um pensamento igual em relação ao clube, algo moderno, de investimento e valorização, tanto na parte do esporte quanto na parte administrativa e estrutural.
E as contratações? O clube segue um padrão de monitoramento interno através de profissionais de scout ou faz mais investidas baseadas em contatos com empresários e pedidos do treinador?
DM: O nosso setor de análise de desempenho tem um banco de dados, e monitoramos alguns jogadores que estão disputando campeonatos por outras equipes. Além do setor de análise, nós, diretores, também temos nosso banco de dados, acompanhamos alguns jogadores e o treinador pede alguns atletas que estão na lista dele.
Belém é a cidade mais afastada da grande maioria das outras com clubes na Série B. Como o Remo planeja a maratona de viagens e jogos? A montagem do elenco também passa por isso?
DM: Essa é uma situação bem complicada. Nós estamos no Norte do Brasil, que é um país de dimensões continentais. Para o Campeonato Brasileiro há apenas uma companhia aérea que presta serviço para as equipes, e a malha aérea de Belém é bem difícil. Então nós sempre temos muito problema com relação à logística. Para citar um exemplo: pela Copa Verde, para irmos a Manaus, um estado vizinho, tivemos que pegar um voo para Brasília, e de lá outro para Manaus. Na volta tivemos que ir de Manaus para São Paulo, pernoitar lá, e vir para Belém no outro dia, pela ausência de opções.
Nos últimos anos tem sido comum a montagem de muitas equipes da Série B em meio a competição. Jogadores vão chegando até o início do 2º turno e o que se vê, muitas vezes, é dificuldade para ganhar conjunto e definir um modelo competitivo. Vocês trabalham com um prazo específico para reforçar o elenco visando a Série B?
DM: Quanto ao elenco, por conta da maratona de jogos e viagens ser desgastante, nós contratamos jogadores pensando também nisso, na pouca quantidade de contusão do atleta. Procuramos investigar quando ele chega aqui; se a parte física aguenta essa maratona, se não tem nenhum problema que possa interferir no seu desenvolvimento. Além disso, nós buscamos também jogadores que já tenham jogado uma Série B, que já conheçam a competitividade do campeonato. E claro, jovens, já que têm uma recuperação melhor e mais rápida. Em razão dos jogadores preferirem os campeonatos estaduais que têm mais visibilidade nacional, como o Paulista e o Carioca, nós sempre temos dificuldade de trazer algumas peças no início da competição. Mas esse ano conseguimos trazer alguns jogadores já de série B, além de termos montada uma espinha da equipe boa e além da permanência do Paulo Bonamigo, o nosso treinador.
Se você tivesse que fazer uma aposta individual de destaque do atual elenco para a Série B deste ano, quem seria?
DM: Tem vários jogadores aqui que vão ter destaque no Remo neste Brasileirão. Alguns bem conhecidos nacionalmente, como o Felipe Gedoz, Renan Gorne, Wellington Silva, Anderson Uchôa, Lucas Siqueira, Edson Cariús, Rafael Jansen, Renan Oliveira, Fredson, Marlon, Vinícius. Mas há um jogador que tem subido de produção a cada treino, a cada competição, que é o Dioguinho, e nós acreditamos que ele vá fazer um grande Brasileiro, ser um dos destaques do campeonato.
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