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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Messias e Luiz Otávio podem formar a melhor dupla de zaga do Brasil

Colunista do UOL

05/05/2021 04h00

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Abordei aqui no blog, há dois meses, o ótimo trabalho feito pelo Ceará no mercado de transferências. O Vozão fortaleceu o plantel, o que somado com a continuidade do projeto de Guto Ferreira, deve render frutos ao clube em 2021. No final de março, o Alvinegro anunciou a contratação do zagueiro Messias, uma excelente empreitada. Ao lado de Luiz Otávio, ele vem formando uma dupla que dará muito o que falar no Brasileirão.

Messias é natural do interior do Espírito Santo e foi revelado na base do América Mineiro, clube que defendia com destaque até ser adquirido pelo Ceará. No Coelho, se profissionalizou em 2015 e foi titular ao longo de três temporadas. Chegou a ser emprestado ao Rio Ave, de Portugal, em 2018, mas não conseguiu notoriedade no futebol europeu. Foi muito importante em dois acessos do time mineiro da Série B para a Série A.

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A ficha de Messias
Imagem: Fonte: Opta

Recentemente havia virado objeto de desejo de diversos clubes brasileiros pela solidez de seu jogo. É muito bom na bola aérea, tem velocidade, bom posicionamento e firmeza nos duelos individuais. Sua saída de bola ainda precisa de algumas melhorias, mas não compromete ao construir e encaixa perfeitamente naquilo que Guto Ferreira pensa para o Ceará.

Luiz Otávio é um protótipo perfeito daquilo que clubes com pouco poder aquisitivo buscam no mercado. Chegou ao Vozão já com 28 anos, em 2017, depois de se destacar pelo Sampaio Corrêa e pelo Icasa na Série B. Do interior do Rio de Janeiro, foi revelado pelo Friburguense e passou por Angra dos Reis, Madureira e Macaé antes de desembarcar no futebol nordestino.

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Os dados de Luiz Otávio
Imagem: Fonte: Opta

Capitão do Ceará, Luiz já acumula mais de 200 jogos pelo clube, quase todos como titular, condição que sustenta desde meados de 2017. Assim como Messias, é especialista na ''arte'' de defender a área. Posicionamento impecável, bola aérea muito boa e a virilidade necessária para vencer duelos. Não tem tanta velocidade quanto o seu parceiro de zaga, mas compensa com a experiência de alguns anos enfrentando e anulando atacantes poderosos na Série A. O camisa 13 é um dos símbolos do momento histórico vivido pelo Alvinegro.

Já são oito partidas de parceria e apenas um gol sofrido. Logicamente, o nível de enfrentamento precisa ser considerado. O Brasileirão e as fases agudas da Copa do Brasil reservarão desafios mais difíceis, mas cabe ressaltar que a Copa do Nordeste está acima do nível de alguns Estaduais pelo Brasil, e a Copa Sul-Americana vem sendo disputada pelo clube. Ser vazado apenas uma vez em mais de 720 minutos não é qualquer coisa.

Outro dado que chama a atenção é o número de finalizações permitidas aos adversários. Especialistas em impedi-las, seja com um bloqueio, desarme ou interceptação, Messias e Luiz viram apenas 7,8 arremates, em média, irem na direção da meta do goleiro Richard. Para se ter ideia, o time que menos permitiu conclusões aos rivais no Brasileirão de 2020 foi o Atlético Mineiro: 8,6 por jogo. Seria um recorde!

Quando falamos de defesa não citamos somente uma dupla de zaga. Do mesmo jeito que apenas dois jogadores não podem ser responsabilizados por fatores negativos, a parte positiva não os toca exclusivamente. Mas não há dúvidas que o jogo muitas vezes baseado em organizados contra-ataques do Ceará ganha contornos ainda mais competitivos com uma união tão promissora de defensores. O Vozão deve incomodar demais e pode alçar voos mais altos na Série A de 2021.