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Coutinho: Corinthians precisa mais de um ''9'' do que o Palmeiras
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A principal discussão do mercado dos rivais paulistanos foi a busca de ambos por um centroavante de qualidade. A temporada de 2021 e o início de 2022 mostram, porém, que a necessidade do Timão é maior. Mas o que explica isso? A forma com que as equipes se organizam para atacar e a capacidade de adaptação de Abel Ferreira e Sylvinho para entender as improvisações.
Com Jô como principal centroavante do elenco, a diretoria do Corinthians sabe que não conta com um nome exatamente confiável para a função. Prestes a completar 35 anos em março, ele passa longe de viver o seu melhor momento físico e técnico. Para completar ainda teve problemas de ordem pessoal na virada do ano.
Desde que voltou ao clube fez 18 gols em 86 jogos, deu sete assistências. Números modestos para o principal atacante de uma equipe. Mas não é só isso. O desempenho em si é muito irregular. Chegou a perder espaço para jogadores de outra posição atuando em sua função, ou para jovens da base.
Renato Augusto, Roger Guedes e Luan foram algumas das opções testadas por Sylvinho nos últimos meses. Todas sem sucesso. Os próprios jogadores já se manifestaram contrariamente à improvisação.
O que dificulta muitas vezes é o sistema utilizado pelo treinador para atacar. Um time mais ''posicional'', com cada jogador ocupando o seu espaço e se mexendo dentro dele é a realidade corintiana.
Não que isso esteja errado no sentido conceitual. Há diversas equipes do mundo atuando bem desta forma, mas quando se trata de um jogador que não é centroavante atuando como ''9'' o tempo inteiro, a tendência é deixá-lo desconfortável. Por isso a necessidade de alguém mais confiável no setor.
O jovem Gustavo Mantuan foi a aposta na estreia do Paulistão, mas repetiu o insucesso de seus companheiros. Deslocado e sem naturalidade para se posicionar e participar do jogo. Gustavo Mosquito é outro do elenco a não possuir tais características, e seria um tremendo desperdício tirar Willian de um dos flancos do campo.
Pensando no atual elenco, talvez a melhor solução seja Giuliano. Não a ideal. Esta continua sendo buscar alguém acessível no mercado. Mas o ex-meia de Inter e Grêmio sabe jogar de costas, tem força física para embates contra os zagueiros rivais e possui experiência para encontrar atalhos. De quebra, ainda abriria espaço de maneira natural para a entrada de Paulinho no time, algo inevitável.
Realidade diferente no Palmeiras
O Verdão sonhou com Alario, o que fez com que a boa contratação de Rafael Navarro não fosse devidamente valorizada. Ficou a sensação de frustração em parte da torcida, que esperava mais agressividade em busca daquela que seria a maior carência da equipe titular.
De fato, pode ser, mas a diferença é a forma que Abel Ferreira encontra para minimizar a questão. Hoje o ''centroavante'' do Palmeiras é Rony! Foi o titular da função na estreia da atual temporada e nos jogos decisivos do final de 2021. Mesmo sendo um ponta de origem e tendo a velocidade como principal característica, consegue se adaptar pelo que Abel pede a ele.
Realiza constantemente diagonais do meio para os lados, atacando espaços em profundidade nas costas dos laterais rivais e abrindo lacunas para as infiltrações de Raphael Veiga, Dudu e Zé Rafael. Depois circula para a região da bola, não fica preso na área.
O Palmeiras também não é um time de longas posses de bola. Define seus ataques com mais velocidade, o que facilita esse funcionamento. Algo diferente do Corinthians.
Nada impede que Rafael Navarro ou Deyverson conquistem a posição e mudem naturalmente a característica do homem mais avançado do Palmeiras. Se isso acontecer, como já ocorreu há meses com Luiz Adriano na função, Abel certamente vai mexer na estrutura coletiva, o que Sylvinho reluta em fazer.
O que é maior? O jogador ou o sistema?
A pergunta acima esquenta o debate em conversas mais profundas sobre o futebol. Há bons treinadores pensando das duas formas e obtendo sucesso com cada uma delas. Saber a exata resposta é difícil, mas o dilema corintiano parece ter origem nisso.
Enquanto Abel Ferreira transforma cenários constantemente em sua equipe para adequar as características dos jogadores a determinadas funções, Sylvinho considera ser mais importante manter o caráter mais ''posicional'' de seu ''camisa 9'', mesmo este, muitas vezes, não sendo um centroavante de ofício.
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