Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Renato devolve caráter 'anárquico' ao ataque rubro-negro e mostra humildade
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Renato Gaúcho completou um mês da sua estreia como técnico do Flamengo no último dia 14. Já são dez jogos com o novo comandante, e chama a atenção o número de gols marcados no período. O rubro-negro tem média superior a três tentos por partida. E o melhor: deixou de sofrer tantos gols como aconteceu nos piores períodos das últimas duas temporadas. Alguns detalhes explicam esse mês ''encantado''.
Antes de mais nada, é necessário contextualizar as coisas. Renato conseguiu desde os primeiros jogos contar com força basicamente máxima. Algo que não aconteceu nos últimos 45 dias de trabalho de Rogério Ceni, seu antecessor. Justamente no período o Flamengo sofreu quatro derrotas em nove jogos, algo que potencializou o desgaste interno e externo que culminou na demissão do ex-goleiro do São Paulo.
Rodrigo Caio é o único dos potenciais titulares que tem tido ausências constantes em virtude das lesões. Há méritos inegáveis para o novo treinador, mas é necessário que se pontue o material humano mais qualificado que passou a ter acesso assim que chegou. Entre as virtudes de Portaluppi, a principal, sem dúvidas, é devolver a liberdade nos movimentos do quarteto ofensivo, algo que se viu inicialmente no período de Jorge Jesus no Flamengo.
Agora partindo sempre de um 4-2-3-1, o rubro-negro tem Gabigol flutuando de um lado a outro da intermediária ofensiva, buscando quase sempre o flanco direito, e abrindo espaços para infiltrações de Arrascaeta, Bruno Henrique, e até mesmo Everton Ribeiro pelo centro da área. O camisa 7 voltou a jogar bem. Retornou da Seleção menos ''fadigado'' com a sequência de jogos como titular que cumpria até junho, e recuperou-se técnica e fisicamente.
Na parte tática, pouca coisa mudou para Everton Ribeiro. Segue flutuando da direita para o meio, abrindo o corredor para os constantes avanços de Isla. A diferença é o espaço em que pode transitar. Com Ceni, ficava mais fixo na meia direita, nas costas dos volantes rivais. Com Renato, já se soma até ao lado esquerdo e pisa na área. Uma sutil mudança, mas que tem dado resultados.
Pelo lado esquerdo, Bruno Henrique é quem fica mais vezes aberto no setor, mas troca com Arrascaeta em alguns momentos, se somando à faixa central e se aproximando de Gabigol. Filipe Luís alterna ataques pelo meio, quando o flanco esquerdo está ocupado, ou mais aberto, quando Arrascaeta e Bruno Henrique se voltam para a área rival. O entrosamento para que haja uma boa ocupação de espaços e a bola circule chama a atenção. Há muita inteligência tática nesses atletas.
A saída de bola feita com três jogadores, que antes tinha Filipe Luís alinhado aos zagueiros, agora tem novamente Willian Arão como elemento que se soma aos defensores. O camisa 5 voltou a atuar como primeiro homem de meio, mas segue com a mesma incumbência do time de Jorge Jesus. Infiltrar entre os dois zagueiros. Ou, neste caso uma novidade, fazer essa saída mais pelo lado direito, deixando Gustavo Henrique, que é mais lento, centralizado.
Muito do conjunto descrito nos últimos parágrafos pode ser resumido em uma palavra: anarquia! Aqui usada no sentido totalmente figurado, dá a ideia de ausência de imposição de um poder estabelecido ou de regras se interpretada no sentido literal. Mas podemos utilizá-la para explicar de forma mais próxima o ''caos'' causado com essa liberdade de movimentação devolvida aos jogadores.
Ceni chegou a manejar bem isso em seu período como técnico do Flamengo. O time não era desorganizado, estático ou refém de um ''ataque posicional'', mas ele gostava que essas movimentações fossem mais específicas. O conceito não estava errado. A equipe funcionava ofensivamente. Marcava gols, criava chances, mas retomar o padrão instalado pelo português em 2019 é um acerto de Renato. Mais do que isso, é uma demonstração de humildade.
Entender aquilo que faz seus principais jogadores se sentirem bem em campo e recuperar a memória tática de um dos times mais vencedores da história do clube, está diretamente ligado ao crescimento rubro-negro. Mais soltos e dispostos mentalmente, conseguem pressionar com mais eficiência logo após a perda da bola, e até encontrar o tempo certo para subir a marcação e sufocar o rival, algo que também demandou ajustes táticos.
O vestiário mais leve, bastante citado nas últimas semanas, de fato deve haver. Ceni teve diferenças com jogadores importantes desde os primeiros dias de Flamengo. Viveu altos e baixos numa relação tão importante para o desempenho do time. Mas a melhora dos cariocas não está ligada só a isso. Aliás, nada no futebol se explica somente por uma ótica.
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