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Rodrigo Coutinho

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Coutinho: Como Andreas Pereira e Kenedy podem se encaixar no Flamengo

Colunista do UOL

27/08/2021 04h00

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Há pouco menos de cinco meses abordei a necessidade de o Flamengo ter um elenco mais equilibrado para render em alto nível em todas as competições deste ''apertado'' 2021. Por mais que Vitinho, Michael e Léo Pereira tenham tido uma relevante subida de produção desde a chegada de Renato Gaúcho ao comando técnico, e Thiago Maia tenha se recuperado de lesão, as contratações de Kenedy e Andreas Pereira preenchem de forma mais ampla a urgência frisada após a decisão da Supercopa do Brasil.

Antes de mais nada, é necessário citar a juventude de ambos. É verdade que não possuem seus direitos vinculados ao Rubro-Negro, chegaram por empréstimo, mas, certamente, podem ser adquiridos com a retomada natural da arrecadação do clube, caso, é claro, deem a resposta dentro de campo. Nascidos em 1996, não alcançaram em solo europeu o sucesso projetado na base, mas estão acima da média do nível do futebol sul-americano. Brigarão por vaga no time titular.

Quando entrarem em forma e estiverem adaptados, Renato certamente terá ''problemas'' para definir quem iniciará jogando. O fato alcança diretamente aquilo que era a necessidade no primeiro semestre: tentar aproximar o nível de titulares e reservas do Flamengo. Por mais difícil que isso possa parecer, já que possui o ''melhor 11'' do continente, equilibrar é a receita para sentir menos os desfalques, rodar o elenco com tranquilidade, e não perder desempenho.

01 - Fonte: Opta - Fonte: Opta
Um pouco mais sobre os reforços do Flamengo
Imagem: Fonte: Opta

Andreas Pereira

Filho do ex-atacante brasileiro Marcos Pereira, que foi revelado pela Inter de Limeira nos anos 90 e construiu sua carreira no futebol belga, Andreas nasceu no país europeu e fez a base no PSV Eindohoven, da Holanda, e no Manchester United. Recebeu a primeira oportunidade no time principal dos Red Devils em agosto de 2014, com Luis Van Gaal.

Nunca conseguiu se firmar no clube inglês. A temporada que teve mais minutos foi 2019/2020, quando foi titular em 25 dos 40 jogos em que foi utilizado. Acabou emprestado ao Granada e ao Valencia, da Espanha, e à Lazio, onde jogou em 2020/2021. Fez só cinco partidas como titular. Saiu do banco de reservas para o campo em outras 27. Marcou um gol e deu quatro assistências.

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Essa é a preferência para o futebol de Andreas Pereira. Jogando de frente para o gol rival, ao lado de outro volante, na ''base'' das jogadas e distribuindo os passes com um campo de visão maior
Imagem: Rodrigo Coutinho

Andreas chama bastante a atenção desde a seleção sub-20 do Brasil, mas ainda precisa ter um desempenho sólido e regular. Vai buscar isso com a camisa do Flamengo. E pode conseguir! Possui muita visão de jogo, qualidade no passe, nas finalizações, e é importante nas bolas paradas. Tem capacidade de aceleração e cadência do jogo por meio de seus passes.

Não é um jogador de força ou velocidade. Tem dificuldades em duelos mais físicos e em ocupar uma faixa extensa do gramado, não realizando transições defensivas com tanta eficiência. A melhor função para ele desempenhar no atual time do Flamengo é a de ''segundo homem'' no meio-campo, que atualmente vem sendo feita por Diego. No United, teve mais momentos assim do que na Lazio.

No clube italiano, jogou num tripé de meio-campo ou como um meia por trás do atacante, outro papel que pode desempenhar. Ainda há uma terceira opção em casos emergenciais. Pode partir de um dos lados do campo, mas com a missão de flutuar para o centro, algo feito por Everton Ribeiro atualmente no time rubro-negro.

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Aqui jogando nas costas da linha de meio do time adversário. Sabe se colocar neste setor para receber a bola e articular no campo de ataque
Imagem: Rodrigo Coutinho

Kenedy

O novo ponta do Flamengo tem carreira extensa nas divisões de base da seleção brasileira. Jogou um Mundial Sub-17 e Sul-Americanos em três categorias. Foi revelado pelo Fluminense em 2013. Estreou nos profissionais com apenas 17 anos, num jogo contra o Grêmio, sob o comando de Abel Braga.

Foi aos poucos ganhando espaço e se desenvolvendo no Tricolor Carioca, e quando teve sequência no time titular, foi vendido para o Chelsea em maio de 2015. Não chegou a justificar com a camisa dos Blues os oito milhões de euros pagos na época. Fez 20 jogos e dois gols em sua primeira temporada pelo clube londrino, mas acumulou empréstimos na sequência.

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Kenedy bem aberto recebendo a bola pela direita. Se sente mais confortável pelos flancos
Imagem: Rodrigo Coutinho

Passou por Watford, Newcastle, Getafe e, mais recentemente, pelo Granada. No time da Andaluzia, viveu seu melhor momento na última temporada. Fez 32 dos 44 jogos em que foi utilizado como titular. Marcou oito gols e deu cinco assistências. A equipe conseguiu a 9ª colocação na Liga Espanhola e alcançou as quartas de final da Europa League.

Kenedy tem futebol para conquistar com tranquilidade o seu espaço no Flamengo e no futebol brasileiro. Precisa deixar para trás a imaturidade e alguns problemas extracampo que atrapalharam o sua evolução na Europa. É um jogador que alia bem a velocidade e a força que possui com um repertório de dribles e potencial de improviso que chamam a atenção.

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Agressividade para subir a marcação. Uma das características que agregou ao seu jogo e que pode ser bem útil no Flamengo, que costuma fazer isso
Imagem: Rodrigo Coutinho

Soma-se a isso, passes precisos para definir as jogadas e um potente chute de perna esquerda. Recentemente, jogou mais vezes pelo lado direito do campo. Quase sempre bem aberto para receber a bola e partir em direção à área com conduções e dribles. Pode atuar também pela esquerda. Por ser canhoto, dá mais profundidade no setor com jogadas de linha de fundo. É um ponta com características únicas no elenco rubro-negro. Pode transformar o cenário dos jogos.