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Coutinho: A mudança de patamar de Juventude e Cuiabá no Brasileirão
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Cuiabá e Juventude fizeram o jogo de abertura do Brasileirão 2021. O que mostraram em campo deixou claro que a expectativa antes da competição seria confirmada. Brigariam contra o rebaixamento. Três meses depois, o objetivo principal da temporada não mudou para ambos, mas é inegável a evolução das equipes. Se eram ''favas contadas'' para muitos, hoje já mostraram que a permanência na Série A é totalmente palpável.
Os clubes seguiram caminhos diferentes neste ano de 2021. Enquanto o Cuiabá, 4º colocado da Série B passada, demitiu de forma polêmica o técnico Alberto Valentim logo após o empate contra o Juventude na estreia do Brasileirão. O time de Caxias do Sul resistiu às pressões pela demissão de Marquinhos Santos. Reforçou o elenco de forma eficaz e viu a continuidade do trabalho dar resultado mais rapidamente.
Jorginho e Iubel acertaram o Dourado
O Cuiabá tinha problemas com Valentim. A equipe até apresentava padrões, mas os executava mal em diversos momentos. Era lento na circulação da bola e sofria para criar no frágil Campeonato do Mato Grosso. O que gerou questionamentos foi a decisão de demitir o treinador já com o Brasileirão em curso.
Na estreia contra o Juventude, o time não mostrou nada de diferente daquilo que jogou no Estadual, e Valentim perdeu o emprego. Se já havia a insatisfação, por qual motivo a decisão não foi tomada antes da 1ª rodada? Principalmente pelo regulamento do Brasileirão 2021, que permite apenas uma troca de treinador por demissão. Fatores que levantaram rumores extracampo.
O experiente Jorginho chegou ao comando do clube há dois meses e estreou na 10ª rodada, contra o Red Bull Bragantino. Antes dele, porém, é importante frisar a participação de Luiz Fernando Iubel. O curitibano de apenas 32 anos, auxiliar-técnico da comissão permanente do clube, comandou a equipe de forma interina durante seis partidas, e conseguiu fazer o time crescer.
Preparou o terreno para a chegada de Jorginho, que por sua vez aprimorou a parte defensiva do Dourado e acrescentou hierarquia e coragem aos jogadores. Desde o jogo em Bragança Paulista, tendo como ápice o rendimento diante do Palmeiras, em São Paulo, a equipe do Centro-Oeste mostra organização também a com a posse de bola, mesmo que essa não seja a estratégia principal em várias partidas.
Os desempenhos diante de Flamengo, Fortaleza e Internacional também merecem destaque. O Cuiabá não venceu nenhum desses três jogos, mas competiu muito e foi superior em momentos destas partidas. A titularidade de Paulão no miolo de zaga, o crescimento de Pepê no meio-campo, o protagonismo de Clayson dentro da estratégia da equipe, e a fixação de Jenison como centroavante titular, explicam bastante a boa sequência. Walter, Marllon, Auremir e Uendel são outros jogadores que ganharam solidez após a chegada de Jorginho.
Em média de gols sofridos, o Cuiabá tem a 6ª melhor defesa do Brasileirão. Também ocupa o sexto posto entre os times que mais bloqueiam finalizações adversária. Tem protegido muito bem a própria área. Foi vazado apenas duas vezes nos últimos seis jogos. O aproveitamento de pontos atual - 38% - seria o suficiente para se livrar do rebaixamento no Brasileirão do ano passado. Terminaria na 14ª posição, um ''título'' para o Cuiabá.
Reforços pontuais e convicção tática
O rendimento do Juventude no Campeonato Gaúcho não foi bom. Mesmo crescendo na reta final e caindo nas semifinais para o Internacional, ficou a sensação de que a bola jogada no Estadual não seria suficiente para que o time se mantivesse na elite do Brasileirão em seu retorno depois de 14 anos. A parte defensiva preocupava bastante. Desde então a equipe cresceu.
O time sempre apresentou organização ofensiva em 2021. Em diferentes estruturas táticas, busca colocar em prática um jogo de aproximação e trocas de passes curtos quando tem a bola. Ataca de forma ''posicional'', quando cada atleta ocupa um lugar específico no campo e busca a interação com os companheiros a partir disso. Funciona na maioria dos jogos, mesmo com algumas dificuldades técnicas.
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, elogiou bastante a organização do time de Marquinhos Santos depois dos paulistas baterem os gaúchos por 3x0 em Caxias do Sul, na 4ª rodada. A declaração certamente ajudou a segurar Marquinhos no cargo em meio ao início sem vitórias na competição. Na sequência, quatro jogos sem perder e triunfos sobre Flamengo e Grêmio. Nas últimas cinco partidas, apenas uma derrota. Caiu só para o líder Atlético, já nos acréscimos.
O maior mérito do Ju foi melhorar o sistema defensivo. Se era um time de pouca concentração e ''pressão na bola'' no Estadual, entendeu que a sobrevivência no Brasileirão dependia de outra postura. Em diversos jogos, não é possível ter a bola. Possui a menor média de posse da competição. Tecnicamente, por mais que tenha melhorado, o elenco jaconeiro não está entre os melhores do país. Hierarquicamente também precisa reconquistar espaço nacional, então é natural explorar os contragolpes.
Michel e William Matheus encorparam as laterais. Rafael Forster melhorou a proteção de área ao lado do bom Vitor Mendes. Guilherme Castilho e Matheus Jesus são importantes no meio-campo. Wagner está voltando à boa forma, e Paulinho Boia é destaque no setor ofensivo. A organização da equipe e a rápida reposição do clube minimizaram até mesmo a saída de Matheus Peixoto.
O centroavante era fundamental para a permanência do Juventude na Série A, mas foi negociado com o Metal Kharkiv, da 2ª divisão ucraniana, e Ricardo Bueno. Mesmo com características bem diferentes de Peixoto, tem se encaixado bem na equipe, e acrescentado na circulação da bola em campo ofensivo. Os 41% de aproveitamento de pontos atuais possibilitam sonhar com uma permanência tranquila na elite.
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