Novos tempos: atletas buscam análises individuais para evoluir em campo

O jogador de futebol de hoje é totalmente diferente daquele de duas décadas atrás. É comum vermos treinadores, atletas e muita gente que milita no esporte falando sobre isso. Um dos pontos que explica é a quantidade de informações buscadas por eles para melhorar o rendimento. Até mesmo empresas de análise de desempenho individual, como a Outlier, estão sendo contratadas para o aprimoramento em campo. Um mercado que tem crescido bastante!

Com a maratona de dois ou até três jogos em uma semana fica difícil para os departamentos de análise de desempenho de alguns clubes fazerem um trabalho mais profundo com cada atleta. Muitas equipes possuem de quatro a cinco analistas nos setores, mas a quantidade de trabalho é muito grande, há uma concentração maior na coleta de informações coletivas do próprio time e dos adversários.

Claro que há um detalhamento dos destaques rivais e vídeos são produzidos para que os jogadores saibam qual é o padrão de comportamento de quem terão um enfrentamento mais direto em campo. Relatórios detalhados e correções constantes, porém, são buscadas por diversos atletas. Pensando nisso, Diego Vieira, CEO e fundador da Outlier, uma das empresas que oferecem esse tipo de serviço, viu a coisa tomar uma grande dimensão recentemente.

''Fui atleta de futsal até os 19 anos e depois fui para os Estados Unidos, com bolsa para jogar futebol de campo numa universidade. Quando encerrei a carreira na universidade, me tornei auxiliar técnico, e passei a ter acesso a muitas informações que me ajudariam muito como jogador. Até perguntei ao treinador o motivo dele nunca ter me passado aquilo. Eu entrava em campo de forma totalmente empírica. Não entendia o porquê de ter que fazer certas coisas e comecei a passar isso aos jogadores. O feedback foi muito positivo e resolvi oferecer esse serviço de forma independente quando voltei ao Brasil'', explica ele.

O primeiro cliente da empresa, que completou dois anos recentemente, foi o centroavante Léo Bonatini, que foi revelado pelo Cruzeiro, pertence ao Wolverhampton, e atua no Grasshopers, da Suíça. Saulo Mineiro, recentemente negociado pelo Ceará com o futebol japonês. Lucas Silva, do Grêmio. Fabricio Bruno, do Red Bull Bragantino. E Vinícius Zanocelo, do Santos. São alguns clientes em evidência neste momento.

''A meta principal é fazer o jogador entender em que ele pode melhorar e no que pode se aprimorar ainda mais. Mostrar o que vem fazendo de certo e errado. A análise é feita dentro da forma de jogar da equipe dele, e o que ele precisa fazer de função pedida pelo treinador. Então a cada cinco jogos são feitos relatórios e fazemos reuniões para passar essas questões, além de ouvir o próprio jogador'', conta.

Num mundo repleto de vaidades como o futebol, pode gerar questionamentos a forma como os profissionais do clube e os treinadores recebem essa informação. Como reagem ao saber que um jogador está buscando num ambiente externo as respostas para melhorar o seu desempenho? Diego ressalta que a intenção é sempre agregar, tornar transparente essa relação.

''Nunca teve um caso de um jogador que foi proibido de buscar esse auxílio. Temos uma equipe muito boa de analistas e convidamos os profissionais do clube para participar também. Acho que isso vem melhorando. Não somos nem um pouco vaidosos quanto a isso e a própria qualidade do trabalho fala por si. Se o jogador evoluir, o clube ganha com isso'', acrescenta.

Muito presente no cotidiano de outros esportes, a busca por um detalhamento maior na avaliação do trabalho, seja através da leitura de dados, de vídeos, e da observação feita por quem se capacitou para isso, vem cada vez mais ganhando terreno no futebol. Compreender esse processo é salutar para a imprensa e para os torcedores. É preciso entender melhor o que acontece dentro de campo para que a relação com o jogo seja mais leve.