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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Coutinho: Precisamos falar mais de Antony

Colunista do UOL

11/03/2022 04h00

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Um dos jogadores brasileiros com maior grau de evolução nas últimas duas temporadas europeias é o ex-ponta do São Paulo. Antony é titular absoluto do bom time do Ajax e, com 15 jogos a menos em relação à época anterior, já tem números melhores de gols e assistências. Se aproxima cada vez mais de uma vaga cativa na Seleção.

Talvez o fato de estar jogando em uma liga com menos divulgação no Brasil, não gere tanta atenção sobre o seu crescimento. Mas o que faz na atual edição da Champions League, somado a uma observação criteriosa do desempenho apresentado, já deveria ser motivo para exaltações constantes.

São 11 gols e dez assistências em 30 jogos disputados na temporada, boa parte destas participações diretas em tentos do Ajax ocorreram em partidas importantes, como duas vezes diante de Sporting e Borussia Dortmund no complicado Grupo C da principal competição europeia. O rival PSV também foi alvo de sua veia precisa no Campeonato Holandês.

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Os números de Antony e marcas em 2021/2022
Imagem: Fonte: Opta

O curioso é que rapidamente Antony cresceu em algo que pecava bastante quando atuava no Brasil. Tornou-se um jogador mais objetivo e competente nos momentos de definição dos ataques. Isso, aliado à sua velocidade e extrema habilidade com a perna esquerda, tem chamado a atenção de clubes em ligas maiores.

O Ajax já deixou claro que não o libera por menos de 40 milhões de euros, e o Bayern de Munique chegou a manifestar o interesse de compra-lo após as Olimpíadas de Tóquio. O torneio olímpico, aliás, foi uma espécie de mudança de patamar de Antony aos olhos da Seleção.

Foi titular e teve atuações consistentes na campanha do bi. Deu inclusive a assistência para o gol de Malcom na vitória sobre a Espanha, na prorrogação, na grande decisão. Depois disso ganhou a confiança de Tite e não parou mais de ser convocado para a seleção principal. Ainda não iniciou uma partida, mas saiu do banco para o gramado sete vezes, jogou bem, e fez dois gols.

Não há nenhum exagero em dizer que atualmente Antony está na frente de nomes mais badalados na corrida por vaga no grupo que disputará a Copa do Catar em novembro. Prosseguir jogando bem na Champions com o Ajax e obter uma transferência para um centro ainda mais competitivo pode aumentar essa chance.

Joga quase sempre como um atacante pela direita no clube holandês, bem aberto, como um ''ponta posicional'', a mesma função que Tite utiliza neste setor na Seleção. Hoje Raphinha é o titular, mas Antony tem sido uma sombra e tanto.

Por ali tem a condição de receber de frente e tentar o enfrentamento individual com sua calibrada perna esquerda. Dribla na direção da área ou do fundo. Muda rapidamente de direção, tenta tabelas com os meias e o centroavante, bate em gol, serve os companheiros com o último passe.

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Antony dá caneta em Julian Weigl em jogo entre Ajax e Benfica pela Liga dos Campeões
Imagem: ANP via Getty Images

Antony é mais um exemplo que põe por água abaixo a falácia de que não há dribladores na Seleção. Ele, Vinícius Junior, Raphinha, Neymar e Lucas Paquetá são apenas alguns que podem estar no Catar. E com 22 anos ainda tem muito a evoluir.