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Coutinho: Com Abel de novo, Fluminense mostra o que é hoje, e o que quer
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Abel Braga iniciará no próximo mês a sua quarta passagem como treinador do Fluminense. De currículo vitorioso na história do clube, o técnico de 69 anos é uma aposta arriscada da diretoria tricolor. Com exceção do vice-campeão brasileiro Inter em 2020, quando corrigiu a rota no meio do caminho, os outros últimos quatro trabalhos desenvolvidos por ele foram muito decepcionantes.
Estaria a diretoria buscando referências num passado relativamente recente para aplicar no presente? Tem agora um escudo para dividir críticas e responsabilidades? Não é tão difícil entender a escolha de Abel com base no ''modus operandi'' do cartola brasileiro. Aposta em um nome com boa relação com as lideranças do elenco e identificado com o clube.
A torcida, porém, não aceitou tão bem a contratação. Os tricolores se manifestaram de forma contrária nas redes sociais. Sabem que Abel não representa nada muito diferente daquilo que foi o time taticamente com Marcão e Odair Hellmann nas últimas temporadas. Com Odair ainda havia mais elaboração e ideias em fase ofensiva na comparação com o que Abel fez ao longo da carreira.
Isso não quer dizer que o Fluminense não possa ser competitivo e alcançar fases agudas das principais disputas em que estiver envolvido. Aliás, com algumas exceções, isso já aconteceu em 2020 e 2021. O clube se classificou por dois anos seguidos para a Libertadores. Fez frente ao poderoso Flamengo nas finais estaduais, superou rivais mais abastados técnica e financeiramente, e chegou às quartas de final da principal competição sul-americana.
O problema é que a torcida tricolor quer mais do que só ver o seu time jogar fechado e explorando contra-ataques. Quando o rival tem a mesma postura e o Fluminense precisar gerar os espaços, criar contra defesas cerradas, pouca coisa de produtiva tem acontecido. Com a melhora gradativa do elenco à medida que o clube vai se recuperando financeiramente, é de se esperar mais conteúdo ofensivo.
Abel definitivamente não é o cara que vai oferecer isso. Suas equipes, em fase ofensiva, sempre tiveram organizações bem básicas, triviais, sem tanto repertório para gerar espaços. Sem preocupação extensa para movimentos coordenados ou apresentar ocupação de espaços que proporcione uma circulação de bola mais envolvente no campo de ataque.
Quase sempre dependem de erros rivais que geram contra-ataques ou tentam causar desequilíbrio individual. Foi assim até quando conquistou seus títulos importantes. Mas eles já não vêm há quase 10 anos, tempo em que o futebol se transformou bastante em termos de elaboração ofensiva e não permite mais tantas aleatoriedades em quem quer se impor.
Abel Braga novamente no Fluminense é mais um caso da incapacidade dos dirigentes em entender o jogo. Isso não é particularidade do Tricolor carioca. Quase todos os clubes por aqui sofrem neste processo. Enquanto não se capacitarem neste sentido, continuaremos a apresentar menos do que poderíamos dentro de campo. Havia muitas opções mais interessantes no mercado sul-americano e até no Brasil.
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