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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Coutinho: Especial Mundial de Clubes - Conheça o Al Jazira

Colunista do UOL

01/02/2022 04h00

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O Mundial de Clubes começa nesta quinta, dia 03 de fevereiro, e diariamente aqui no blog trarei como cada uma das equipes se comporta em campo. Destaques, pontos fracos e fortes, os brasileiros ''perdidos'' pelo Mundo, os treinadores e os esquemas táticos.

O taitiano AS Pirae é o único que ficará de fora, já que é impossível assistir a jogos do time no campeonato local e ter fontes confiáveis de pesquisa. Eles foram convidados para o torneio em substituição ao Auckland City, da Nova Zelândia, que declinou ao convite em virtude das rígidas restrições do país no combate à Covid-19.

O adversário do time do Taiti é o objeto de estudo de hoje. O Al Jazira é o atual campeão dos Emirados Árabes Unidos, país-sede do Mundial mais uma vez. Vamos conhecer tudo sobre a equipe de Abu Dhabi!

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O clube de Abu Dhabi disputará pela segunda vez o Mundial de Clubes
Imagem: Al Jazira Club

História

Fundado em 1974, o clube é presidido pelo Sheikh Hamdan Bin Zayed. O clube mudou sua trajetória desde que ele o comprou nos anos 2000. Anteriormente vivia sendo rebaixado para a Segunda Divisão. Venceu a liga local em 2011, 2017 e 2021, além de ter revelado diversos jogadores para a seleção nacional.

Os técnicos brasileiros Jair Pereira(1983), Abel Braga(2008-2011 e 2015), Caio Junior(2012) e Paulo Bonamigo(2013) já treinaram a equipe. Além do futebol, o clube é formador de atletas olímpicos e possui excelentes instalações. Fica bem no centro do emirado de Abu Dhabi.

Será a segunda vez que disputará o Mundial de Clubes. Ficou em 4º lugar em 2017. Eliminou o Urawa Reds, do Japão, nas quartas de final, e perdeu para o Real Madrid na fase seguinte. Na decisão do 3º lugar acabou goleado pelo Pachuca. O brasileiro Romarinho, ex-Corinthians, fazia parte do elenco naquela ocasião.

Técnico

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Marcel Keizer, técnico do Al Jazira, concede entrevista coletiva
Imagem: Al Jazira Club

O time é comandado pelo holandês Marcel Keizer há três temporadas. Ele tem 53 anos e dirigiu o Sporting(POR) em 2018/2019, além do Ajax em 2017/2018. É a sua segunda passagem no Al Jazira. Iniciou a carreira em clubes menores da Holanda e tem quatro títulos no currículo, dois pelo time português e dois no atual trabalho.

Momento

O Al Jazira faz uma temporada irregular. Atualmente é o 3º colocado

entre 14 equipes na Liga. Venceu a Supertaça e foi eliminado nas quartas de final da Copa do Presidente. Na Taça da Liga, outro torneio eliminatório do país, está nas semifinais e enfrentará o Al Ain em março. O time tem apresentado problemas defensivos.

Outra questão que chamou a atenção recentemente foi o afastamento do atacante Ali Mabkhout, de 31 anos. Ele é um dos principais jogadores da história do clube e membro da seleção nacional. Goleador nato, fez 65 gols em 80 jogos com a camisa dos Emirados Árabes Unidos. É profissional do Al Jazira desde os 17 anos de idade.

Certamente pode ajudar muito sua equipe no Mundial e está na pré-lista enviada pelo clube para o torneio, mas misteriosamente não foi mais relacionado depois do dia 20 de novembro de 2021 e não tem treinado com o grupo principal. Como no país a atuação da imprensa é muito restrita, não há informação concreta sobre ele. Não foi divulgada nenhuma lesão.

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Ali Mabkhout, atacante dos Emirados Árabes Unidos
Imagem: Simon Holmes/Getty Images

Para se ter ideia do tamanho da ausência de Ali Mabkhout, na temporada em que o clube foi campeão, ele fez 25 gols e deu nove assistências em 27 jogos. Mais de um gol gerado diretamente por partida. Especula-se que esteja insatisfeito com críticas sofridas internamente.

Brasileiros e Destaque

O elenco do clube tem dois brasileiros. Os meias-atacantes João Victor Sá e Bruno. O primeiro vem sendo o jogador de maior destaque da equipe nas últimas partidas. Ele tem quatro gols e quatro assistências em 18 jogos nesta temporada, a primeira no Al Jazira. Anteriormente atuou duas temporadas no Wolfsburg e quatro no futebol austríaco.

Victor Sá tem 27 anos saiu do Brasil em 2015, ainda no segundo ano como profissional, quando vestia a camisa do São José dos Campos. Passou pelas bases do Palmeiras e do Primeira Camisa. Joga preferencialmente pelo lado esquerdo. Tem velocidade e qualidade com a bola no pé, ataca a área com eficiência e funciona bem em contra-ataques.

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Victor Sá (Al-Jazira)
Imagem: Divulgação

Já o jovem Bruno não é titular absoluto, mas é um atleta bastante utilizado. Tem apenas 20 anos e está no clube desde 2019. Saiu da base do Novorizontino para o jogar no futebol árabe. Atacante de boa estatura, explosão e intensidade.

Como atua

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Provável equipe titular do Al Jazira no Mundial
Imagem: Rodrigo Coutinho

Com três temporadas sob o comando do mesmo treinador e poucas mudanças no elenco, trata-se de uma equipe entrosada e capaz de se comportar de maneiras diferentes. Certamente buscará se impor com a posse de bola e instalada no campo de ataque na estreia, contra o AS Pirae, mas nas demais partidas deve assumir outra postura.

Na Liga dos Emirados Árabes é assim. Contra equipes mais fortes tecnicamente, assume um caráter mais reativo. Quando possui material humano melhor, fica com a posse. Varia também o esquema tático escolhido. Por vezes joga num 5-4-1, e em outros momentos adota o 4-2-3-1, ambas com particularidades importantes na organização coletiva.

Em fase ofensiva, trabalha bastante pelos lados. Usa movimentos dos meias para o meio, tentando atrair o lateral adversário, e abrir espaço para que os alas recebam em profundidade, principalmente pelo lado direito com o marroquino Rabii. Isso é utilizado no esquema 5-4-1.

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Aqui a estrutura da equipe atacando com três zagueiros. Alas bem projetados, meias flutuando pro centro e abrindo espaço de infiltração pelos flancos. Volantes sempre circulando para receber o primeiro passe na frente da defesa
Imagem: Rodrigo Coutinho

Já quando o 4-2-3-1 é adotado, os pontas se mantêm mais abertos, tentando ''esgarçar'' a defesa rival e liberar espaços de infiltração pelo meio a meias e laterais. É um time que busca trocar passes curtos. Tem dois volantes com bom poder de articulação, mas sofre quando os adversários marcam forte a saída de bola.

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Jogando no 4-2-3-1, os pontas se mantêm abertos, e o meia central flutua nas costas dos volantes rivais. Laterais fazendo a saída de quatro com os zagueiros e os volantes fixos na frente da defesa.
Imagem: Rodrigo Coutinho

Utiliza alguns passes longos como solução. A ideia é achar os atacantes mais rápidos em progressão. O elenco tem alguns. Além de Victor Sá e Bruno, Fawzi, Traoré e Diaby levam perigo desta forma. Falta uma transição defensiva mais forte muitas vezes. Ao perder a bola no campo de ataque demora a reagir.

O time marca por zona, tem sempre a proposta de manter a última linha bem adiantada, mas a ''pressão na bola'' falha com certa constância, o que permite a entrada de passes em profundidade nas costas do lento miolo de zaga.

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5-4-1 no momento defensivo com a última linha bem adiantada
Imagem: Rodrigo Coutinho

Não deverá ter problemas na estreia, mas diante do Al Hilal, nas quartas de final, terá pela frente um time mais qualificado e organizado. Jogar em contra-ataques deve ser a alternativa.