Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Atuação consistente fortalece o Brasil a caminho do ouro
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A Seleção Olímpica fez bem a sua parte na vitória por 1x0 sobre o Egito, em Saitama. A vaga nas semifinais do torneio de Tóquio 2020 foi conquistada com uma convincente atuação, apesar de ter perdido muitos gols. O time mostrou variação de jogadas e entendimento do que fazer diante de um adversário de pouca tradição, mas ótimo desempenho defensivo na competição. Os egípcios se classificaram numa chave com Argentina e Espanha, e só haviam tomado um gol até então.
André Jardine fez uma mexida tática quando o time entrava em fase ofensiva. Mesmo mantendo a base titular, ele escalou a equipe num 4-2-3-1 ao invés do 4-4-2 que vinha sendo utilizado. Richarlison partiu da ponta-esquerda e Claudinho foi o meia-central. Creio que a proposta tenha sido promover dobras de forma mais natural pelos lados, com o ponta e o lateral do setor da jogada, tentando ''espaçar'' a última linha adversária. Além disso, fixar Claudinho nas costas dos volantes, buscando atrair um dos zagueiros para fora da linha de cinco defensiva egípcia e criar espaços.
O Brasil trabalhou bem a bola no campo de ataque. Douglas Luiz e Bruno Guimarães, este último muito bem mais uma vez, circularam a bola com velocidade de um lado a outro do campo. Os movimentos foram bem feitos e realizados com intensidade. Se muitas chances não foram criadas, fica na responsabilidade do bom funcionamento defensivo dos africanos. Firmes na marcação e até subindo o bloco defensivo em alguns momentos.
A primeira oportunidade da Seleção foi criada desta maneira. O Brasil mostrou ter repertório ofensivo ao realizar uma ligação direta bem organizada para Matheus Cunha raspar e Richalison ganhar a ''segunda bola''. Antony recebeu na sequência e bateu por cima. A segunda chance veio em lance totalmente diferente. Aproximação entre Claudinho, Richarlison e Matheus Cunha na entrada da área. Triangulação e batida forte de canhota do atacante do Everton.
O trio apareceu de forma decisiva onze minutos depois. Numa rara oportunidade de contra-ataque aos 36', Claudinho imprimiu velocidade e achou Richarlison pela esquerda. O passe do camisa 10 foi perfeito e Matheus Cunha marcou em chute preciso da entrada da área. O Egito teve como principal estratégia a marcação no próprio campo para explorar contra-ataques, mas quando entrava em fase ofensiva era agressivo. Principalmente pelo lado esquerdo, com Sobhi levando muito trabalho a Daniel Alves no 1º tempo.
Destaca-se também o trabalho defensivo de Douglas Luiz e Bruno Guimarães. Praticamente impecáveis nas transições defensivas e realizando coberturas nas proximidades da área. Com o Egito um pouco mais aberto no 2º tempo, a Seleção conseguiu produzir mais ofensivamente. Perdeu duas grandes chances nos dois primeiros minutos e seguiu circulando a bola desenvoltura a partir da dupla de volantes. Antony esteve um nível acima dos demais.
A nota ruim fica pela lesão de Matheus Cunha, jogador fundamental para o funcionamento ofensivo do Brasil nesta Olimpíada. Ainda não se sabe a gravidade do problema muscular na posterior da coxa esquerda. Paulinho formando dupla de ataque com Richarlison e Claudinho voltando lado esquerdo foi a solução inicial. Reinier também pode ser uma opção.
Outro detalhe que merece atenção é a quantidade de chances desperdiçadas pela Seleção. A exemplo do que aconteceu na estreia contra a Alemanha, o time criou chances reais e não conseguiu ampliar o placar. Um misto de precipitação e displicência na hora de concluir os lances. Placares mais elásticos aumentam a confiança e neutralizam de uma vez os adversários, sem dar chance a lances fortuitos.
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