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Coutinho: 'Novo Cruzeiro' será determinante para Pezzolano vingar
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O futebol brasileiro ganhou mais um técnico estrangeiro nesta semana. O Cruzeiro anunciou a contratação do uruguaio Paulo Pezzolano para dirigir a equipe na ''nova era'' que começa com a transformação do clube em SAF. A tarefa do profissional é bem clara. Organizar a equipe a ponto de conquistar o acesso para a Série A 2023. A Raposa jogará a sua terceira Série B seguida, e mostrar a mudança que quer a partir da relação com o novo treinador é primordial.
Trajetória
Pezzolano foi um jogador de meio-campo do futebol uruguaio. Chegou a vestir a camisa do Athletico Paranaense em 2006, mas sem destaque. Passou também pelo Mallorca e pelo Necaxa, além do futebol chinês, quando o investimento ainda não era tão alto por lá. Em seu país-natal, foi revelado pelo Rentistas, jogou no Defensor, no Peñarol, e no Torque, mas obteve maior destaque no Liverpool de Montevideo.
Não por acaso, foi no mesmo clube que começou a chamar a atenção fora do Uruguai também como treinador. Após vencer uma Segunda Divisão local com o Torque, em 2017, engrenou duas temporadas no Liverpool. Em ambas conseguiu a 5ª colocação no Campeonato Uruguaio. Chegou na 2ª fase da Copa Sul-Americana em 2019, eliminando o Bahia na fase inaugural.
O resultado alcançado dentro de campo com um time modesto e repleto de jogadores jovens se somou ao desempenho. Pezzolano montou uma equipe bem-organizada para atacar, de forma pouco vista no futebol uruguaio nos últimos anos. E acabou despertando o interesse do tradicional Pachuca, do México.
Chegou à América do Norte em janeiro de 2020 e teve um desempenho regular no time seis vezes campeão mexicano. A equipe vinha mal no campeonato interrompido pela pandemia em março, mas depois conseguiu chegar na fase final dos dois torneios seguintes: ''quartas'' do Apertura 2020, e ''semis'' do Clausura 2021. Já no último campeonato terminou apenas na 15ª posição.
Modelo Tático
Se teve essa proposta em um clube de pouco poder aquisitivo no Uruguai, certamente terá a mesma filosofia com o Cruzeiro na Série B. Pezzolano gosta que suas equipes trabalhem mais tempo com a bola, e geralmente monta estratégias bem coerentes para que a pelota circule e o time crie oportunidades.
O Pachuca de 2021, por exemplo, foi o time que mais finalizou a gol se juntarmos as duas edições anuais do Campeonato Mexicano. Foi a quarta equipe a ficar mais tempo com a bola. Pontos que demonstram bem qual era a sua ideia. Faltou regularidade e qualidade nas definições para chegar mais longe.
Utiliza sempre a primeira linha com quatro jogadores, variando o esquema entre o 4-1-4-1, 4-2-3-1 e 4-4-2, de acordo com as características dos jogadores escalados. O primeiro esquema citado, porém, é o mais comum. Em fase ofensiva, gosta de montar uma saída com três jogadores. Geralmente um deles é o lateral mais defensivo ou de melhor passe, que se alinha aos zagueiros, enquanto o outro lateral se projeta em amplitude no campo de ataque.
Um dos pontas fica fixo pelo flanco e o outro entra em diagonal, se colocando entre o zagueiro o lateral do time rival. Curioso observar a preocupação em empurrar cinco jogadores contra a última linha adversária. Algo bem comum em equipes mais ofensiva no futebol internacional. Para que isso aconteça, um dos meias ganha mais liberdade de infiltração do que o seu companheiro de setor.
Equilibrar a ocupação de espaços do time no campo de ataque é uma preocupação constante. Desta forma haverá sempre a possibilidade de quem estiver com a bola encontrar as linhas de passe e inverter o jogo de lado para jogadas de mano a mano. É bem comum que os ataques se definam pelos flancos.
Na parte defensiva, Pezzolano gosta que suas equipes marquem por encaixes e façam perseguições apenas dentro do setor, sem espaçar tanto o time e fazendo com que os jogadores resguardem a sua posição para não gerar buracos. No Pachuca isso foi bem irregular. É algo que precisará ajustar no Cruzeiro.
Marca com predominância individual nas bolas paradas defensivas. Define cinco ou seis atletas para acompanhar alvos pré-determinados do adversário, e outros três jogadores marcam por zona dentro da área. O restante fica no rebote.
Outro comportamento bem comum em seus times é a rapidez para fazer as transições. Isso fica nítido nos movimentos de pressão pós-perda da bola no campo de ataque, ou na verticalidade imprimida nos passes ao roubar a pelota no campo defensivo.
É hora da mudança
Para que tudo isso dê certo, é necessário fazer diferente do que a grande maioria dos clubes brasileiros têm feito. Pezzolano não está habituado ao cenário daqui e precisará de tempo para conhecer os jogadores, a complexidade do calendário, e fazer o time evoluir. Que o discurso de mudança institucional também seja seguido na condução do departamento de futebol cruzeirense.
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