Coutinho: Quais jogadores devem ganhar ou perder com Vitor Pereira no Timão

O Corinthians encontrou uma boa solução para direção da sua equipe. O português Vítor Pereira mostrou em basicamente todos os seus trabalhos, desde o Porto na temporada 2011/2012, ter conceitos bem definidos de montagem nos times. Alguns deles encaixam bem dentro da realidade do atual elenco alvinegro. Já outros precisarão de adaptações ou novos nomes.

É claro que por ter passado por algumas realidades diferentes nos clubes em que dirigiu, precisou alternar o foco de montagem de suas equipes. Uma coisa é treinar o Porto, o Fenerbahçe ou o Shangai SIPG na China. São clubes dominantes dentro de seus territórios. Se espera que tomem a iniciativa de atacar. Outra é comandar o Munique 1860 na 2ª divisão alemã.

O que se espera é que traga ao Corinthians grande parte do que fez nos trabalhos em que buscou protagonismo com a bola. Agressividade e muita gente envolvida nos ataques. Pressões na saída rival no momento defensivo, a busca por transições fortes. Com uma ou outra mexida, é o que podemos aguardar.

Mesmo com lacunas importantes, o elenco corintiano certamente está entre os principais do país. Possui jogadores aptos a decidirem jogos individualmente no cenário sul-americano. Renato Augusto, Paulinho, Roger Guedes e Willian são os melhores exemplos. Fágner, Gil, Giuliano e João Victor são excelentes coadjuvantes. Sem contar a experiência e o equilíbrio de Cássio e Fábio Santos.

Esquema Tático

O mais utilizado no Fenerbahçe, seu último clube, foi o 3-4-3, mas em diversas ocasiões escalava um dos laterais no trio de zaga. Pode também jogar num 4-3-3 ou 4-2-3-1, e trazer um dos volantes para fazer a saída de três para liberar os laterais.

Geralmente Vítor Pereira escolhe o esquema para adequar as características dos jogadores dentro da ocupação de espaços que gosta. E ela tem sempre três homens na primeira linha de construção, independentemente de serem zagueiros de ofício ou não. Dois homens bem espetados pelos lados, um em cada flanco, podendo ser laterais e alas, ou até mesmo um dos pontas. Dois meio-campistas à frente do trio inicial, e mais dois homens por trás de um atacante central.

Encaixe com as características dos atletas

É mais importante se atentar ao que busca com a distribuição das peças em campo do que necessariamente com a escalação e o esquema tático divulgado. Fabio Santos, por exemplo, poderia fazer esse papel de um dos homens do ''trio de zaga''. Assim como Gustavo Mosquito pode ser um dos alas. Não seria novidade esse tipo de improvisação para Vítor Pereira.

É fato consumado, por exemplo, que Renato Augusto será um dos homens da dupla de meio-campistas geralmente utilizada. Tem o perfil de controle que o treinador gosta. Já Paulinho, pode ser escalado até mais adiantado, como um dos dois meias-atacantes por trás do centroavante. Não possui as características que o português costuma usar no setor em que jogaria Renato Augusto.

Pensar num trio com Willian, Paulinho e Roger Guedes mais adiantados não seria nenhum absurdo. Vítor pede mobilidade a esse ''trio de frente'', geralmente um deles tem origem de meio-campista, e os outros dois são atacantes de intensidade nos movimentos. Até mesmo Giuliano pode surgir no setor. Gabriel Pereira é mais um que encaixaria bem na função.

A proposta nesta faixa é se mexer para gerar opções de passe no pé ou em profundidade, além de ter energia para pressionar a saída de bola adversária. Fatores que podem dificultar ainda mais as vidas de Jô e Luan no clube.

Outro jogador que ainda busca afirmação e pode continuar com pouco espaço é o colombiano Cantillo. Vítor Pereira sempre visa equilibrar as valências de seus meio-campistas. Como Renato Augusto dificilmente jogaria em outro setor, a chance de sobrar é grande.

Du Queiroz aparece como opção mais viável neste momento. Tem intensidade e boa técnica, é mais firme defensivamente. Já Xavier também pode ter dificuldades por sua pouca contribuição na construção ofensiva.

Cantillo ganharia espaço no caso da utilização de um tripé no meio-campo e uma linha de quatro na defesa. Neste caso seria puxado para fazer a saída de três entre os zagueiros, e acrescentaria com seus passes longos em profundidade, precedente bastante utilizado pelas equipes de Vítor Pereira.

Quem pode crescer ainda mais é João Victor. Zagueiro de muita velocidade e capacidade de condução de bola, seria escalado da forma que melhor atende as suas características. O técnico português costuma encorajar os seus defensores a arriscar e ajudar constantemente o ataque

Reforços à vista!

Talvez isso não aconteça imediatamente, mas com o tempo Vítor Pereira entenderá que o elenco corintiano tem uma demanda importante. Precisa de atletas mais intensos! Pernas que aguentem o ritmo da temporada brasileira com mais resistência do que ocorreu em 2021. Esta já era uma lacuna apontada por Sylvinho com toda a razão.

O estilo que Vítor Pereira prega em suas equipes é de ritmo alto, controle das ações com e sem a bola. Reações rápidas ao perder e recuperar a posse, abordagem de marcação intensa. Se não acrescentar jogadores capazes de cumprir essa exigência, o Timão poderá ter problemas parecidos com o da temporada passada.