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Rodrigo Coutinho

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Guia da Libertadores - Tudo sobre o Grupo D

Colunista do UOL

16/04/2021 04h00Atualizada em 16/04/2021 09h24

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Hoje é dia de conhecermos mais a fundo o Grupo D da Libertadores 2021. O River Plate, de Marcelo Gallardo, o Santa Fé, o Fluminense, e o Junior Barranquilla, que eliminou o Bolivar na fase prévia, formam a ''escamada'' chave. O time argentino se sobressai naturalmente, mas a competitividade deve ser bem alta. Confira

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Borré quase fechou com o Grêmio, mas vai disputar mais uma Libertadores pelo River
Imagem: Rodrigo Coutinho

River Plate e favoritismo são sinônimos nas últimas edições de Libertadores. Campeão em 2018, vice nos acréscimos em 2019, e eliminado nas semifinais dando um sufoco danado no Palmeiras em 2020. Tudo isso com um desempenho de excelência para o nível do futebol jogado na América do Sul. É impossível não citar ''Los Millonarios'' como principais candidatos ao caneco.

Gallardo perdeu Nacho Fernandez, mas ganhou uma baita recomposição com Palavecino, que era destaque no Deportivo Cali e volta ao clube. Pinola sofreu lesão grave no braço e começa de fora, mas Héctor Martinez retornou após ótima temporada no Defensa y Justícia e Maidana também está de volta. Armani, Montiel, Casco, Paulo Diaz, Angileri, Enzo Pérez, Carrascal, De la Cruz, Borré, Matias Suarez e Julián Álvarez formam a espinha dorsal de um dos principais elencos da competição. Qualidade alta!

Como se não bastasse, a equipe mantém o futebol ofensivo e dominante visto nos últimos anos. Alterna entre o 4-1-4-1 e o 4-1-3-2 sem mexer nas peças, e em determinados jogos forma com uma linha de três atrás. Muita pressão na bola no campo de defesa do adversário, posse como premissa, liberdade de movimentação e ataques constantes à última linha rival. Controla e agride com veemência os adversários.

É provável que nesta fase de grupo vejamos o River com um certo ar ''blasé''. Isso vem acontecendo em algumas partidas nos últimos anos, fruto da autossuficiência gerada pelos anos de bom futebol, mas Gallardo já disse que estará atento, e é difícil crer em uma campanha ruim em função disso. Nos momentos de concentração, o time se impõe com contundência.

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Osorio é o destaque do Santa Fe
Imagem: Rodrigo Coutinho

Dono da sexta maior torcida colombiana e nove vezes campeão nacional, o Santa Fe está de volta à Libertadores com um time competitivo. Nada que encha os olhos ou assuste, mas é bom que Fluminense e Junior estejam atentos. A equipe comandada por Harold Rivera tem trunfos para desbancar favoritos, principalmente dentro de seu estádio.

Jogando em Bogotá, no El Campin, o Santa Fe perdeu apenas uma vez nos últimos seis meses. Gosta de se impor marcando no campo adversário com força, mas ao retomar a bola depende muito de boas atuações de Kelvin Osorio, o jogador mais regular do time, e do experiente Sherman Cárdenas, ex-Galo e Vitória. Os canhotos se procuram e costumam articular boas jogadas, mas sem um plano coletivo mais elaborado para isso. Tanto que o time tem muitos problemas quando pega adversários mais fechados ou que exercem boa marcação em sua saída de bola. Não há qualidade para construir com passes curtos desde a primeira linha, como tenta muitas vezes.

Fisicamente é forte no meio-campo, o que faz com que tenha o controle do setor muitas vezes. Harold Rivera assumiu o Santa Fe em agosto de 2019 e o clube estava na última posição do Campeonato Colombiano. Após uma campanha de recuperação terminou em quarto lugar. Em 2020, foi vice para o América de Cali, e na atual edição é o terceiro colocado, um ponto atrás do Atlético Nacional. É competitivo. Perdeu só três jogos nos 17 aqui da competição.

Outra figura conhecida no futebol brasileiro em seu elenco é o meia Seijas, ex-Inter e Chapecoense. Por ora vem sendo reserva, mas pode recuperar espaço. Em relação ao time de 2020, perdeu os argentinos Fabian Sambueza e Cucchi, mas trouxe o volante Leonardo Pico e o atacante Andrés Renteria, titulares com frequência. O próprio Cárdenas é ''cara'' nova no elenco modesto, mas que pode incomodar gente mais graúda.

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Nenê segue jogando bem no Fluminense
Imagem: Rodrigo Coutinho

Outro que retorna para a principal competição sul-americana é o Fluminense. Começou 2020 desacreditado e fez grande campanha no Brasileirão, primeiro com Odair Hellmann e depois com Marcão no comando técnico. O segundo, inclusive, segue na comissão, agora dirigida por Roger Machado, mas uma parte considerável da torcida pediu sua efetivação na virada da temporada.

Com Roger, o estilo de jogo mais voltado aos contra-ataques não deve aparecer com tanta frequência. Em quase todos os seus trabalhos até hoje, o ex-lateral-esquerdo pede que as equipes fiquem mais com a bola e encontrem os espaços com paciência no campo de ataque. É desta forma que o Tricolor tem se comportado, mas logicamente muitos ajustes se fazem necessários.

Visando encorpar o elenco, a diretoria anunciou um pacotão de reforços nesta semana. Os atacantes Abel Hernandez e Bobadilla, o meia Cazares, e os zagueiros Manoel e David Braz chegam para disputar posição, mas causam dúvidas com relação ao que podem render. Cazares, por exemplo, tem qualidade indiscutível, mas acumula casos de indisciplina e uma postura pouco profissional muitas vezes.

Prestes a completar 40 anos, Nenê segue como destaque do time. Ele e Fred formam uma dupla de muita experiência e precisão nas finalizações. Kayky, Luiz Henrique, Martinelli, Calegari e Marcos Felipe são a ''cota de Xerém'' entre os mais frequentes na equipe titular. Qualidade e eficiência na transição ''base-profissional''. Circular a bola mais rápido e cuidar das transições defensivas são os pontos de melhoria urgente para brilhar de novo na Libertadores.

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Téo Gutiérrez pode fazer a diferença para o Junior se estiver concentrado no futebol
Imagem: Rodrigo Coutinho

Depois de eliminar Caracas e Bolivar, o Junior Barranquilla chegou a mais uma fase de grupos da Libertadores, a 17ª de sua história. O time faz campanha irregular no atual Campeonato Colombiano. É o sétimo colocado, abaixo das expectativas geradas com o time técnico que possui do meio pra frente, mas há outros detalhes a serem considerados. O Junior pode chegar ao mata-mata.

O ex-zagueiro Luis Perea é o treinador. Assumiu o time efetivamente em setembro de 2020 e promoveu uma evolução desde então. O principal ponto de melhora é mental. O time oscila demais na concentração em campo. Por vezes domina os jogos, cria chances, mas não converte bem na meta rival. Em outros momentos erra tomadas de decisão simples e dá espaços para o contra-ataque adversário.

O destaque é o atacante Téo Gutiérrez. Em sua quinta temporada nos ''Tiburones'', é o grande cérebro do time. Mesmo sendo um dos atacantes, recua alguns metros na intermediária e ''carimba'' quase todas as bolas, dita o ritmo, seja recebendo de costas ou de frente pra defesa oponente. Encaixa perfeitamente no estilo de posse da equipe. O Junior trabalha a bola de forma muito agradável de se ver.

Os meias Hinestroza e Daniel Gonzalez acrescentam demais neste ponto. O primeiro é uma ''bala'' pela esquerda, mas tem boa visão de jogo e passe. O segundo é o típico camisa 10. ''Esconde'' a bola, tem habilidade, dá assistências, e chuta bem de fora da área. Defensivamente a equipe melhorou. Marca com mais pressão na bola e tem uma dupla de zaga bem viril. Adversário competitivo.