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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O detalhe tático que ajudou a definir o 'SanSão'

Colunista do UOL

02/05/2022 21h59

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No ponto de vista tático, a vitória do São Paulo sobre o Santos por 2x1 na noite desta segunda-feira, no Morumbi, teve uma cara ''retrô''. Há alguns anos não víamos duas equipes se enfrentarem num 4-4-2 em losango no meio, esquema que era muito comum no final da década de 1990 e início dos anos 2000. O Tricolor apresentou mais capacidade de adaptação diante das demandas do futebol atual.

Expulso diante do Bragantino na última rodada, Rogério Ceni não pôde comandar a equipe na beira do gramado, mas promoveu algumas mexidas. Arboleda, Patrick e Andres Colorado ganharam chance. Léo, Alisson e Pablo Maia começaram no banco. Gabriel Sara está machucado. No Santos, Fabian Bustos teve o desfalque de Ângelo. Felipe Jonatan jogou no meio.

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Como São Paulo e Santos iniciaram o clássico válido pela 4ª rodada do Brasileirão no Morumbi
Imagem: Rodrigo Coutinho

A diferença que acabou sendo convertida no placar veio no momento defensivo. Enquanto o São Paulo recompunha com uma linha de quatro, formada com o recuo de Rodrigo Nestor ao lado de Colorado. O Santos mantinha o desenho de losango. Com isso, Rodrigo Fernandez, Zanocelo e Felipe Jonatan precisavam flutuar para o lado da bola e dobrar a marcação pelos flancos. Faziam isso de forma lenta. Jhojan Julio seguia centralizado à frente deles no momento defensivo.

O problema ficou bem visível no lance do gol tricolor. Madson correu para a área preocupado em proteger o cruzamento e não houve a ''dobra'' de marcação a tempo por parte de Zanocelo. Patrick cruzou na segunda trave e Calleri subiu entre Velázquez e Lucas Pires para marcar de cabeça aos nove minutos.

O Santos tentava ser agressivo com a bola, mas se mexia pouco e de forma desordenada. Não conseguia criar as linhas de passe para progredir no campo e iludir a marcação dos donos da casa. O ímpeto, porém, somado ao recuo excessivo do São Paulo, fazia com que o alvinegro circulasse a área perigosamente em alguns momentos. Maicon e Marcos Leonardo cobraram boas faltas da intermediária.

Léo Baptistão também finalizou por cima após saída ruim de Jandrei em cruzamento de Lucas Pires. Esse mesmo cenário voltaria a se repetir nos acréscimos. O atacante protagonizou boa jogada em cima de Welington e cruzou rasteiro. Jandrei afastou mal e Marcos Leonardo marcou de carrinho.

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São Paulo x Santos: Marcos Leonardo comemora seu gol no clássico
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Resultado parcial para deixar muito irritada a torcida anfitriã. Todas as vezes em que o São Paulo manipulou a bola de forma detalhada no campo rival, conseguiu produzir. A movimentação ofensiva era mais bem trabalhada e intensa em relação à santista. Igor Gomes tomava boas decisões da direita para o centro. Rodrigo Nestor infiltrava, Patrick ganhava duelos, Eder e mexia bem, Calleri se impunha na área, e os laterais passavam com desenvoltura.

Faltou mais frequência para transformar o cenário favorável em gols. Patrick quase marcou de cabeça aos 36', e Calleri finalizou mal uma bola bem ajeitada por Igor Gomes logo depois. No intervalo, Patrick, mesmo bem em campo, foi sacado para a entrada de Alisson. O camisa 12 aumentou ainda mais a mobilidade da equipe e participou de dois lances perigosos antes dos dez minutos. No primeiro, chutou forte para a defesa de João Paulo. No segundo, cruzou na boca do gol e Calleri quase marcou.

Era um Tricolor novamente mais presente no ataque, fazendo jus ao seu melhor funcionamento em relação ao Peixe, mas o que acabava gerando espaços para contra-ataques rivais. Madson puxou um deles pela direita aos dez minutos e cruzou rasteiro na área. Por muito pouco Léo Baptistão não desviou para virar o jogo. Rodrigo Fernandez foi outro a finalizar com perigo logo depois.

Fabian Bustos resolveu mexer na estrutura da equipe. Sacou Felipe Jonatan e Jhojan Julio. Lucas Braga e Willian Maranhão entraram. Maranhão e Fernandez passaram a formar uma dupla de volantes. Zanocelo e Lucas Braga ocuparam os lados. O São Paulo respondeu com as entradas de Marquinhos e Luciano. Colorado e Eder saíram. Igor Gomes foi recuado. Um time ainda mais ofensivo.

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As equipes depois das mexidas feitas no 2º tempo
Imagem: Rodrigo Coutinho

O São Paulo seguiu mais presente no ataque. Alisson e Marquinhos eram bastante acionados pelos flancos. O primeiro foi o mais perigoso e conseguiu um pênalti aos 31'. Recebeu em profundidade pela direita e cruzou na área. A bola bateu no braço de Rodrigo Fernandez. Luciano bateu muito bem e marcou. O lance gerou muita reclamação por parte do Santos, que reclamou da origem da possível inversão de um lateral marcado a favor do time da casa.

Ricardo Goulart e Angulo ainda entraram no Santos. Pablo Maia voltou a fortalecer o meio-campo do São Paulo, que suportou uma pequena pressão adversária nos minutos finais, trocou passes até a torcida gritar ''olé'', e confirmou sua superioridade com a vitória.