Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Santos cresce com Diniz e já mostra ''dores e delícias'' do treinador
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Fernando Diniz foi contratado pelo Santos há quase dois meses, período suficiente para começarmos a enxergar e entender sua influência no Peixe. O mais bacana até aqui é constatar que, além da melhora recente no desempenho, há um aproveitamento satisfatório de pontos, o que pode levar o alvinegro a sonhar com uma vaga na Libertadores 2022.
O panorama para o Santos antes do início do Campeonato Brasileiro não era nada animador. O clube foi apontado até como potencial candidato a uma fuga do rebaixamento. O rendimento até aquele momento na temporada, a mudança recente de treinador da forma como foi conduzida, e as imensas dificuldades financeiras, formavam um cenário diferente daquele que começa a se abrir no momento.
O clube segue com alguns problemas e provavelmente perderá jogadores importantes até o fechamento da janela de transferências. É claro que isso pode afetar o desenvolvimento do time e diminuir o nível, mas o aproveitamento de pontos com Diniz levaria o Peixe a disputar uma vaga direta na Libertadores. Na pior das hipóteses, com os 55,5% atuais, o Santos teria lugar na fase prévia da competição se considerarmos os últimos Brasileirões. Muitos podem dizer que seria o mesmo do início deste ano, mas quem palpitaria isso há dois meses?
O estilo Diniz
Falar sobre a proposta de futebol do treinador é ''chover no molhado''. Pelo caráter marcante de montar suas equipes, Fernando Diniz já tem basicamente o modelo conhecido do grande público. Começa pela posse de bola como premissa para jogar, passa por uma saída com três jogadores alinhados e a troca preferencial de passes curtos para se estabelecer no campo de ataque.
O treinador cobra que os atletas insistam nesta ideia e evitem ''rifar'' a bola. O passe longo não é proibido. Desde que feito com a intenção de encontrar em companheiro numa faixa mais avançada do campo. E não para simplesmente não perder a bola nas imediações da área defensiva. Ele dá respaldo a quem erra tentando executar sua ideia exatamente por prezar a coragem com a bola.
Obviamente que erros acontecerão e inclusive já renderam gols aos adversários do Peixe por falhas na saída de bola. Mas gols a favor, oportunidades reais, e domínios sobre os rivais também já foram produzidos desta forma. A partir do momento em que se supera uma pressão do time oponente em sua saída de bola, espaços são descobertos nas costas da linha de meio-campo ou dos últimos defensores.
A proposta é ter sempre superioridade numérica no setor em que a bola está. Por isso dá liberdade de movimentação a seus jogadores, sobretudo meio-campistas e atacantes, para que sempre se somem ao setor da bola e coloquem o adversário na ''roda''. Aqui vai uma diferença ao estilo pregado por Ariel Holan até o final de abril. Com o argentino, o Peixe executava o ''ataque posicional'', quando cada jogador ocupa um espaço prévio no gramado. Com Diniz, o atleta vai até a bola, e não o contrário. Os jogadores santistas entenderam rapidamente a diferença.
Um outro ponto importante de frisar é a evolução da proposta de Diniz em comparação a muitos momentos de seus trabalhos no Athlético e no Fluminense. No São Paulo, e agora no Santos, o treinador tem cobrado mais velocidade na circulação da bola, que só é possível com intensa movimentação, gerando a superioridade citada e as linhas de passe para progredir no campo.
O Santos é o segundo time que troca mais passes no Brasileirão, mas apenas o 12º em toques dentro da área rival, o que denota que há uma margem de crescimento ainda. Tanto controle precisa gerar mais chances de gol e presença na área adversária. Em contrapartida, a posse é uma forma de se proteger. Tem apenas 6.4 finalizações contra a sua meta. O líder do quesito na competição.
Aprimoramento defensivo
O número baixo de arremates dos times adversários, porém, não impede a alta média de gols sofridos nos quase 60 dias de trabalho de Diniz. A equipe leva um tento por jogo. O Santos tem apresentado agressividade na abordagem de marcação, algo que faltava com Holan em muitos jogos, constantemente sobe suas linhas para pressionar a saída rival e retomar logo a bola, mas esse movimento precisa ser mais bem coordenado, bem como o ajuste da última linha de defesa.
Tais pontos foram o lado fraco de vários dos trabalhos de Diniz e representam uma lacuna importante de melhoria para o comandante. Entender que defender não é a prioridade nos times dele é necessário, mas isso não quer dizer uma renúncia à organização e um processo quase que aleatório em fase defensiva ou nas transições pós-perda de bola. É necessário ser mais elaborado também sem a posse para suportar determinados jogos.
Melhora individual
Psicólogo por formação, o ex-jogador já abordou diversas vezes em suas entrevistas a importância de enxergar o indivíduo que há além do atleta. Recentemente teve essa faceta questionada ao se envolver em um episódio marcante com Tchê Tchê, um dos jogadores que mais treinou na carreira. As partes dizem que tudo foi resolvido e Diniz mantém o comportamento. É duro e cobra bastante na beira do campo, mas internamente é visto como alguém que sabe a hora de amenizar o tom e se aproxima dos atletas.
Talvez isso ajude a explicar o crescimento individual de alguns nomes em seus trabalhos. Em todos os clubes que passou, há jogadores que não estavam rendendo bem e a partir da chegada de Diniz ''viraram a chave'', conseguiram um desempenho jamais visto antes. No Santos isso parece acontecer inicialmente em três casos. Luiz Felipe, que mesmo falhando contra o Grêmio vem jogando bem, Jean Mota, e Marcos Guilherme.
A volta de Sanchez
Depois de nove meses fora de combate, o experiente uruguaio Carlos Sanchez vem ganhando minutos na equipe. Muda o patamar do time e já mostrou que não deverá demorar para entrar em forma. Entrou muito bem contra o Grêmio, e diante do Galo manteve a intensidade do time. Pode ser o diferencial que faltava para potencializar a proposta de Fernando Diniz e dividir o protagonismo com Marinho. O Peixe está mais forte!
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