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Coutinho: Nível do Brasileirão 2021 foi melhor, mas o que isso quer dizer?
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Reclamamos com razão da qualidade da maioria dos jogos de futebol no Brasil. A diferença para o que se joga na Europa é muito grande pelo abismo técnico e de conteúdo tático entre os principais jogadores e treinadores. Há questões extracampo que influenciam negativamente, mas a boa notícia é uma competição de qualidade maior em relação à última.
É claro que isso só será relevante se a progressão continuar sendo a realidade ano após ano, algo pouco provável se analisarmos as oscilações do futebol brasileiro como um todo a cada temporada. A observação criteriosa de todas as partidas das duas últimas edições de Brasileirão sustenta a tese. Alguns indicadores provam.
A começar pelo rebaixamento. Em 2020, Vasco, Goiás, Coritiba e Botafogo caíram. E todos eles de fato mostraram dentro de campo o merecimento para a queda. Passaram grande parte do campeonato em péssima forma técnica, desorganizados e com ideias limitadas taticamente, além de perdidos quanto ao planejamento.
Em 2021 a história é diferente. Com exceção da Chapecoense, que fez um campeonato lamentável, até mesmo o já rebaixado Sport mostrou potencial para brigar em determinados momentos. Após a chegada de Gustavo Florentin o time reagiu e arrancou pontos de equipes da parte de cima da tabela. Grêmio e Cuiabá, que hoje jogariam a Série B de 2022, apresentaram nível bem superior a qualquer um dos quatro rebaixados de 2020.
Isso sem contar Bahia e Juventude, que mesmo cometendo erros durante o percurso de preparação para a Série A, mostraram capacidade para se manter na elite em diferentes partidas. É fato que ao menos dois clubes cairão para a Série B com totais condições e desempenho para ficar. Este é o principal indício da melhora do campeonato.
A ponta inversa da tabela também converge neste sentido. Se em 2020 tivemos uma reta final de Brasileirão muito mais disputada e emocionante, isso não quis dizer necessariamente alto nível. O Flamengo sagrou-se campeão jogando mal na última rodada e perdendo para o São Paulo no Morumbi. O Inter empatou em casa com um limitado Corinthians e perdeu a chance de quebrar o jejum que vem desde 1979.
Antes disso, o mesmo São Paulo que bateu o Flamengo na rodada derradeira e passou várias jornadas na liderança, teve uma impressionante queda na reta final. O hoje campeão Atlético Mineiro, foi mais um a oscilar nas mãos de Jorge Sampaoli, mostrando muita incapacidade de transformar em vitórias o domínio que tinha na maioria dos jogos. Palmeiras e Grêmio foram outras decepções.
Já em 2021, o título do Galo mostrou uma equipe muito mais sólida em relação às postulantes ao título de 2020. Mesmo com alguns problemas coletivos diante de defesas fechadas, o time de Cuca e Hulk foi extremamente competitivo, dominante e letal. Deu pouquíssimas chances aos rivais a garantiu o troféu com três rodadas de antecedência. Ainda tem um jogo para cumprir, já tem 13 pontos a mais que o Flamengo de 2020.
Outro exemplo é o Fluminense. Manteve a filosofia de jogo do ano passado. Sofreu e tirou proveito das mesmas coisas. Mas com um elenco melhor, fará menos pontos do que na última edição de Brasileirão. Se classificou diretamente para a fase de grupos em 2020. Em 2021 pode ter que jogar as fases prévias. A dificuldade foi maior desta vez.
A pandemia conseguiu piorar o já caótico calendário brasileiro. 2020 invadiu 2021 e basicamente unificou as temporadas sem os 30 dias normais de férias para todas as equipes. Guardadas as devidas proporções, as dificuldades foram similares, e 2022 também não será simples com uma Copa do Mundo no final do ano.
Encontrar soluções para essa questão ajudará bastante a melhorar o nível do futebol jogado aqui. A principal delas é parar os principais campeonatos nas Datas Fifa e valorizar a competição mais importante do país. O Brasileirão precisa ser bem tratado. Caso contrário, a relação será idêntica a dos últimos dois anos, sujeita as aleatoriedades dos clubes, e sem uma base sólida de crescimento.
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