Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
O que os brasileiros precisam fazer nesta semana de Libertadores
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Segunda das seis semanas consecutivas de Libertadores começando. Vamos abordar aquilo que cada um dos sete clubes brasileiros precisa fazer para se aproximar do melhor desempenho, e consequentemente obter o melhor resultado em campo. Confira
Flamengo x Union La Calera - Terça - 27/04 - 19h15 - Maracanã
Quem viu o confronto entre os chilenos e a LDU na 1ª rodada sabe que não se trata de uma ''baba''. A Union La Calera, atual vice-campeã nacional, mesmo mudando de treinador nesta temporada, mostrou um padrão de jogo definido e organização, além de intensidade com a bola no pé.
Com um time misto no final de semana, a equipe foi derrotada pelo O´Higgins por 1x0. O foco é conseguir pontuar no Maracanã. E é provável que o técnico Luca Marcogiuseppe monte uma estratégia pautada em contra-ataques, um pouco diferente do que foi o comportamento na estreia. A tendência é que o 4-3-1-2 do jogo inaugural seja mantido, mas recuando o bloco para surpreender o Flamengo.
Ter velocidade na circulação de bola de um lado a outro do campo será importante para o rubro-negro ''mexer'' a defesa rival. O time chileno possui certa dificuldade de fazer a flutuação defensiva com rapidez, e ao mesmo tempo fechar os espaços que surgem dentro de cada setor. Não protege tão bem a entrada da área.
Outro ponto importante é subir a marcação na maior parte do tempo. A ''Calera'' sabe jogar de forma direta, buscando passes em profundidade, mas teve muitos problemas recentes em cenários de pressão forte do adversário em sua saída de bola. Se fizer isso de forma intensa e compacta, o Flamengo tem tudo para sufocar.
Por último, mas não menos importante, repetir as ''pressões pós-perda'' que fez em algumas partidas recentes. Jeisson Vargas é o camisa 10 dos ''Cementeros'' e tem velocidade de ação e raciocínio com a bola, deixar os chilenos encontrá-lo para acionar a dupla Andrés Vilches e Rivero pode ser fatal num contra-ataque.
Atlético Mineiro x América de Cali - Terça - 27/04 - 19h15 - Mineirão
Depois de uma sequência de atuações abaixo da crítica, o Galo recebe o América de Cali. O time vem de um empate contra o limitado Deportivo La Guaira, quando pressionou bastante depois dos 30 minutos do 1º tempo, mas muito baseado na diferença técnica e física que tinha para o adversário. Mesmo assim, quase foi derrotado no fim. Éverson evitou o pior.
O cenário descrito acima nos leva a crer que, antes de entender virtudes e defeitos do América, é bom o Atlético começar a evoluir como time, algo que não vem acontecendo. Os titulares foram poupados no final de semana e a expectativa é que haja uma mínima melhora coletiva. Já o time de Cali, que também não vem jogando bem, perdeu o jogo de ida das quartas de final do Campeonato Colombiano. 2x1 para o Millionários dentro de casa, jogando com os titulares.
O atual bicampeão nacional tem três desfalques importantes. O zagueiro Marlon Torres, o defensor mais confiável do elenco. O experiente centroavante Ádrian Ramos. E o meia-atacante Lucumí. O técnico Juan Cruz Real vem sendo pressionado e é possível que arme o time mais defensivamente para não sair derrotado de Belo Horizonte.
A má notícia para o Galo é que, mesmo sendo uma equipe que busque a posse de bola para propor o jogo, o América de Cali acaba funcionando melhor, muitas vezes, em contra-ataques. Tem Vergara e Moreno, dois homens muito velozes nos lados o campo. Mesmo pecando nas tomadas de decisão, eles levam perigo com espaço para correr.
A boa notícia é a diferença técnica entre brasileiros e colombianos neste duelo. O América tem limitações bem consideráveis num comparativo com o alvinegro. Mesmo sem um padrão coletivo mais bem elaborado, é provável que o Atlético produza na base das individualidades. Explorar bastante Nacho Fernandez, Guilherme Arana e Keno é o caminho, além de ter intensidade nas ações, outro detalhe que tem faltado ao América.
Palmeiras x Independiente del Valle - Terça - 27/04 - 21h30 - Allianz Parque
Promessa de ótimo jogo em São Paulo. O Palmeiras, mesmo cedendo o empate em cinco minutos de desconcentração contra o Universitário, na 1ª rodada, fazia uma atuação consistente e mostrou organização. O Independiente del Valle vai buscar impor o seu jogo dentro do território alviverde. Gosta da bola e será agressivo no ataque.
Os equatorianos não entraram em campo no final de semana. A rodada do campeonato local foi adiada. Então puderam preparar-se de forma exclusiva para encarar o atual campeão da Libertadores. Com relação a proposta do time não deveremos ter surpresas. A equipe de Sangolquí costuma buscar a imposição através da posse, se utilizando de um ataque posicional para ocupar o campo rival.
Em entrevistas recentes, o técnico Abel Ferreira falou sobre a melhor forma, em sua visão, de encarar times que jogam desta forma. Adotar encaixes de marcação nos setores e algumas perseguições para inibir a boa ocupação de espaços que equipes assim possuem. O Palmeiras deve fazer isso, mas é necessário redobrar a atenção com a compactação dentro de um mesmo setor. Evitar ''alargamentos'' na última linha de defesa é primordial para impedir os movimentos de infiltração de Faravelli, Ortiz e Pedro Vite, por exemplo.
Adiantar o bloco de marcação também é uma alternativa interessante. O Del Valle vai insistir em uma saída de bola com passes curtos. Está preparado para isso, mas o Palmeiras já mostrou que sabe dar botes nas saídas rivais. Será um duelo interessante neste sentido. Quando o bloco de marcação recuar, é necessário redobrar a atenção com as inversões em diagonal. Elas partem dos pés dos zagueiros e encontram os alas bem abertos no lado contrário do campo.
Essa é a principal alternativa do Del Valle para furar bloqueios defensivos. Contra o Defensa y Justícia o empate não exprime exatamente o que foi o jogo. Os equatorianos criaram muitas oportunidades exatamente desta forma. Inversão para o lado contrário encontrando o ala bem aberto e atacando a linha de fundo. Na sequência um cruzamento preciso para uma área repleta de jogadores.
Internacional x Deportivo Táchira - Terça - 27/04 - 21h30 - Beira-Rio
Jogo importante e ao mesmo tempo perigoso para o Colorado. Por mais que haja uma diferença grande entre Inter e Táchira na parte técnica e até física neste momento, os venezuelanos mostraram um time organizado na estreia diante do Olimpia. No último final de semana entraram em campo com apenas três titulares e foram goleados pelo Zulia por 5x0, fator que aumenta ainda mais a responsabilidade dos gaúchos.
Não que o Inter não tenha obrigação de vencer. Os comandados de Miguel Ángel Ramirez são superiores e jogam em casa. Mais do que isso, foram derrotados na estreia para o Always Ready na altitude de La Paz, e não vencer significa começar a fazer contas para se classificar em um grupo que não trará desafios tão grandes numa primeira vista.
A partida terá uma cara bem previsível. O Táchira gosta de jogar em contra-ataques ou ligações diretas. Como o Inter não costuma renunciar à bola, vai se instalar no campo de ataque e buscar encontrar os espaços com seu ataque posicional. A boa notícia é a oscilação defensiva dos venezuelanos. Há constantes erros de posicionamento na última linha e os zagueiros e laterais não são confiáveis nos duelos individuais.
É improvável que o técnico Juan Tolissano faça com que sua equipe marque de forma mais adiantada, mas se isso ocorrer o Inter certamente terá espaços entre os setores, algo que acontece com frequência quando essa estratégia é adotada. O principal cuidado dos colorados precisa ser a transição defensiva. O Táchira tem um contra-ataque poderoso e organizado.
Os extremos Góndola e Nelson Hernandez são extremamente rápidos. Eles contam com Edgar Pérez e Lucas Gómez pelo meio. O primeiro não é veloz, mas tecnicamente é o melhor do time, soma sempre bons passes e finalizações. Já o segundo é o típico ''camisa 9'' de força e explosão para atacar espaços. Maurice Cova e Flores os acionam com qualidade. Reagir rápido ao perder a bola e sufocar os venezuelanos nas transições é obrigação para o Inter.
Boca Juniors x Santos - Terça - 27/04 - 21h30 - La Bombonera
O brasileiro com a situação mais complicada na Libertadores é o Santos. Além de perder em casa um jogo ''fora dos planos'' na estreia, contra o Barcelona de Guayaquil, encara ninguém menos que o Boca Juniors, na Bombonera. Para completar, o time ainda não conta mais com o venezuelano Soteldo, vendido ao Toronto FC, tem salários atrasados, e o técnico Ariel Holan pediu demissão nesta segunda-feira.
Superar todos esses problemas é o desafio. O argentino já vinha sendo questionado por parte da torcida, mas tem pouquíssima culpa na situação. Vinha tentando implementar um estilo de jogo bem diferente de seu antecessor, e ao mesmo tempo precisava lidar com perda de jogadores importantes em um elenco extremamente curto. Marcelo Fernandes deve ser o interino nesta terça.
O cenário para o duelo contra o Boca não é tão animador. A começar pelo encaixe entre as características das equipes. O Santos dificilmente terá outra postura que não seja buscar a bola para se estabelecer no campo de ataque, mas os Xeneizes sabem se proteger bem para sair em contra-ataques.
Contam com o colombiano Villa como principal ferramenta de ataque a espaços. Mesmo muito desfalcados, possuem um elenco mais valoroso que o do Peixe, além da tranquilidade obtida com a vitória em cima do The Strongest, na estreia, em La Paz. Certamente o técnico Miguel Ángel Russo ''deixará'' a bola com o Santos e vai especular com a necessidade brasileira.
Ausente em La Paz, Tévez deve ser titular. Lisandro López e Izqueirdoz esbanjaram segurança protegidos por um bloco de marcação mais recuado, algo que deve variar um pouco mais na Argentina. Ter velocidade na circulação da bola e explorar Marinho pela direita é o caminho mais interessante para o alvinegro, além de evocar a capacidade de superação da temporada passada.
Santa Fé x Fluminense - Quarta - 28/04 - 21h - Metropolitano de Techo
Depois de ter jogado melhor que a equipe mais poderosa do grupo na estreia, o Fluminense viaja para a Colômbia cheio de moral para encarar o Santa Fé. A goleada sobre o Madureira no final de semana também ajuda a reforçar o bom momento. Vencer em Bogotá é possível, mas o Tricolor terá que tomar alguns cuidados especiais.
Em primeiro lugar tentar pressionar a bola com mais força. Esse é um problema que vem sendo recorrente no Fluminense e apareceu diante do River. Por mais que não seja um time de tanto talento quanto os argentinos, o Santa Fé gosta de se impor através da posse. Vai se instalar no campo tricolor, e ter essa postura impedirá uma circulação de bola mais fluida dos colombianos. Talvez ter Wellington junto a Yago Felipe e Martinelli no centro do campo seja um bom caminho.
Outro detalhe que o Fluminense precisa se resguardar é a saída de bola. O Santa Fé costuma fazer boas pressões no campo rival neste momento. Tem força e organização para isso. Insistir neste cenário diante dos colombianos pode ser uma má ideia, principalmente tendo no elenco jogadores com potencial para receber ligações diretas. Fred, Abel Hernandez e Bobadilla são bons exemplos. Kayky, Luiz Henrique e Lucca atacam bem a profundidade.
No último final de semana o time de Bogotá voltou a jogar contra o Junior Barranquilla, que também integra o Grupo F, mas pelas quartas de final do Campeonato Colombiano. Perdeu a partida de ida por 3x1 fora de casa e entrou em campo com o time titular, algo bem próximo do que deve enfrentar o Fluminense, exceto o lateral-direito Arboleda, expulso na estreia.
Harold Rivera geralente arma um 4-2-3-1 com Mosquera como lateral mais fixo na esquerda, um detalhe interessante para utilizar um ponta que marque menos pela direita. Cazares mais aberto encaixaria bem neste jogo. Na linha de meias, Osorio e Arias se destacam. Trocam constantemente de posição entre o meio e o lado esquerdo. Pico e Giraldo são os volantes, o primeiro tem dificuldades quando pressionado na saída de bola.
São Paulo x Rentistas - Quinta - 29/04 - 21h - Morumbi
Jogando o melhor futebol de 2021 no país, o São Paulo recebe o Rentistas no Morumbi. Na estreia enfiou um 3x0 no frágil Sporting Cristal e se impôs como esperado. Se encarou um time que gosta de atacar e ter a bola na 1ª rodada, o jogo na capital paulista vai reservar uma realidade totalmente diferente para o Tricolor.
Com elenco, investimento e história mais modestos que quase todos os times da atual edição da Libertadores, os uruguaios, que estreiam no torneio, não vão se privar de jogar exclusivamente em contra-ataques. Já foi assim dentro de casa diante do Racing, quando conseguiram empatar por 1x1 e mostraram organização, além de resiliência para suportar pressões.
O São Paulo precisa ter cuidado com o jovem Franco Pérez. Ele tem apenas 19 anos, mas personalidade e muita qualidade em sua canhotinha. Joga pelo lado direito, na linha de meio do 4-4-2 que o Rentistas costuma utilizar, e é muito acionado nos contragolpes. Possui velocidade e habilidade, busca sempre a direção da área. Atenção redobrada nas coberturas no setor de Reinaldo, que tem dificuldades defensivas.
A chave para o Tricolor será repetir a velocidade na circulação de bola vista em muitos jogos desde que Crespo assumiu. ''Alargar'' bem o campo com os alas espetados para liberar espaços de trabalho para os meias por dentro, além de mobilidade dos atacantes, serão características fundamentais para transformar o domínio territorial em chances de gol.
Ter cuidado com as ligações diretas dos uruguaios também é importante. O time troca poucos passes até chegar à área adversária. Geralmente faz o passe longo visando o atacante Peraza pelo alto, ele tenta ganhar a ''primeira bola'' para que o time se estabeleça no campo de ataque e busque um dos meias abertos. Franco Pérez ou Agustin Acosta, outro canhotinho habilidoso pela esquerda.
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