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Coutinho: Especial Mundial de Clubes - Conheça o Al Ahly
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O Al Ahly entra em mais uma disputa de Mundial de Clubes de forma inusitada. Em virtude da loucura do calendário ''pandêmico'', terá de torcer contra a seleção egípcia nesta quinta-feira (3), nas semifinais da Copa Africana de Nações, diante de Camarões, para não entrar em campo desfalcado de metade da equipe. Hoje é dia de mergulhar no time do Cairo.
História
Não há no globo terrestre nenhuma equipe com a mesma dominância do Al Ahly nos aspectos domésticos. É uma espécie de Real Madrid da África. A equipe do Egito venceu a liga local 42 vezes, 35 a Taça, e outras 11 a Supertaça. Possui dez troféus de Liga dos Campeões da África. Uma verdadeira hegemonia!
Tamanha trajetória construída desde 1907, ano de sua fundação, faz com que o Al Ahly ostente uma das maiores torcidas do Mundo. Estima-se que tenha entre 30 e 40 milhões de torcedores espalhados pelo Egito e países vizinhos. Foi o primeiro clube africano a jogar amistosos em solo europeu ainda em 1929 e se transformou numa potência a partir dos anos 80.
Esta será a sétima participação no Mundial de Clubes, só está atrás do Auckland, da Nova Zelândia. O possível confronto com o Palmeiras na semifinal não seria novidade. Na edição passada, venceu o Alviverde na disputa de pênaltis no duelo para definir o 3º lugar. Já encarou Internacional e Corinthians em 2006 e 2012, respectivamente.
Técnico
O sul-africano Pitso Mosimane, de 57 anos, é o treinador dos ''Vermelhos''. Ele chegou ao clube em outubro de 2020 e só foi perder a primeira partida quatro meses depois. Desde então, já venceu duas vezes a Liga dos Campeões da África, uma delas diante do Zamalek, o maior rival do Al Ahly.
O trabalho no Egito é o primeiro de sua carreira longe da África do Sul. Anteriormente, dirigiu o Sundowns por sete temporadas e foi campeão continental pelo clube de Pretória. Passou também pela seleção sul-africana como auxiliar e treinador. Trabalhou na comissão técnica de Joel Santana.
Momento
Em virtude da Copa Africana de Nações, a Liga Egípcia está parada, mas a Taça da Liga, um torneio secundário, está em disputa. O Al Ahly, neste momento, é o lanterna de sua chave, mas não utiliza o time principal nela. Na competição mais importante do país, porém, lidera ao lado do Zamalek com um jogo a menos. Venceu seis dos sete jogos disputados até o momento.
O time titular não joga regularmente por competições desde dezembro, fator que somado ao possível número de desfalques citado no início do texto, pode atrapalhar demais o desempenho no Mundial. As ausências são pesadas. Todos são titulares da equipe, além do zagueiro marroquino Benoun, que está lesionado.
O experiente goleiro El Shenawy, o ala-direito Akram Tawfik, o lateral-esquerdo Ayman Ashraf, os meio-campistas Hamdi Fathi e Al Soleya, e o atacante Mohamed Sherif estão na seleção nacional.
Destaques
O Al Ahly não tem brasileiros em seu elenco. Na realidade, são poucos estrangeiros em comparação a outros times neste Mundial. São seis atletas de outros países africanos. Dois moçambicanos, um malinês, um sul-africano, um tunisiano e um marroquino.
As referências técnicas do time estão na Copa Africana de Nações. Mohamed Sherif é a maior delas. O camisa 10 da equipe tem 27 anos, fez nove jogos na atual temporada e balançou as redes cinco vezes, sem contar as três assistências que deu. É o homem mais avançado dos ''Vermelhos''.
Hamdi Fathi, El Shenawy e Ayman Ashraf integram a espinha dorsal e transmitem muita experiência, além de leitura tática em campo. Do grupo que já está nos Emirados Árabes, podemos destacar o sul-africano Percy Tau. Trabalhou com Mosimane no país de origem e tem mobilidade no ataque, além de faro de gol.
Como atua
O Al Ahly em campo é certeza de entretenimento, e a tendência de termos placares elásticos não é pequena. A equipe é muito agressiva e vertical, mas costuma deixar espaços nas transições defensivas. Em virtude da realidade do momento, é possível que adote uma postura comedida, mesmo não sendo essa a natureza do time africano.
O esquema utilizado sempre é o 3-4-2-1. A particularidade é que, geralmente, não utiliza três zagueiros de ofício na última linha. Se tiver todos os jogadores à disposição, é provável que escale um volante e um lateral-esquerdo de origem no miolo de zaga. A proposta é ter mais qualidade na saída de bola e na circulação da posse quando o oponente recua o bloco de marcação.
Os movimentos em profundidade dos dois meias que atuam por trás do atacante central chamam a atenção também. Isso aumenta o volume de jogadas verticais da equipe. Há uma circulação elaborada para que esse passe em direção ao terço final saia dos pés dos alas, e a proposta principal não é passar muito tempo com a bola antes de finalizar.
Os alas são determinantes para o modelo ofensivo do time. Seja acionando os atacantes com passes em profundidade ou explorando a linha de fundo. Dão amplitude o tempo inteiro e quando a jogada termina no lado contrário, atacam a área para finalizar na segunda trave.
A postura de marcação alterna bastante. Em alguns jogos o bloco sobe para pressionar a saída de bola adversária. Há intensidade nesse ponto, mas falta coordenação entre os setores. Não é raro ver os três homens mais avançados subindo para pressionar em conjunto com os alas, mas lacunas generosas surgindo na última linha defensiva.
Quando o bloco recua, falta mais pegada na abordagem de marcação, o que dificulta para desarmar e produzir contra-ataques. Individualmente os defensores também apresentam problemas de posicionamento e na leitura dos lances de enfrentamento individual.
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