Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Criar melhor cenário para Pedro é um desafio de Ceni no Flamengo
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Nos últimos dois jogos que disputou, o Flamengo superou o Palmeiras na estreia do Campeonato Brasileiro e empatou com o Vélez no Maracanã, confirmando a liderança de sua chave na Libertadores e iniciando bem a busca pelo trinacional. O desempenho ofensivo do time, porém, sofreu uma queda em comparação aos jogos anteriores, e a impossibilidade de contar com Gabigol e Bruno Henrique lado a lado está diretamente ligada a isso.
Não é só pela qualidade, entrosamento e hierarquia que ambos proporcionam ao time. Esses fatores são de fato muito relevantes, mas me refiro ao funcionamento coletivo a partir daquilo que Rogério Ceni pensou em termos de ocupação de espaços e movimentos para o seu ataque. É necessário que haja uma alternativa quando a dupla não puder perfilar junta pelo rubro-negro.
Nas últimas dez partidas disputadas com força máxima, em três Ceni não pôde tê-los desde o início, e não à toa os duelos contra a LDU, Palmeiras e Vélez marcam os jogos de maior dificuldade para fazer o jogo ofensivo fluir. É verdade que todos foram disputados no gramado irregular do Maracanã, mas esta é apenas uma parte da questão.
Novamente ressaltando a maneira de atacar do Flamengo, vemos Filipe Luís alinhado aos zagueiros para fazer uma ''saída de três''. Isla se projeta pela direita. Bruno Henrique e Arrascaeta revezam entre o flanco esquerdo e meia-esquerda. Atacam a área quando tomam o segundo posicionamento. Everton Ribeiro flutua da direita pro meio, joga na região de Gerson e Diego, que também ganham a companhia de Filipe Luís quando a bola chega ao terço final do campo.
Faltou Gabigol. E entender a movimentação dele passa pelo ajuste final de todo o mecanismo citado acima. O camisa 9 não é um atacante fixo na área e não se sente confortável de costas, preso entre os zagueiros. Circula do meio para o lado, principalmente o direito, e gera espaços para que seus companheiros ou ele mesmo ataquem quando o time se aproxima da área. Com Pedro como titular, essa dinâmica se altera. A área já está ocupada.
O camisa 21 tem características diferentes. Por mais que saiba sair da área e tabelar com os companheiros, não possui a mesma mobilidade e velocidade dos atacantes titulares. Isso é um problema? Não. Principalmente pela qualidade de Pedro. Seria titular em qualquer uma das outras equipes do Brasileirão, mas, como todo jogador, precisa de um contexto favorável para dar o seu melhor.
Criar mecanismos coletivos dentro desta realidade e inserir Pedro é algo que Rogério Ceni precisa fazer para que o time sofra menos nas ausências da dupla histórica de ataque do Flamengo. Ele já mostrou potencial para isso ao idealizar e, também, resgatar muitos dos movimentos que já eram feitos desde a época de Jorge Jesus. O rubro-negro vai precisar ampliar esses horizontes se quiser ser sempre efetivo na frente.
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