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Coutinho: Santos precisa ter o tempo e a carga certa para Ricardo Goulart
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O Santos parece ter encontrado uma boa alternativa de driblar o pouco dinheiro em caixa para investir em contratações de peso. Ricardo Goulart é um jogador que ainda pode ser o diferencial de uma equipe no nível do futebol sul-americano, mas a pouca quantidade de jogos feita nos últimos três anos deixa um alerta. O Peixe terá que ter prudência e sabedoria para tirar o melhor do atleta
Um dos grandes nomes do Cruzeiro bicampeão brasileiro de 2013 e 2014, o meia-atacante paulista foi revelado pelo Santo André em 2009 e logo chamou a atenção do Internacional. No Colorado, ficou uma temporada nos profissionais e foi emprestado ao Goiás, onde se destacou bastante em 2012, e acabou rumando ao Cruzeiro na sequência.
O sucesso na Raposa abriu as portas do milionário futebol chinês. E lá ele foi destaque no Guangzhou Evergrand de 2015 até 2018. Foi tri da liga local e a Super Copa da China três vezes, sem contar os prêmios individuais e o título da Champions League da Ásia, maior conquista do continente.
As lesões começaram a atormentá-lo no final de 2018. Em setembro daquele veio uma grave no joelho direito, o mesmo que atrapalhou o seu desenvolvimento no Palmeiras em abril de 2019. Por mais que tenham sido lesões diferentes, fica difícil não associar a dificuldade na recuperação à mesma origem do problema. Somando as duas cirurgias, foram 11 meses sem entrar em campo.
Não bastasse tudo isso, ainda veio a pandemia, e como a China foi o epicentro da Covid-19, foram mais sete meses de inatividade. O futebol local só voltou em meados de 2020. Emprestado ao Hebei FC, Goulart teve sequência como titular, fez quatro gols e deu quatro assistências. No retorno ao Guangzhou, porém, não conseguiu a mesma rotina. Participou de apenas 13 dos 28 jogos feitos pelo clube em 2021. Em apenas nove foi titular.
- No período mais recente dele, ficou muito nítido como, além da presença gerada na área, consegue acrescentar no último passe. Aciona bem os velocistas em profundidade e serve os centroavantes na área. Ele foi emprestado pelo Guangzhou por uma questão de limite de jogadores naturalizados. Foi uma opção do Fabio Cannavaro, técnico da equipe, e que foi alvo de críticas na China. Fisicamente ele esteve muito bem em 2020. Só esteve abaixo de um goleiro entre todos os jogadores em minutos jogados na fase de classificação da Super Liga. Surpreendeu a muita gente - afirma o jornalista Leonardo Hartung, maior especialista brasileiro em futebol chinês.
O caminho ''China-Brasil'' foi feito por alguns jogadores nas últimas temporadas. Alguns deles com sucesso e outros não. A principal diferença é o calendário. Em média, se joga três vezes mais no futebol brasileiro, tudo isso em um país quente, que tem mais pressão por parte da imprensa e da torcida, e muitas vezes exige em jogos mais intensos.
Por mais que muitos o vejam como um meia, Goulart não é um jogador de articular jogadas longe dos metros finais do campo. Ele precisa estar perto da área ou dentro dela, atacar espaços ali, ocupar setores próximos do gol. Mesmo num momento físico mais oscilante, segue com potencial de balançar as redes e deixar os companheiros na cara do gol. Foram 11 gols e seis assistências nos últimos 35 jogos que fez. Basicamente gera um gol diretamente a cada dois jogos.
A melhor função para Ricardo Goulart é jogar por trás do centroavante, basicamente como um ''ponta-de-lança'' do futebol de décadas atrás. Um ''segundo atacante'', com liberdade de movimentação pelo meio e chegadas na área no momento certo. Pode atuar também como um ''camisa 9'', mas sem ficar tão fixo. Como centroavante, rende circulando nas imediações da área.
O atleta tem histórico de se cuidar bastante e buscar ferramentas até fora dos clubes para aprimorar sua forma física, se livrar das lesões. Certamente vai querer voltar a ter destaque no Brasil, mas essa readaptação precisa ser feita com calma.
Sabe-se que Ricardo Goulart pode ser a referência técnica do Peixe em 2022, principalmente se Marinho sair, mas não há motivo para se precipitar. Planejar bem a temporada para ele é tão determinante quanto o encaixe tático no time.
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