Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Alemanha foi o melhor adversário possível para a estreia do Brasil
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A ótima estreia do Brasil no torneio de futebol masculino dos Jogos Olímpicos de Tóquio possui particularidades importantes a serem ressaltadas. Entender as características e o comportamento deste time da Alemanha, somados ao contexto que encaixou no que a Seleção se propôs a fazer, é determinante para evitar a euforia ou a pressão exacerbada que costumam nos pautar neste tipo de competição. O Brasil atropelou a Alemanha com todos os méritos no 1º tempo! Richarlison mostrou que pode fazer a diferença em Tóquio, mas entender como isso aconteceu é necessário.
O ponto principal a ser abordado é a diferença técnica entre Brasil e Alemanha nestas equipes. O time europeu tem, na prática, dois jogadores que se destacam dos demais. Arnold, volante de ótimo passe, finalização e controle do meio-campo. E Amiri, meia-atacante habilidoso e com capacidade para deixar os companheiros na cara do gol. O restante é formado, em sua maioria, por jovens buscando afirmação no mercado interno. Diferente do Brasil, que tem mais nomes consolidados em competições europeias mais difíceis.
Não se trata de diminuir o feito brasileiro, mas sim apresentar a realidade. A Seleção fez valer sua superioridade com postura agressiva e organização voltada para aproveitar os espaços que a Alemanha daria. Aliás, enfrentar um adversário que em nenhum momento buscou ''especular'', jogar no erro do Brasil, foi determinante. Sem a devida capacidade para gerar danos na ''defesa canarinho'', a Alemanha se expôs e mostrou uma transição defensiva problemática, fator aproveitado pelo time de André Jardine em diversas chances criadas.
Interessante também foi ver a dinâmica criada pelo casamento de características entre Matheus Cunha e Richarlison, que pela primeira vez formaram a dupla de ataque da equipe. Cunha é um centroavante de mobilidade. Não fica preso dentro da área ou só entre os zagueiros, circula a intermediária, tem técnica e inteligência para ''carimbar'' a bola e servir companheiros, abrir espaços, lacunas que seu companheiro de frente é especialista em atacar, como vimos diversas vezes ao longo do jogo.
A função não é novidade para Richarlison. Já a fez em alguns momentos com Tite na seleção principal. Assim como não foi novidade também o comportamento de Claudinho. Já havia atuado como meia-esquerda nos últimos amistosos. Com a bola, o atleta do Red Bull Bragantino sai da esquerda pro meio e abre espaço para Guilherme Arana atacar em amplitude. Sem a bola, no momento defensivo, fecha o espaço pelo flanco esquerdo. Não houve novidade alguma nesse cenário.
Daniel Alves novamente formou a primeira linha de construção com os zagueiros. Forma uma saída de três e depois ataca por dentro. Por isso Antony fica mais fixo pela direita, num comportamento diferente em relação ao de Claudinho pela esquerda. Coerência de André Jardine para aproveitar o melhor de cada jogador e ocupar os espaços com perfeição e coordenação no campo de ataque.
Bruno Guimarães e Douglas Luiz fizeram um belo jogo também. Distribuindo os passes com velocidade e tendo que fazer menos transições defensivas em comparação aos jogos que virão. Destaque para a compactação do time em fase defensiva. Permitiu pouco trabalho aos alemães entre as linhas. De negativo, a falha de Santos no primeiro gol alemão, e o relaxamento depois dos 20 minutos da 2ª etapa, que acabou recolocando os europeus no jogo.
A vitória, por mais que dois gols tenham sido sofridos no 2º tempo, dá moral e faz justiça a um trabalho sério desenvolvido pelos jogadores, André Jardine, e a comissão técnica. Mas é importante que lembremos. Os outros jogos terão um contexto totalmente diferente. Segurar a emoção é prudente. A euforia excessiva leva à debilidade futura.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.