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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como Rafinha recuperou o bom futebol e virou líder no São Paulo

Colunista do UOL

30/03/2022 04h00

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No dia 20 de dezembro o Tricolor anunciou a contratação de Rafinha como reforço. Certamente muitos desconfiaram naquele momento. O lateral fez um péssimo ano no Grêmio, e a breve passagem pelo Olympiakos em 2020, o distanciava ainda mais da ótima performance com a camisa do Flamengo. Os narizes torcidos eram naturais. A história que tem escrito em São Paulo, porém, é bem diferente da que deixou em Porto Alegre.

Explicar o ótimo início de Rafinha no Morumbi passa por diferentes aspectos. O primeiro deles é a parte técnica. Mesmo estando bem abaixo no Grêmio, teve espasmos em alguns jogos. O camisa 13 está muito a frente de Igor Vinícius e Orejuela na relação com a bola. Só para citar os dois jogadores que mais ocuparam o setor em 2021.

Iniciando uma temporada do zero, com programação específica de treinamentos, planejamento físico para evitar a sobrecarga com jogos em sequência e livre de lesões, certamente está dentro daquilo que é suficiente para render. Até aqui participou de 11 dos 16 jogos do São Paulo no ano, dez como titular.

Outra lacuna ocupada por Rafinha no elenco tricolor foi a liderança. Por onde passou teve grande ascendência sobre os demais jogadores. Pep Guardiola citou isso em um de seus livros. Principalmente para os jovens do elenco, Rafinha é uma figura positiva. É mais comunicativo e assertivo que os demais líderes do elenco do São Paulo.

02 - Paulo Pinto/São Paulo FC - Paulo Pinto/São Paulo FC
Rafinha, jogador do São Paulo
Imagem: Paulo Pinto/São Paulo FC

Com a cabeça voltada para recuperar o status de jogador importante no cenário nacional, certamente deixou de lado temas que não fossem agregar no dia a dia do clube. Se seguir desta forma, pode dar prosseguimento ao que iniciou.

E por último, mas não menos importante, a parte tática. Ceni entendeu que Rafinha não consegue mais o mesmo desempenho físico de outrora, e reduziu o espaço que precisa ocupar em campo.

Em comparação ao lateral-esquerdo da equipe, Reinaldo ou Welington, o atleta sobe muito menos ao ataque. Participa na maior parte do tempo por trás da linha da bola, como um articulador.

De quebra, o camisa 13 tem uma de suas principais virtudes aproveitada: a qualidade no passe e a capacidade de entendimento do ritmo que deve dar às jogadas. Ganhou isso com a experiência, e auxilia diretamente a dupla de zaga na saída de bola. Forma constantemente uma saída ''3 +1'' com os defensores e Pablo Maia logo à frente.

Rafinha - Rodrigo Coutinho - Rodrigo Coutinho
Exemplificação da saída de bola com Rafinha mais perto dos zagueiros em relação ao lateral-esquerdo
Imagem: Rodrigo Coutinho

Conta com o meia pelo lado direito um pouco mais fixo em relação ao outro lado, e aí pode se soltar de forma gradativa no campo de ataque. À medida que o São Paulo mantém a bola no território rival, avança aberto ou pelo meio, de acordo com a opção de jogada que se apresenta, mas sem a obrigatoriedade de dar amplitude ao time em seu setor.

A primeira final do Paulistão diante do Palmeiras é mais uma das oportunidades de enfrentamento em alto nível que Rafinha terá para mostrar que voltou a ser o lateral diferenciado. Até aqui ele tem ido muito bem!